segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A SEDIÇÃO DO JUAZEIRO




A SEDIÇÃO DO JUAZEIRO
(Padre Cícero (II) série de 4 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de agosto de 2014
Crônica Nº 1.233

DEPUTADO FLORO BARTOLOMEU E PADRE CÍCERO.
As desastradas fórmulas da chamada República Velha, fizeram com que acontecesse uma revolta no sertão cearense e que ficou na história como “A Sedição do Juazeiro”. Governava o país, Hermes da Fonseca, sobrinho do Marechal Deodoro, entre 1910 e 1914 quando nesse último ano a revolta foi gerada. Era a intervenção do governo central na política dos estados.
Querendo ampliar o mando da situação e impedir que opositores ocupassem cargos importantes como governador, Hermes criou a “política das salvações” para interferir nos estados contra seus opositores. O presidente apoiava as oligarquias estaduais em troca de apoio à Presidência.
No Ceará, Hermes da Fonseca procurava impedir o acesso das oligarquias de oposição ao governo do estado. O senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado liderava essas oligarquias. As medidas do presidente Hermes, causaram insatisfação nos políticos daquele estado.
Desde 1911 que havia uma disputa entre o padre Cícero e o presidente porque o padre queria manter a família Acioly no poder. Entretanto, em 1912, o presidente retirou os Acioly do comando. Nessa época o padre Cícero ocupava o cargo de prefeito do Juazeiro e de vice-governador do estado.
O interventor nomeado, Coronel Marcos Franco Rabelo, em 1914 começou a perseguir o padre Cícero. Destituiu o sacerdote dos dois cargos políticos e ordenou sua prisão. Os grupos oligárquicos revoltaram-se fazendo com que Floro Bartolomeu liderasse um batalhão formado por jagunços e romeiros em defesa do padre Cícero.
Franco Rabelo envia uma expedição para prender o padre Cícero. No Juazeiro do Norte, porém, havia sido construída uma trincheira em redor da cidade em apenas sete dias e que recebeu o nome pelo sacerdote de “Círculo da Mãe de Deus”. Houve vários combates, sempre com a vitória dos revoltosos. As tropas do governo retornaram à Fortaleza em busca de reforço. Floro Bartolomeu foi ao Rio de Janeiro em busca de apoio de Pinheiro Machado. Enquanto isso, os revoltosos partiram para Fortaleza e depuseram o governador Franco Rabelo.
O jeito que houve foi o presidente Hermes da Fonseca convocar novas eleições para o governo do Ceará. Ficou no cargo Benjamim Liberato Barroso e o padre Cícero retornou ao cargo de vice-governador do estado.
* Continua amanhã.



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domingo, 3 de agosto de 2014

O SONHO DO PADRE CÍCERO




O SONHO DO PADRE CÍCERO
(Padre Cícero (I) série de 4 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de agosto de 2014
Crônica Nº 1.232

Juazeiro do Norte, antiga. (Foto: Portal do Juazeiro).
Juazeiro, antigas. (Fotos: Portal do Juazeiro).
Após a sua ordenação, o novo padre permaneceu no Crato, aguardando o seu destino. Convidado para visitar um lugarejo chamado Juazeiro, pelo professor Simeão Correia de Macedo, o padre celebrou ali a missa do galo no Natal de 1871. Os habitantes dos ermos do Cariri ficaram impressionados com aquele jovem de 28 anos, olhos azuis, cabelos louros e voz melodiosa. A empatia também atingiu Cícero que, poucos meses depois, em 11 de abril de 1872, estava de volta com família e bagagem disposto a fixar residência no lugar.
Naquele lugarejo o padre, certa feita, fora descansar após um dia inteiro de confissões. O descanso fora num quarto contíguo à sala de aulas da escolinha onde improvisaram seu alojamento. Ao pegar no sono, Cícero teria tido uma visão que, depois, contada por ele, passou a fazer parte de vários livros a seu respeito. Viu Jesus Cristo e os doze apóstolos na mesma disposição da pintura “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci. “De repente entra uma multidão carregando suas trouxas como os retirantes nordestinos. Cristo vira-se para aquele povo e fala sobre sua decepção com a humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um último sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os homens não se arrependessem depressa, Ele acabaria com tudo de uma vez. Naquele momento, Ele apontou para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou: ─ E você, padre Cícero, tome conta deles!” Alguns livros falam que foi por essa razão que o padre resolvera fixar-se por ali.
O minúsculo arraial de casas de taipa tinha uma pequena capela erigida em honra a Nossa Senhora das Dores, padroeira do lugar, pelo primeiro capelão, padre Pedro Ribeiro de Carvalho. Cícero, com a cooperação geral, procurou melhorar o aspecto daquele templo.
O padre soube conquistar o povo com visitas, conselhos e pregações além de moralizar os costumes acabando com excesso de bebedeiras e com a prostituição.
Após essas iniciativas nunca vistas antes, muita gente vinha das redondezas para conhecer o novo capelão e ficavam morando por ali.
Cícero convocou, então, mulheres solteiras e viúvas e organizou uma irmandade leiga formada por beatas.
Ainda não havia acontecido o célebre milagre da hóstia.
O padre nascera em 24 de março de 1844 e se ordenara em 30 de novembro de 1870.
* Continua amanhã.





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