domingo, 12 de julho de 2015

SERTÃO VERDE E FESTIVO




SERTÃO VERDE E FESTIVO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho de 2015
Crônica Nº 1.448

Foto: (nacauturismo).
Admira-me o turista desavisado que reclamou do tempo em Maceió: “Disseram-me que o Nordeste era somente sol e eu aqui sem puder sair do hotel com tanta chuva”. Brasileiros aprendem muitas coisas, menos a Geografia do seu país. O Nordeste é uma região imensa que divide naturalmente as suas chuvas. Estamos na época de inverno em Sergipe, Alagoas, Pernambuco e parte da Bahia, enquanto outra parte do Nordeste é época de sol. O não observador coloca toda a Grande Região em apenas um saco, desconhecendo as características da Brasil e da nossa região. Até Maceió tem suas particularidades na extensão quando às vezes chove muito na Serraria, no Tabuleiro, enquanto na Jatiúca, Pajuçara, é tempo firme.
No interior de Alagoas aproxima-se o início dos festejos a Senhora Santana, a maior festa religiosa fora da capital. Como o dia mundial de festejos à santa cai em julho, Santana do Ipanema comemora a data no seu mês mais chuvoso e friento, atrapalhando as brincadeiras dos parques de diversões. Às vezes acontece uma estiada na hora da procissão de encerramento. Mas, se por um lado existe a inconveniência de muito frio e chuva, por outro está à expectativa de boa safra nos campos da terra, baseada no milho e no feijão, produtos tradicionais.
Este ano o cuidado é com a dengue e outras doenças semelhantes transmitidas pelo mosquito. A esses perigosos males vêm se somar aos costumeiros do mês como a gripe e a pneumonia características da mudança do tempo.
As escolas da cidade entram em recesso no período dos festejos para que todos tenham mais oportunidades de participação no religioso e no profano relativo à padroeira. Já existem até músicas em disco exaltando a festa de Santana.
Estamos no sertão verde e pleno inverno da terrinha.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2015/07/sertao-verde-e-festivo.html

quinta-feira, 9 de julho de 2015

COROA-DE-FRADE



COROA-DE-FRADE
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2015
Crônica Nº 1.447

Foto: (coisas do sertão).

Entre tantas e tantas belezas sertanejas cantadas e decantadas pelos seus amantes, sem dúvida alguma, figura a coroa-de-frade. Planta, cujo nome científico é Melocactus bahiensis, representa um cacto do bioma caatinga que aprecia exibir-se em frestas de lajeiros. Chama atenção pela sua beleza exótica de forma arredondada com espinhos finos e grossos e altura modesta de até 12 centímetros. O cefálio (espécie de coroa bem rosada ou vermelha) é o que mais atrai os passantes e que parece sentar sobre a cabeça calva de um frade franciscano.
A coroa-de-frade é muito apreciada pela sua beleza, mas também utilizada para outros fins além da simples contemplação. Há quem use a planta para tratar dos rins e dos intestinos através de chás. Mesmo sendo rara, criadores a transformam em alimento para animais domésticos devido a sua reserva de proteínas e água. Pessoas mais experientes do bioma caatinga procuram transformar a espécie em bolos, doces e biscoitos.
Tem gente que usa o Melocactus na entrada do jardim de casa como planta ornamental, mas também contra demandas que, segundo a crença, se engancham em seus espinhos não conseguindo penetrar na residência.
Seu fruto é rosa e aparenta uma amêndoa. Em alguns lugares também é chamada cabeça-de-frade, é originária da América do Sul e gosta bastante do clima semiárido. Seu doce é apreciado em Sergipe, no sertão do Rio São Francisco, feito com água, açúcar, canela em pó e cravo. Suas flores surgem na coroa e são bastante procuradas pelas abelhas.
Como a coroa-de-frade, arrebatada para diversos fins, continua a caatinga sendo devastada, basta dá uma olhada nos quintais das padarias do interior.
Homem é bicho destruidor. O maior predador de si mesmo.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2015/07/coroa-de-frade.html