sexta-feira, 9 de agosto de 2013

SEI NÃO!



SEI NÃO!
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de agosto de 2013.
Crônica Nº 1065

Foto: (semiaridobahiablog).
A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 km², correspondendo a cerca de 10% do território nacional.  Ela está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais. Infelizmente o homem tem revirado esse Bioma de cabeça para baixo, principalmente a partir dos anos 60, quando surgiu financiamento para desmatar. Com essas intervenções ininterruptas, o homem, já alterou 80% da cobertura original. Achamos pouco apenas 1% da sua área protegida em 36 unidades de conservação. Essa imensa região de cobertura vegetal caatinga, está sujeita às secas cíclicas e muitas vezes prolongadas que afetam diretamente o ser humano em todas as questões. A recuperação do bioma é muito rápida, mas as ações das derrubadas são as maiores inimigas da caatinga que traz, além de arbustos e cactáceas, várias árvores de porte como o cedro, braúna, craibeira, ipê, pereiro, angico, aroeira, juazeiro e o sagrado imbuzeiro tão decantado por escritores e poetas nordestinos. Destacam-se ainda, o mandacaru, facheiro, xiquexique, coroa-de-frade, rabo-de-raposa, alastrado, rasga-beiço e muitas outras representações de nome.
As temperaturas médias anuais são elevadas e oscilam entre 25 e 29 graus, sendo a região do clima semiárido de solo pedregoso e arenoso. Na caatinga temos o fenômeno das trovoadas que acontecem em Alagoas e Pernambuco entre os meses de novembro a janeiro, mas também fugindo às regras do passado. A pluviosidade vai para 800, 900 milímetros, contudo, há lugares com índice em torno dos 200.
Mesmo com muita propaganda sobre conservação da natureza, a cobertura vegetal do semiárido continua sendo atacada com as mais diferentes finalidades. Material para fornos de padarias, fornos de carvão, cerca de estacas e tantas outras serventias, inclusive medicinais. Vê-se que o arcaico machado chegou muito antes da conscientização e assim permanece nesse ingrato desafio. Nesse momento em que a estrela é o bioma amazônico, não é fácil mudar o foco para os problemas seculares invasores da flora nordestina. Falta ainda o grande grito de independência do matuto, do carrapicho, do macaco. SEI NÃO!.



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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

LAMPIÃO E A CRUZ DE TINAN



LAMPIÃO E A CRUZ DE TINAN
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2013.
Crônica Nº 1064

06 a 09.1934. Fazenda Marrecas (AL). (Município de Inhapi). Muita gente trabalhava na fazenda Marreca do senhor João Martins, e todos andavam armados. Numa época de colheita (achamos que deve ter sido no período de safra entre julho e setembro de 1934), Lampião começou a rondar a fazenda para tentar pegar alguma pessoa armada.
O caçador Pedro Tinan também estava por ali. Certa manhã o caçador foi tocaiar veados com o companheiro Zeca Alves. Espalharam-se em duas esperas. Zeca Alves ouviu um tiro e pensou que Tinan matara um veado. Tempos depois, foi e viu Tinan, que fora atingido por um tiro de Lampião em cima de árvore. Após a queda, o bandido sangrou-o e abriu seu ventre. Apoderou-se do fuzil do caçador e continuou sua perambulação sinistra (SILVA 117:118).
Contou-me o senhor Antônio, meu fiel empregado, por alguns anos, que morou muito na região da Ribeira do Candunda, pois é originário dali, sobre Tinan. Tempos depois da sua morte, uma mocinha começou a ter problemas e descobriram que era a alma de Tinan que procurava falar com algum encarnado, usando a moça para chamar atenção. Ao deparar-se com um médium, declarou não querer fazer mal a moça. Tudo que queria era apenas que colocassem uma cruz em sua cova, lá num pé de lajeiro onde sepultaram seu corpo, pois sua alma estava sofrendo por falta do símbolo cristão. Providenciada a cruz, tudo voltou à paz de antes. (55).
·         Do livro Lampião em Alagoas, pag. 200.



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