quarta-feira, 2 de novembro de 2011

GALOPANDO A CRISE

.GALOPANDO A CRISE
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de novembro de 2011

Foram tantas as notícias valorizando o mal do ex-presidente Lula, que a imprensa esqueceu a importante viagem da presidenta Dilma a Europa. Vistos com olhares esquerdos, antes, os emergentes agora são olhados como alavancas para a salvação da crise mundial. As lições que outrora marcaram o rigoroso e odiado FMI sobre os países em desenvolvimento, voltam os bicos dos frascos para suas próprias bocas. Em todos os momentos cabem provérbios nordestinos, porque eles foram formulados na sabedoria popular através da vida em todos os aspectos. Portanto, bem podemos dizer sobre a crise europeia que arrasta a asa para o globo: “Na casa que falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Seja nordestino ou não seja o ditado revela uma verdade. E se o amigo já viu um tiroteio em feira-livre do interior, pode imaginar a correria nervosa das lideranças europeias, nesse momento de aflição. Temos o sistema de compra e venda como bois possantes rebocando o carro. Colocaram carga demais na mesa de craibeira ou esqueceu-se de dá comida aos bois. Coitado do carreiro!
Ontem, quarta-feira, em pleno dia de finados, Dilma iria se reunir com o seu colega chinês, Hu Jintao. E a velha Cannes, tão badalada cidade francesa dos tempos dos grandes festivais de cinema, vai saindo do mundo da fantasia para oferecer lugar ao encontro político concreto de Dilma e Hu Jintao. Um parceiro diferente, uma situação inusitada, fruto das diversificações necessárias do mercado. A 6ª Cúpula do G20, não nos parece uma das folgadas reuniões de um passado não tão distante assim. A amiga já brincou de pular corda? É uma brincadeira de adolescente que se inicia com suavidade até que chega a ordem do chamado pinga-fogo. É nesse momento crucial que se testa a habilidade de quem pula. Pois essa tal cúpula do G20, nos parece um teste desafiador de pinga-fogo. Ali estarão às vinte maiores economias do mundo, discutindo como puxar a carne do fogo sem queimar os dedos. Será que estarão por ali, os fiéis escudeiros Guido Mantega e o também competente Antonio Patriota? O certo é que todo mundo espera muito de todo mundo. Quando encerrar o espetáculo francês, veremos se tem carne na cuia da farinha.
A agenda do encontro do G20, em Cannes, tem início oficialmente nesta quinta. Haverá cerimônia, almoço, jantar, sessões de trabalho e muitas “coceiras” pelas laterais. Com certeza é o assunto da crise que dominará a cúpula. A pimenta de Cannes deverá arder muito mais do que a malagueta da Bahia. Enquanto isso, melhor rezar para os mortos, tomar o nosso banho de mar e contemplar o horizonte. Para quem preferir, é somente colocar as esporas, montar e sair GALOPANDO A CRISE.


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terça-feira, 1 de novembro de 2011

FUMAÇA DA CRISE

FUMAÇA DA CRISE
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2011

Não deixa de ser uma grande humilhação imposta ao povo grego, essa crise que gargalha a dentes escancarados. Para quem já está com a mão no prêmio, mas escorrega no pau de sebo, tremenda frustração penetra pelo umbigo. Esse mundo simples, tornado complexo pelo homem, vai mostrando suas insatisfações como pedrinhas furando, entre a sela e o cavalo da economia. Tontos ficaram os mercados com o anúncio do primeiro-ministro da Grécia. Não querendo tomar a responsabilidade da crise grega, sozinho, o homem resolveu colher a opinião do seu povo. É como perguntar a quem estar apanhando, se estar doendo. Todos estão com medo da resposta do povo, de um calote da Grécia, de um agravamento no chamado nó cego que ninguém sabe ao certo quem diabo aprontou. Quem vive na Grécia com certeza não se sente seguro, temendo pelo seu emprego, pelo presente da sua família e pelo futuro do país. Além das humilhações a que foi submetida até agora, essa nação ainda convive com o fantasma da exclusão do bloco da UE. É muita coisa para um país só.
O pior de tudo para uma Europa rica e aparentemente sólida ─ furada como uma bola por um prego traiçoeiro ─ é o tal efeito dominó que se avizinha. Excluir a Grécia da “zona do euro”, vai adiantar alguma coisa? E se mais outro candidato a Grécia aparecer? E mais outro? E outro mais? De fato, o mundo está de boca aberta, cabelos espetados e bolsas comprando velas. Nem seria surpresa se aqueles humoristas de televisão, convocassem os antigos deuses da mitologia local para uma solução rápida desse problema moderno: Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, Ártemis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dioníso; pelo menos para ajudar o primeiro-ministro Georges Papandreou. A coisa não está ruim somente na Grécia. Todos temem a nuvem preta que vai encorpando a negritude. China e Estados Unidos não vão bem, refletindo forte no todo por serem as duas maiores economias globais. Quando bate o desemprego, bate o descontentamento que forma as rebeliões localizadas e correm como rastilhos de pólvora. As convulsões das sociedades trazem, quase sempre, desastres de grandes proporções.
Chegamos ao dia de finados com a economia mundial combalida, procurando um remédio pronto para uma beberagem urgente. O medo é que ainda não tenha sido fabricada a poção milagrosa que salvará a todos. Torcer a favor da crise europeia é torcer também contra nós mesmos, pois o mundo não tem cercas nem porteiras. Mesmo quem está distante do epicentro, avista com certa facilidade nos céus clarividentes, a sinuosa e dançante FUMAÇA DA CRISE.







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