RETALHOS NEGROS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2013.
Crônica Nº 1023
Ficaram em Santana do
Ipanema, tradições de folguedos, danças folclóricas e comidas típicas. Artes e
palavras que vieram dos negros preencheram as páginas do cotidiano. Muitos construíram
para o enriquecimento de tradições juntamente com as contradições brancas e
ameríndias do litoral e sertão. A chamada literatura de cordel está cheia, por
exemplo, de personagens negros criados pela imaginação poética dos vários
repentistas. Muitos desses folhetos, vendidos nas feiras, causam sucesso até em
certos países da Europa, através de seus pesquisadores. É o negro valentão, é o
negro sozinho. É o negro valente em bandos, é o negro protetor fiel do patrão
branco.
Podem ser citadas algumas
danças e folguedos no estado, mesmo sabendo que o advento da televisão e a
falta de incentivo tiraram muito dessas alegrias do passado. As festas de fim de ano como o Natal,
Passagem de Ano e mesmo o Dia de Reis, já no ano seguinte, estavam repletas de danças
e folguedos que se apresentavam cedo e entravam pela madrugada. O Carnaval
também sempre trouxe seus personagens bizarros para os palcos das ruas. Entre
outras apresentações que o tempo foi apagando da realidade e da memória,
apontam-se: Baiana, Quilombo, Traieira,
Negra da Costa, (...) Samba e Pagode.
Negra
da Costa:
Nos carnavais de Santana apresentavam-se grupos de Negra da Costa, formados por
homens vestidos de mulheres, trajes de baianas. Os brancos pintavam o rosto de
preto, dançavam, cantavam, pilheriavam com arte e perfeição. Com a extinção de
grupos santanenses, surgiram grupos de cidades como Quebrangulo que mantém a
tradição da Negra da Costa. Cantam refrãos conhecidos que adquiriram colorido
nas artimanhas dos seus personagens:
“Negra
da Costa
Que vem
ver?
Vou
buscar Macaíba
Pra
vender... “
Negra
da Costa
Que
anda fazendo?
Ando na
rua
Comendo
e bebendo...”
Bons tempos, os dos grandes Carnavais. Na falta da peça inteira,
mostram-se os RETALHOS NEGROS.
·
Adaptado do livro NEGROS EM SANTANA,
paginas 39-41.
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