terça-feira, 13 de março de 2012

PARAIBANO

PARAIBANO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2012.

 NOITE DE CULTURA: DIA 23, ÀS 20h:30min – LANÇAMENTO DO LIVRO “IPANEMA UM RIO MACHO”, NA Câmara Municipal - Vá conversar com o autor.

 O homem foi mordido pela cobra cascavel
              ─ Leve-o para Antonio Paraibano.
               A menina está com uma ferida estranha na pele.
               ─ Leve-a para Antonio Paraibano.
               O neném está com olhado.
               ─ Leve-o para Antonio Paraibano.
             A frequência do nome do rezador, curador ou curandeiro, aos poucos foi enfraquecendo. O senhor Antonio Paraibano, cabelos branquinhos, já não sabe mais das coisas nos seus mais de 98 anos de existência. Aposentado do DNER, não conhece mais as pessoas e vive sob os cuidados de uma filha, bem pertinho da repartição onde por tanto tempo trabalhou. Se tivesse ficado registrada cada uma das suas curas, o todo não caberia em um livro comum. Deus passou para vários escolhidos da terra o dom e o poder de curar de algumas doenças. O curador não cura de todos os males. Cada rezador tem suas áreas específicas de atuações. Existe um ferida provocada pela aranha que os médicos não entendiam e nem curavam. Antonio Paraibano descobria a causa e curava com reza, na hora. A mordida da serpente mais venenosa perdia o efeito caso o animal ou pessoa fosse socorrida a tempo pelo Paraibano. Os fazendeiros contratavam o mestre para expulsar as cobras das fazendas e ele ainda perguntava por onde queria que elas saíssem.  Quanto ciúme os curadores causaram à medicina!
          Certa feita vi uma pessoa encaroçada dos pés à cabeça e os pais desesperados sem saber o que fizessem. Muitos médicos apanharam da doença. A doutora Vera que atuou muito tempo em Santana e hoje se acha em Maceió, chamada para o caso, descobriu que era uma alergia causada por mosquitos de bananeiras. Descobertas as bananeiras em alguns quintais das imediações, foram eliminadas e, a doença teve fim. Essa foi uma vitória médica. Outra pessoa com verrugas da cabeça aos pés gastava o dinheiro dos pais com médicos de vários municípios e remédios de farmácia e o mal somente aumentando. No último grau do aperreio familiar, Deus enviou um morador da fazenda do famoso advogado Aderval Tenório (já falecido). O humilde cidadão, ao passar para a feira, viu a pessoa repleta de verrugas e se ofereceu para curá-la. Morava esse cidadão no local Riacho do Bode, periferia de Santana do Ipanema. Dentro de uma semana, as verrugas começaram a cair até a pele da vítima ficar completamente sã. O rezador rezava a uma distância de dois a três quilômetros de distância e só voltou a aparecer quando o cliente estava completamente são. Eu vi.
          Os famosos rezadores vão desaparecendo: dona Mocinha morreu. Dona Lica morreu. Dona Maria, da Floresta, morreu. Seu Roberto ainda reza e ultimamente muito me serviu. E voltando para o mesmo polo, infelizmente ninguém pode contar mais com o nonagenário, quase centenário dos cabelinhos grisalhos, mestre Antonio PARAIBANO.








 





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segunda-feira, 12 de março de 2012

ACORRENTADOS

                           ACORRENTADOS

             Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2012

 Lançamento do livro “Ipanema um rio macho”, dia 23 na câmara Municipal   COMPAREÇA.

Estamos acorrentados
Às coisas de Santana
Nas avenidas
Nos finais de semana
Nas broas
Nas buchadas
Nas pingas boas
Acorrentados
Às morenas do Ipanema
Na vaquejada
E loas
No galope do preá
Nas missas da Matriz
Nas pedras do Lajeiro Grande
Estamos sim
Acorrentados
No serrote do Cruzeiro
Nas trilhas do rio
Nos riachos secos
Do Sol em poderio
Nas tardes longas
Brilhando na serra Aguda
Estamos acorrentados
Aos espinhos roliços
Dos mandacarus
E ao céu azul
E à Natureza crestada
Que espelha nos metais
Dessas correntes fortes
Que prendem os verdadeiros filhos
No âmago da terra ressequida
Machucada
Dilacerada
Porém
Amiga...
E mãe.

* do livro inédito "Colibris do Camoxinga" ; poesia selvagem.









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