domingo, 12 de agosto de 2012

QUESTÃO DE PULSO


QUESTÃO DE PULSO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de agosto de 2012.
Crônica Nº 840

Vôlei brasileiro feminino em êxtase. (Fonte: SMN).
Verdadeiro espetáculo foi dirigido pela TV Record com a final do Vôlei Brasil e Estados Unidos. Uma cobertura da mesma qualidade da Seleção Feminina, em vibração e imagens. Que desabafo extraordinário o das meninas do Vôlei! Depois de inúmeros dias longe de casa, sofrendo pressão fora e dentro das quadras, bem que não poderia ser de outro jeito. Uma emoção que saltou em muito o protocolo britânico comedido. E se o amarelo é cor natural da alegria, passou a ser também a da euforia vitoriosa quando encheu os olhos da plateia em expectativa. Se nós não vivenciamos pessoalmente um momento único de campeão olímpico, fomos contagiados pelas nossas atletas. As brincadeiras após a vitória procuravam espantar os fantasmas últimos que puxavam para baixo. Disseram muito nos comentários sobre técnico não ganhar medalha. Não é nada fácil burilar um grupo de atletas, primordialmente, do sexo oposto, até conduzi-lo ao pódio. É preciso muitos nervos, como nervos até demais, tem e teve Zé Roberto com marreta à mão quebrando lajeiros até o cume. Além da calma necessária, uma rara educação mostrada na tela e a conquista inédita, faz o técnico brasileiro ganhar uma simpatia impar.
O murro estonteante que recebemos no futebol foi muito duro e desmoralizador não resta dúvidas. Felizmente, para nos levantar da estrondosa queda, as meninas da quadra, puxaram pelos nossos braços. Bem que o Esquiva também poderia ter trazido o ouro para o Brasil. Em nossa modesta opinião, foi prejudicado pelos árbitros, porém, teve sua parcela de culpa, pois dava a impressão de que lutava com mais medo de perder do que a vontade de ganhar. Como se diz aqui pelo nosso Nordeste era meter a mão logo no pé do ouvido do japonês e pronto. Não se tornou agressivo, foi muito mole, fique com a prata mesmo. Estamos falando da tarde do sábado quando dividimos o amargo das derrotas e o prazer da vitória nas Olimpíadas. Tantas modalidades apresentadas e tanta repetição de frase: “O brasileiro (a brasileira) está fora”. É justamente na hora das competições, quando surgem os defeitos da política voltada para o esporte brasileiro. Ficamos como verdadeiros Sacis, pulando ao lado de corredores de duas pernas.
No futebol, para onde partir? A desconfiança do povo no técnico vem há muito. Mas, se perdemos na primeira opção do Brasil, ganhamos na segunda. Perde-se no futebol, se ganha no vôlei. À tarde do sábado não estava para canelas, mas, com toda estabilidade, era somente uma QUESTÃO DE PULSO.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/08/questao-de-pulso.html

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O SÁBIO DA CANOA


O SÁBIO DA CANOA
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2012.
Crônica Nº 839

Canoa. (Fonte: Luís Nassif. On line).
É conhecida a história do sábio da canoa e bem provável que o leitor a conheça com outros ingredientes. Faz parte de narrativas que se perdem de livros ou de criações orais contadas vez em quando. Certo dia surgiu um sujeito todo engomado e duro como cabo de vassoura, às margens do rio São Francisco. Um canoeiro aproximou-se e indagou se queria atravessar. A resposta foi positiva. Depois de acertarem o preço, o passageiro, vestindo terno branco e chapéu panamá, colocou seus apetrechos na embarcação e acomodou-se na travessa. O canoeiro começou a remar e a canoinha singrava as águas que era uma beleza! De repente o ilustre passageiro começou a perguntar ao pescador mal vestido e analfabeto, se ele sabia falar francês. O remador respondeu negativamente. O sábio então lhe disse: “O senhor perdeu 10% de sua vida”. Canoeiro calado, o sábio pernóstico indagou se ele dominava o idioma inglês. Nova resposta negativa, novo prognóstico: “O senhor já perdeu 20% da sua vida”. Naturalmente o pescador não estava gostando daquele diálogo e começou a detestar o passageiro. Quando o sábio indagou pela terceira vez, com a mesma explicação, formou-se uma tempestade que chegou rápido até o pequeno e frágil veículo. O canoeiro, então, perguntou por sua vez se o intelectual sabia nadar. Como a resposta foi negativa, o pescador disse para o engomado: “Pois o senhor acaba de perder a vida toda”, abandonou a canoa e saiu nadando.
Muita coisa já foi feita em benefício do nosso País. Nós brasileiros, continuamos, entretanto, insatisfeitos, com as péssimas administrações dos nossos prefeitos que não trazem o desenvolvimento para as cidades, desviando descaradamente a verba pública, amparados em famigerados contadores e defensores de bandidos. Os escândalos trazem luz aos desmantelos, vários colarinhos examinam as quatro paredes do xadrez, mas logo, logo estão na rua a zombar dos seus adversários políticos e vibrando com as farras de regozijos dos correligionários. Houve tempo em que se dizia que se o Brasil não acabasse com a saúva, a saúva acabaria com o Brasil. Podemos atualizar a frase trocando a saúva pela corrupção.
Os políticos tornaram-se especialistas em defesa dos seus interesses. Muitos nem incentivam mais os filhos ao trabalho, mas os colocam na mesma trilha de sucessão para o dinheiro fácil. Nada temos contra os políticos exemplares que graças a Deus ainda surgem. Todavia, parece mesmo que somente uma ordem divina pode exterminar esse tipo de saúva. E se o leitor amigo quer saber, eles nadam corretamente diante das tempestades, à semelhança do canoeiro. Nós, formadores de opinião e povo, ficamos à deriva, ao sabor do tempo brabo, sem saber nadar, infelizmente, como O SÁBIO DA CANOA.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/08/o-sabio-da-canoa.html