quinta-feira, 12 de março de 2015

QUARESMA



QUARESMA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2015
Crônica Nº 1.386

Tentação de Cristo. Museu João Paulo II (Varsóvia).
Quarta-feira passada tive ocasião de assistir a missa de 7º dia em sufrágio da alma do senhor Antonio Paraibano da Costa. Achei uma forma prática da igreja, em realizar uma missa de finados durante a Via-sacra, fora da Matriz de São Cristóvão, em Santana do Ipanema, Alagoas.
Acompanhada por um expressivo número de fiéis no Bairro São José, o movimento religioso movimentou as ruas mais afastadas do bairro, inclusive celebrando a missa bem perto do leito do rio Ipanema, durante a última estação representativa.
As pessoas recebiam o movimento em suas casas transformadas em estações, com bastante alegria em participar desse ato que representa o sofrimento de Jesus antes da sua morte. Também me impressionavam os cânticos bem ensaiados, guiados por voz masculina bastante entoada e atraente.
É o tempo sagrado da Quaresma, período que antecede a Páscoa cristã e a tão aguardada Semana Santa. Os serviços religiosos da festa pascal comemoram a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narram os evangelhos.
Impressiona ainda a multidão que acompanha a Via-sacra, notadamente em noites de dias úteis. No mundo cada vez mais voltado para o corre-corre do cotidiano, as pessoas chegam do trabalho e, com muita boa vontade e fé, complementam o seu dia, entre caminhada, cânticos e orações.
A história cristã está repleta de simbologia do número 40, de onde se deriva o termo quaresma.
Da nossa parte foi pena não mostrarmos o movimento religioso do Bairro São José, pois, pela inabilidade minha mesmo, não consegui boas fotos, apesar da tentativa.
Para compensar, apresentamos a pintura “A Tentação de Cristo” – Fhilips Augustjn Immenraet – Museu João Paulo II – Varsóvia.
Boa Quaresma ao nosso leitor!



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quarta-feira, 11 de março de 2015

O POÇO E O REI




COMO FOI ANUNCIADO ONTEM NO BLOG, AS CRÔNICAS PARA QUINTA E SEXTA SOBRE A POLÍTICA SANTANENSE FICAM ADIADAS. APENAS ADIADAS.

 O POÇO E O REI
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2015
                                                                Crônica Nº 1.385


Carito do rio Ipanema. Foto: (Clerisvaldo).
 Após as cheias periódicas do rio Ipanema, as águas formavam poços no seu leito arenoso. O mais famoso era o poço dos Homens, por trás do comércio de Santana. A pesca era livre com destaque para alguns elementos da sociedade local. Assim encontrávamos sempre a fisgar mandim, Toinho Baterista (depois Toinho das Máquinas) que só pescava de anzol. Seu Quinca, alfaiate, o mais antigo profissional que conheci, também fazia ponto pescando de anzol. Dizem até que quando ele chegava ninguém conseguia pescar mais nada. Havia tarrafeiros em busca de bambás (denominadas Xiras no rio São Francisco). No poço havia um peixe pequeno chamado piaba e o corrupto do “submundo” conhecido como carito ou chupa-pedra. Não passava de cinco centímetros, feio, boca de sapo, ignorado por todos. Mais tarde surgiram no Ipanema o cará e o pitu.
Nós, meninos, antes, pescávamos piabas, com litro de vinho, do fundo virado para dentro, tendo como isca um pouco de farinha.
O que nunca pude entender era o modo de pesca de um cidadão da Rua e Bairro São Pedro, chamado Joaquim Reis. Não queria outra coisa; nem piaba, mandim ou bambá. Preferia pegar à mão os corruptos caritos jogados pelas águas nas pedras do poço.
Joaquim Reis tinha nobreza no nome. Eu já percebia isso, mesmo com idade pouca. Era pobre, está certo, mas por que aquela miserável preferência pelo peixinho desprezado por todos?

Existem na Câmara Federal, no Senado, nas Câmaras Municipais, pessoas de altíssima qualidade moral que honram os seus eleitores, familiares, mandato e o seu país. Os seus salários já são uma exorbitância e contam ainda com as mordomias dos antigos déspotas europeus. Tudo é imoral, mesmo sendo legalizado. Enquanto isso o povo geme como gemia na França da Idade Medieval.
Esses pelos menos pescam gordas bambás, robustos mandins e gigantes pitus.
Mas por que outros nobres nos títulos insistem em buscar os caritos do submundo?
Talvez Freud não explicasse essa tendência aberta para a corrupção escalonada e contínua, mas com certeza se Joaquim Reis ainda fosse vivo, no instante resolveria esse mistério.



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