sexta-feira, 31 de maio de 2013

FIM DE MAIO



FIM DE MAIO
Clerisvaldo B. Chagas, 31de maio de 2013.
Crônica Nº 1025
Estamos no último dia de maio, considerado mês das noivas, mês de Nossa Senhora. Chegam notícias de que o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, em Santana do Ipanema, ficou lotado, semana passada, inclusive com pacientes até pelos corredores. Sabemos que em toda mudança de tempo, da estação do estio para a chuvosa e vice-versa, acontecem com ênfase às doenças de época. Quando batem as primeiras chuvas de inverno em nosso sertão, também surgem muitas moscas e besouros. A praga de besouro no mês de maio foi grande e a de mosca, nunca vista fora do período de Semana Santa. O desmatamento contribuiu quase totalmente para que a cidade fosse tomada por nuvens de besouros, notadamente da espécie chamada popularmente de “bufão”. É a Natureza agredida respondendo ao homem. Milhares de besouros tomaram conta das ruas, apressando os transeuntes pelos pés dos postes de lâmpadas fluorescentes. As residências foram invadidas e os seus habitantes reagiram num mata-mata sem fim. A fedentina de besouros mortos, dos seus ácidos e suas gosmas, tomou proporção de carniça.
Por outro lado, grande parte da população ignorante, foi vítima da sujeira das moscas, que também chegaram à cidade em grande número. Os alimentos descobertos foram culpados por diarreia e vômito provocados pelas patas das moscas dos que fizeram filas no hospital. A falta de higiene é comum entre pessoas sem instrução, mas atinge também o sabido relaxado.
O rio Ipanema, sempre deixa alguns poços após a época chuvosa, sendo uma das causas de criadouros de mosquitos. O lixo jogado pela população que margeia o Ipanema contribui seriamente para o surgimento de ratos, baratas, escorpiões, moscas e mosquitos. As autoridades, porém, não tomam a iniciativa de uma campanha e fiscalização permanente, fazendo com que a Saúde gaste muito mais com doença de que com a prevenção. Continuamos à mercê da Natureza apenas aguardando o mês de junho que costuma trazer moscas juntamente com o milho verde. Ainda não ouvimos através do rádio, como a população deve proceder contra as doenças transmitidas pelas moscas. E olhe que chegou O FIM DE MAIO.



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quarta-feira, 29 de maio de 2013

RETALHOS NEGROS



RETALHOS NEGROS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2013.
Crônica Nº 1023

Ficaram em Santana do Ipanema, tradições de folguedos, danças folclóricas e comidas típicas. Artes e palavras que vieram dos negros preencheram as páginas do cotidiano. Muitos construíram para o enriquecimento de tradições juntamente com as contradições brancas e ameríndias do litoral e sertão. A chamada literatura de cordel está cheia, por exemplo, de personagens negros criados pela imaginação poética dos vários repentistas. Muitos desses folhetos, vendidos nas feiras, causam sucesso até em certos países da Europa, através de seus pesquisadores. É o negro valentão, é o negro sozinho. É o negro valente em bandos, é o negro protetor fiel do patrão branco.
Podem ser citadas algumas danças e folguedos no estado, mesmo sabendo que o advento da televisão e a falta de incentivo tiraram muito dessas alegrias do passado.  As festas de fim de ano como o Natal, Passagem de Ano e mesmo o Dia de Reis, já no ano seguinte, estavam repletas de danças e folguedos que se apresentavam cedo e entravam pela madrugada. O Carnaval também sempre trouxe seus personagens bizarros para os palcos das ruas. Entre outras apresentações que o tempo foi apagando da realidade e da memória, apontam-se: Baiana, Quilombo, Traieira, Negra da Costa, (...) Samba e Pagode.
Negra da Costa: Nos carnavais de Santana apresentavam-se grupos de Negra da Costa, formados por homens vestidos de mulheres, trajes de baianas. Os brancos pintavam o rosto de preto, dançavam, cantavam, pilheriavam com arte e perfeição. Com a extinção de grupos santanenses, surgiram grupos de cidades como Quebrangulo que mantém a tradição da Negra da Costa. Cantam refrãos conhecidos que adquiriram colorido nas artimanhas dos seus personagens:

“Negra da Costa
Que vem ver?
Vou buscar Macaíba
Pra vender... “

Negra da Costa
Que anda fazendo?
Ando na rua
Comendo e bebendo...”

Bons tempos, os dos grandes Carnavais. Na falta da peça inteira, mostram-se os RETALHOS NEGROS.
·         Adaptado do livro NEGROS EM SANTANA, paginas 39-41.



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