sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

SERTÃO VELHO DE GUERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de fevereiro de 2012

          Tenho dentro dessa trincheira de letras, muito lutado pelo Sertão alagoano. Os escritores santanenses saíram cedo da terrinha. Logo que publiquei meu primeiro trabalho, romance “Ribeira do Panema”, não parei mais de berrar feito bode na caatinga em busca de socorro para o nosso semiárido. Sozinho e Deus nessa trincheira, durante várias décadas, lutando, notadamente, contra o ciúme doentio de quem muitas coisas podem barrar e podem elevar. Felizmente chegou a Internet, sistemas que abriu às portas para grandes oportunidades dos que antes tinham os seus trabalhos cerceados. Hoje ninguém mais pode colocar pedra no seu caminho, pois o desvio pela web é imediato. E aqueles que sempre nos queriam ver com mãos atadas, contemplam fungando no próprio “cangote” o vôo sereno do urubu ou a rapidez voraz do gavião. Agora novos talentos são revelados escrevendo aqui, acolá, jogando as peias da timidez no lixo da estrada. Uns têm fôlego curto, outros conseguem prosseguir com certa regularidade, procurando ir mais longe aos seus escritos. Para eles e para nós, a Internet veio como dádiva e os antigos senhores do cabresto não tiveram mais como encabrestar ninguém. Às vezes vem uma vontade medonha de mostrar a prova dos nove. Matar a cobra e mostrar o pau e a serpente. Citar nomes dos poderosos, seus feitos e suas covardias que ainda hoje fazem doer. Entretanto, “para frente é que se anda”, diz o nosso caboclo alagoano.
          Eu não queria entrar na vereda perdida que não leva a lugar nenhum.  Mas, como disse em trabalho pretérito, iniciamos um artigo com um rumo previamente traçado, quando alguma coisa que não sabemos explicar vai desviando as rédeas do nosso objetivo. Estava no quadro-negro, verde ou branco, a peça em cartaz sobre a palma forrageira, desenvolvida para resistir à cochonilha, uma vez que a nossa palma forrageira possui história internacional e sertaneja de alto e incalculável valor. Entretanto, muitas vezes o burro empanca na encruzilhada e não tem pancada na cabeça que sirva. O cavaleiro, aborrecido, parte em novo rumo sem querer. Ninguém, ninguém mesmo quer ser saco de pancadas nem depósito inútil de guardar mágoas. Porém, bem que diz o cantador repentista: Tudo passa na vida, tudo passa/ mas nem tudo que passa a gente esquece.
          Esse traçado de hoje nem precisava ter saído. Como dizia os poetas sobre inspiração, vamos aguardar a pacificidade de Minerva que a deusa nessa sexta-feira não se encontra nos aposentos do Olimpo. Pelo menos vamos deixar baixar a poeira nessa estrada desse SERTÃO VELHO DE GUERRA.


















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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O BICHO COME

O BICHO COME
Clerisvaldo B Chagas, 23 de fevereiro de 2012

Diz um ditado que “em tempo de murici, cada um cuida de si”. Outra sabedoria popular afirma que “não há quem não cuspa para cima que não lhe caía na cara”. Contemplando a luneta do Oriente Médio, a situação de Israel não pode causar inveja a ninguém. É certo que venceu uma guerra contra vários países vizinhos, em apenas seis dias, ações que deixaram orgulhosos os filhos israelitas e o aliado, da América do Norte. Sendo a única nação desenvolvida da Ásia Seca, Israel continua brigando com a vizinhança que pratica religião diferente da sua. Está cercado de inimigos por todos os lados, continuando sua história bíblica do tempo dos filisteus. Contando sempre com os Estados Unidos, seus aliados na região, Israel parece angustiado com a evolução vizinha e suas novas tecnologias. Os judeus têm intrigas com todos. Mesmo assim, diante da evolução inimiga com possíveis novas alianças, os judeus continuam provocando sem querer devolver as terras conquistadas na guerra dos seis dias. Além disso, fala em paz, mas não quer parar de construir casas para colonos do seu povo nas terras alheias confiscadas. Até a nação americana mesmo, não aconselha esse perigoso desafio provocativo, porém, Israel continua insistindo.
         Mais à frente, na questão do Irã, tem uma vontade danada de invadir logo aquele território, mas sabe perfeitamente que o Irã desenvolveu novas e poderosas armas, não sendo tão fácil uma invasão convencional. Por outro lado ainda tem dúvidas se irá receber o apoio maciço do antigo aliado da América. Apesar dos percalços, continua provocando os palestinos com suas construções. O Irã ameaça melhorar seu padrão bélico para riscar do mapa o país judeu. A agonia israelita transborda e ele sabe que não pode mais esperar pelo desenvolvimento iraniano com suas intenções anunciadas. No caso palestino, Israel cospe para cima. Na situação do Irã vive tempo de murici; não pode ficar esperando por americanos.  Na sua análise, uma guerra convencional contra o Irã não resolveria. A solução única é um ataque nuclear para riscar de vez os iranianos da face da terra, assim como Estados Unidos fizeram com Hiroshima. A resposta poderia ser uma reação em cadeia dos parceiros iranianos, inclusive dos dois gigantes asiáticos. Daí para um fim de mundo faltaria pouco. Ninguém se espante com a notícia nuclear em qualquer uma dessas próximas madrugadas.  E como disse nosso amigo cientista, João Tertuliano, o calendário maia continua de pé.
        Pelo visto, Israel agindo sempre como Davi contra as presepadas de Saul, coloca os pés pelas mãos e passa a imitar o próprio Saul. As mesmas brigas do começo são as do meio e, tudo marcha também para as do final dos tempos. A coisa está feia, amigo, dramática, horrível mesmo! Nenhum país gostaria de estar na pele de Israel com seu dilema imediatíssimo, perigoso e sem escape que faz lembrar as afirmações nordestinas brasileiras: “Se ficar o bicho pega, se correr O BICHO COME”.

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