domingo, 31 de maio de 2015

HISTORIANDO OS ALFAIATES



HISTORIANDO OS ALFAIATES
Clerisvaldo B. Chagas, 1º de junho de 2015
Crônica Nº 1.432

Beco São Sebastião, influência da igrejinha da esquina. Foto: (Clerisvaldo).

O livro “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”, também traz a história dos alfaiates, barbeiros, ferreiros, canoeiros, sapateiros e cabarés de Santana. Não é nada demais dizer, porém, que no sábado passado, feira da cidade, estivemos com o último dos remanescentes alfaiates em Santana. Conversamos muito. Gilson Saraiva, o homem que disputava cabeleira conosco em 1960 (modismo) e bom num taboleiro de "dama", trabalha no famoso beco do comércio de Santana do Ipanema, São Sebastião. O Beco de São Sebastião fica entre a Rua do Comércio e a Rua Professor Enéas, alguns metros para o leito do rio Ipanema. O beco era famoso quando nas festas do mês de julho de Senhora Santana, formava a via principal para o motel em área livre do rio, ocasião em que os casais procuravam as pedras e areias do leito seco.
Beco de São Sebastião por causa da igrejinha particular da família Rocha, dedicada ao santo, construída na esquina, aproximadamente, em 1915.

Parcial de Santana em dia de feira. Foto: (Clerisvaldo).
Gilson Alfaiate nos falou que o Walter Alcântara ainda era vivo, possuindo serralharia no Bairro Domingos Acácio onde para lá se desloca a pé todos os santos dias com seus mais de oitenta anos.
Walter Alcântara era proprietário da “Alfaiataria Nova Aurora” (abaixo do Beco São Sebastião) com mais de dez funcionários e dominava a região nesse ramo interessante, nas décadas 50-60. Inúmeros foram os discípulos de Walter e que depois se tornaram profissionais independentes, entre eles Gilson Saraiva, Carlos Sabão, Juca Alfaiate e Demerval Pontes, amplamente conhecidos.
Nunca sequer dei um bom-dia ao Walter Alcântara, pois era apenas um garoto que passava para as aulas de “Admissão ao Ginásio”, por sua Alfaiataria, em direção à escola de dona Helena Oliveira na calçada alta da Ponte do Padre. Ali me encontrava com os colegas Neubes, Serrinha Negra, Arquimedes, Demóstenes, Edson Caveirão, Zé Vieira, Galego Bigula, entre outros que não me veem mais à memória.
A “Alfaiataria Nova Aurora” faz parte da história de Santana registrada por mim (único registro). Mesmo assim acho que o Walter nem me conhece, apesar de ter sido colega de repartição da sua virtuosa e educadíssima esposa Léa Malta. A timidez de um garoto não permitia conversar com os mais velhos. Talvez eu vá a sua serralharia para colher mais subsídios sobre a nossa terra e conversar com o homem elegante que marcou época em Santana do Ipanema, cujo pai, foi compadre do meu.

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quinta-feira, 28 de maio de 2015

A OUTRA FACE DOS CANAVIAIS

Plantação de Eucalipto. Foto: (ciflorestas.com.br).


A OUTRA FACE DOS CANAVIAIS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2015
Crônica Nº1. 431

Por motivos diversos muda-se a paisagem de mais de quatrocentos anos, forte, verde e extensa dos canaviais das Alagoas.
A Zona da Mata alagoana da Saccharum officinarum L. desde os tempos das invasões holandesas, sempre havia sido o Nordeste rico das elites, dos antigos senhores de engenho, atuais usineiros, proprietários de terras da matéria-prima. A falência dessa classe produtora gerou no passado a chamada “guerra dos mascates”, entre os falidos e os portugueses ricos agiotas.
Cenário forte do escravismo durante centenas de anos, também foi símbolo de prepotência, crimes absurdos e mão de obra contemporânea, extensa e explorada.
Os canaviais ainda representaram o poder político no estado, tanto do executivo quanto do legislativo.
Não sabemos se estamos vivenciando uma nova falência da Saccharum, todavia, o verde escuro da cana-de-açúcar vai cedendo lugar ao verde pálido da silvicultura na foto do eucalipto. No estado, já é uma realidade a mudança paisagística, mas não se tem certeza como ficará o cenário de um futuro de dez ou quinze anos.
Baseado em técnicas agrícolas modernas, esse tipo de plantio vai ocupando a terra em formação florestal silenciosa, ilustrando a planície costeira (tabuleiros) morros, colinas, barrancos e depressões.
Se a alternativa não fosse boa para os proprietários, não aconteceria o plantio, como é óbvio. Para o estado, só o tempo dirá. Para o povo, talvez, se os canaviais fossem substituídos pelos grãos básicos da alimentação brasileira melhorasse bastante diante das toneladas a mais.
De qualquer forma, a geografia econômica do estado vai mudando com a plantação desse produto de origem australiana. Adiante veremos o resultado geral do chamado “deserto verde”.



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