terça-feira, 26 de março de 2013

SELEÇÃO



SELEÇÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2013
Crônica Nº 990

Os últimos resultados da seleção canarinho poderiam dar samba. Ou um samba humorístico ou um lamento de muita dor, como faziam os grandes compositores. Estávamos num costume de vitórias sucessivas que nos deixou viciados. De melhor do mundo passamos a lugares indesejáveis no planeta bola. Damos croques nos pequenos, arengamos com os médios e apanhamos dos grandes. Agora se danou! Parece não existir esperanças para nós. Nem Mano, nem Felipão e nem Parreira. Perdemos o favoritismo e caímos na vala comum da sorte, naquele refrão do povo de “que seja o que Deus quiser”. Não se pode dizer que os homens são pernas de pau. Ali estão de fato os melhores jogadores do Brasil. Herdamos, entretanto, o vício de quando éramos sozinhos. Um monte de homens jogando num tal pega na rua é o que parece atualmente a seleção. Um amontoado sem tática, sem entrosamento, sem novidade nenhuma que possa nos garantir alguma coisa além de sofridos e irritantes empates. Isso faz com que o torcedor continue desconfiado e perca aquela euforia dos bons tempos. Nem se presta mais atenção aos jogos com preferência pela pipoca, à cerveja e as conversas paralelas das fofocas diárias.
Muitos já estão prevendo o fracasso brasileiro na copa do mundo. Gastos enormes e muitas palavras de exibimento, para um período de seriedade que não existe da nossa parte. Do jeito que está à coisa nada conseguiremos, nem mesmo para a copa das confederações. O bezerro estar atolado com uma longa corda no pescoço, mas não quer sair do atoleiro. Antes, nas situações difíceis da seleção ainda aparecia ao longe alguma luz que dizia nem tudo estar perdido, mas agora nem sequer um lampejo de lanterna. Como dissemos no início, só a sorte poderá classificar o Brasil em alguma coisa. E sorte é coisa doida, não existe lógica, não tem preferência, bate à porta de qualquer um. Como dizem na brincadeira que Deus é brasileiro, pode até ser que de repente o Criador dos Mundos envie reforço de peso para o Brasil, porém, no momento, somente nuvens negras predominam sobre o verde e amarelo. E se o campeão for a Argentina, onde enfiaremos à cabeça? Torcer pelo Brasil a gente torce, mas pela bagaceira apresentada: Ê meu fio...! Talvez seja melhor se desligar da SELEÇÃO.

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domingo, 24 de março de 2013

ADALBERON



ADALBERON
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2013.
Crônica Nº 989

SATUBA - AL
Quando adolescente ouvi pela primeira vez o nome “Adalberon”. Fiquei encantado com aquele nome tão bonito que para mim era como se fosse uma denominação mágica. Seu simples pronunciamento trazia força reluzente. O Adalberon que eu conheci, se não me engano, era filho do mais famoso retelhador de Santana do Ipanema, conhecido como “Seu Tô”. Depois, Adalberon, rapaz que jogava bola conosco nas areias do rio seco, tornou-se soldado de polícia e parece que não é mais vivo, não sei. Mais tarde, iniciando em leituras mais pesadas, descobri outra pessoa que se chamava Adalberon. Tratava-se do escritor romancista palmeirense, Adalberon Cavalcanti Lins que escreveu “Curral Novo”, “Sidrônio”, “Caminhos Incertos” (que continuavam o primeiro) “O Tigre dos Palmares” e outros mais. Um Adalberon soldado de polícia e um Adalberon escritor. O primeiro ficou na minha mente com apenas uma lembrança da hoje Rua São Paulo e adjacências. O Adalberon escritor, com o romance Curral Novo, foi tudo na minha vida literária. O livro que me trouxe o orgulho de ser sertanejo; o maior incentivador para meus romances e, além disso, a força pessoal do autor afirmando o meu trabalho como um dos futuros maiores romancistas do Brasil. Nunca tive uma aproximação maior com o escritor de Palmeira que, na aparência física, parecia seco como Graciliano. Mas Adalberon tinha uma poesia dura na prosa e era impiedoso com seus personagens, quer dizer, muito cru com eles todos. Toda a minha influência de escritor vem de Adalberon, porém a poesia das minhas prosas é doce e não costumo ser cruel com minhas crias.
O radiante nome Adalberon, foi ficando encardido, manchado, preto, quando um prefeito de Satuba, cidadezinha da Grande Maceió, mandou assassinar um professor. Ao denunciar desvio de verbas, o professor foi sequestrado e queimado dentro do carro, numa barbaridade sem fim. A população alagoana aguardou muito, mas, finalmente a justiça chegou montada em tartaruga, porém, fincou 34 anos de cadeia nas costas do atual ex-prefeito de Satuba.
Nesses caminhos certos e tortuosos, qual será o quarto ADALBERON?

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