terça-feira, 10 de janeiro de 2012

IPANEMA, UM RIO MACHO

IPANEMA, UM RIO MACHO
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2012

    Por uma questão de bem informar aos nossos leitores: mesmo não tendo sido lançado oficialmente, deve estar circulando na praça cerca de duas centenas do livro “Ipanema um rio macho”. Esse paradidático da nossa autoria é um documento sobre o rio Ipanema, jamais publicado e interessa de perto a cidades como Santana do Ipanema, Poço das Trincheiras, Batalha, Olivença e Belo Monte, principalmente. A primeira parte fala sobre a Geografia do rio em Pernambuco e Alagoas, quando o Ipanema é completamente dividido em trechos descritivos, das nascentes à foz, com destaque para a Natureza. A segunda parte fala da parte social, de tudo que o rio representou para a formação dessas cidades. A terceira parte é um interessante e inédito diário de viagem de Santana do Ipanema à Barra do Ipanema, município de Belo Monte, feita a pé através do leito seco do rio. Depois, outra viagem desde a serra do Ororubá, em Pesqueira, Pernambuco, até Santana do Ipanema, nas mesmas condições.  Os personagens dessas incursões foram além do autor, o comerciante Benedito Pacífico, Wellington Costa, radialista, e o, então, estudante João Soares (Quem-Quem). Encerramos o livro com uma peça teatral: “Sebo nas canelas, Lampião vem aí”. Excelente para universitários, professores, estudantes em geral, sociólogos, geógrafos, e todos os interessados pelo mais importante acidente do Sertão alagoano.
          A capa do “Ipanema um rio macho”, ficou a cargo do artista plástico Roberval Ribeiro. Uma situação inédita levou o livro a essa circulação antecipada por parte da editora. Recuperando-se, porém, de uma situação cirúrgica, prometemos para breve um lançamento oficial à altura para dialogarmos de perto com o nosso eleitor exigente e caro. Alguns dias mais e o “Ipanema” estará em convite e cartazes nos pontos de Santana, nas cidades citadas e nos portais importantes do estado, quando mais algumas centenas de exemplares passarão às mãos de estudantes e outros interessados que comparecerem ao lançamento. Relíquia passará a ser, sem dúvida alguma o documentário máximo sobre o rio Ipanema. Mesmo que você já tenha adquirido um exemplar, fazemos questão da sua importantíssima presença no dia do lançamento que será amplamente anunciado. Aguarde convite ou novo convite. Gostaríamos também de lançá-lo na sua repartição, particularmente se você se propuser.
          Se não viu, logo verá IPANEMA, UM RIO MACHO.


Obs. O livro em parceria com o professor Marcelo Fausto, “Lampião em Alagoas”, já está sendo lapidado e conta com cerca de 220 páginas. Alagoas e o Nordeste vão ficar de queixo caído!



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O TERNO E A GRAVATA

O TERNO E A GRAVATA
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2012

Viveu em Santana do Ipanema, Alagoas, o cidadão José Ricardo. Morava em uma casa confortável, seis prédios à esquerda da residência de meus pais, à Rua Antonio Tavares. Apesar do acesso ao quintal ser muito alto e repleto de degraus, era divina a paisagem que se deslumbrava em direção ao rio Ipanema, tendo como pano de fundo os serrotes do Gonçalinho, Cruzeiro e a serra Aguda. Ricardo era um homem de bem, como ainda hoje é a sua respeitável família. Foi comerciante com excelente sorveteria no cruzamento da Rua Nova com a Avenida Coronel Lucena. Apesar de ser honesto e respeitado, o comerciante era introspectivo e duro, vivendo mergulhado no seu mundo austero e particular. De vez em quando este garoto passava pela esquina da sorveteria para se deliciar com os picolés do senhor José Ricardo. Levado pelas circunstâncias da época, eis que um dia o senhor José foi nomeado delegado civil daquela belíssima cidade sertaneja. A princípio, tudo normal, como acontecia com as indicações para o espinhoso cargo.
          Não tenho certeza se era tempo de inverno, mas o poço dos Homens, o mais famoso do rio Ipanema, no trecho, estava altamente convidativo para os banhos prolongados e prazerosos por trás das casas comerciais. Algumas mulheres moradoras das imediações desciam como lavadeiras para a parte mais larga do poço. Assim, tudo indica que chegou uma queixa à delegacia sobre excesso de alguns banhistas. José Ricardo tomou logo atitude radical, enviando alguns soldados ao poço dos Homens, que falaram à semelhança do decreto do rei. Estava terminantemente proibido o banho de calção no rio Ipanema, primordialmente no Poço, pelas ordens inexoráveis do delegado civil José Ricardo. Abismados com aquela novidade na terra de Senhora Santa Ana, os jovens reagiram de forma humorística e também inusitada como a ordem do homem. Todos voltaram a casa, vestiram terno e gravata e, coletivamente, desceram para mergulhos a rigor nas águas barrentas do poço dos Homens.
          Eu não estava no meio, mas lembro muito bem que o riso e os comentários espirituosos preencheram as ruas de Santana. Não se comentava outra coisa.
          Os anos se passaram e eu fui observando as nuanças da vida. Acho que o leitor também. Não raras vezes estamos em nosso pleno direito, gozando a parte boa da existência, quando subitamente surgem no presente os antigos soldados de José Ricardo! Para não sermos surpreendidos apenas de calção, tenhamos sempre ao alcance os paladinos dos banhistas: O TERNO E A GRAVATA.





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