quinta-feira, 5 de março de 2015

CABOCLO VELHO NO CONGRESSO



            CABOCLO VELHO NO CONGRESSO
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2015
Crônica Nº 1.381

Guilhotina. Foto (Wikipédia).
O senhor Marinho Rodrigues, possuía armazém de secos e molhados, em Santana do Ipanema. Negociava no chamado prédio do meio da rua. Homem muito correto viera morar na cidade, depois de uma investida cangaceira em sua residência na zona rural. Foi o pai do primeiro médico formado por Santana, Clodolfo Rodrigues de Melo, a quem o grande hospital homenageia em seu título.
Seu Marinho despachava no balcão; passava troco, sempre reparando se havia alguma nota colada à outra, pelo tato e através da luz diurna, erguendo a nota, perscrutando-a.
José Malta, outro decente cidadão e contador de casos, boêmio nas horas vagas, comprou uma carteira de cigarros no armazém. Seu Marinho, que tinha o agradável hábito de tratar os homens como “caboclo velho”, falou: “Está aqui o seu troco, caboclo velho”. José Malta pegou algumas notas e, sem contar, coloco-as no bolso e saiu abrindo a carteira de cigarros. Lá adiante, porém, lembrou-se de contá-las: “Eita! Seu Marinho me deu dinheiro a mais, vou devolver o que passou”.
Ao retornar ao armazém, foi dizendo ao comerciante que o troco estava errado. Seu Marinho adiantou-se, não deixando o cliente continuar a conversa, afirmando com ênfase: “Aqui não se erra troco, caboclo velho”. Zé Malta rebateu: “Está certo, seu Marinho, muito obrigado”, e embolsou o que passava. Fato contado pelo próprio José Malta, aos seus amigos.

Lembrei-me da passagem acima, ao constatar que no Congresso, apesar da alta temperatura explosiva que se desenha, todos parecem ter conhecido Seu Marinho. No momento em que está para ser revelada a relação dos “santos”, alguns já perderam as estribeiras, exibindo o nervosismo da tacada no cocuruto que vem por aí rachando em baixo, a sola do sapato.
Lembra, compadre, aquele comediante que batia no bumbo e dizia: “É bonito isso!”?
Antes mesmo da explosão, tem muitos nobres se dizendo inocente.
Não afirmam a população que fizeram como Zé Malta, mas também asseguram que ali não se passa troco errado.
Enquanto isso, vem chegando a guilhotina, CABOCLO VELHO.



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quarta-feira, 4 de março de 2015

RESPEITÁVEIS SENHORES DE GRAVATA



RESPEITÁVEIS SENHORES DE GRAVATA
Clerisvaldo B. Chagas, 05 de março de 2015
Crônica nº 1.380

Prédio do Congresso. Foto (Marcia & Giancarlo).
Quando falávamos sobre as cidades alagoanas, pronunciei-me dizendo que Santana do Ipanema era uma cidade calma, boa de se viver. Um cidadão de Olivença, bem informado do submundo, disse-me com toda educação que ainda hoje a mantém: “Professor, é muito bom que o senhor não saiba dessas coisas. A cidade parece pacífica, mas se alguém bater com o pé em cima do tablado, ele desaba de podre”. Sabiamente, não contestei, mas passei a pensar no assunto de vez em quando.
Cerca de quinze depois, chegou àquela cidade o delegado Ricardo Lessa. Foi aí quando comprovei a veracidade da afirmação oliventina. Foi o delegado Lessa que bateu com o pé no tablado. Ratos, corvos e morcegos, assanharam-se numa debandada geral, cujos porões ficaram limpos durante o período do delegado no município.

Os respeitáveis senhores representantes do povo no Congresso, calmos e intocáveis, nunca ficaram tão nervosos como agora.
Veja a o que saiu no G1: “Cerca de 45 políticos de vários partidos são alvos dos pedidos de abertura de investigação feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), informou nesta quarta-feira (4) o Jornal Nacional”.
“Entre as suspeitas sobre esses políticos, há crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, investigados na Operação Lava Jato, que apura pagamento de propina e desvio de dinheiro da Petrobrás”.
Vá degustando leitor, sobre os nossos engravatados representantes:
“O Jornal Nacional apurou que dois dos nomes são os dos presidentes do Senador, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB)-RJ)”.
Muito “nego” sem dormir! Esse período até sexta-feira, quando os nomes deverão ser divulgados, vai provocar diarreia em muitos e ataque de nervos em outros, meu compadre, leitor.
Foi Ricardo Lessa bater a bota no tablado... Desculpe, foi Janot jogar o papelzinho para o Supremo, que a agitação sob o tablado começou. Só que esses não têm como “espanar, desertar, fugar... Estão presos na própria armadilha”.
Ah! Respeitáveis senhores de gravatas.



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