domingo, 3 de julho de 2016

JEGUE, JUMENTOS E COISA E TAL

JEGUES, JUMENTOS E COISA E TAL
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2016
Crônica 1.543

Foto: (proagri).
Pesquisando pelos mangues, falésias, restingas e lagoas, não deixamos de cruzar inúmeras vezes pelas rodovias modernas do estado. Tanto nas rodovias da Planície Litorânea, quanto nas do Baixo Planalto dos Tabuleiros, nos deparamos com jumentos nas pistas. E o jegue, já se sabe, não liga para buzinas e nem para palavrões. Dizem que o Equus asinus é pré-histórico. A suspeita é que o jumento do Brasil tenha vindo do norte de África.
O bicho que tanto serviu pelos sertões, hoje se acha desvalorizado e custa apenas um real. Foi trocado modernamente pelo trator, moto e camioneta. Vive pelas estradas, ignorados pelo governo e cobiçado pelos espertos para abatedouros clandestinos. Um país que tanto fala em proteger os animais esquece-se do asno forte, paciente, trabalhador e viril.
Na década de 60, em Santana do Ipanema, o povo admirava os dois enormes jumentos Pegas (ê) do comerciante Isaías Rego, fazendeiro e panificador. Todas as tardes os dois animais devoravam os pães boias, colocados em caçuás na calçada da padaria. Nós também admirávamos a força de um jegue Canindé em nossa fazenda no pé da serra da Camonga. Menor do que o jumento Pega, pelagem marrom e desempenho de trem de ferro. Fazenda sertaneja sem jumento e carro de boi, não tinha prestígio. Lembramos também de uma farra que certo “coronel” fez e convidou os amigos para um almoço. Somente depois da refeição, levou a prova do crime para os convivas. Tratava-se de carne de jumenta. Elogios e vômitos foram apresentados sob gargalhadas do “coronel” matador de gente.
Enquanto os jegues vagueiam sem destino, surge solução esdrúxula de outro jegue sádico de dois pés que escapou da récua.
 E se ninguém nunca assaltou montado num jumento, sua substituta, a moto, tornou-se a campeã brasileira dessa fuleragem.
Quanto ao modo de despachar os vivos, o jegue mata parado, a moto, correndo!



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sábado, 2 de julho de 2016

OS RIOS DE ALAGOAS PEDEM SOCORRO

OS RIOS DE ALAGOAS PEDEM SOCORRO
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2016
Crônica 1.542

RIACHO REGINALDO /SALGADINHO. Foto (Clerisvaldo)
Pesquisando para o livro “Repensando a Geografia de Alagoas” – após elaboração de texto sobre os riachos de Maceió – fomos fotografar o Salgadinho. O mais famoso curso d’água da capital, o Reginaldo, recebe a denominação de Salgadinho ao passar pelo Bairro do Poço. Através de canal, joga suas águas na praia da Avenida da Paz, em pleno centro da cidade. Recebe influência das marés e ora se apresenta cheio, ora quase seco.
Milhares de famílias habitam seu vale chamado de Grotas, receptoras de esgotos e lixo doméstico. A sujeira no baixo Reginaldo pode ser vista ou não a olho nu, conforme o dia. Durante a nossa presença o Salgadinho estava cheio, não boiava lixo e, a foto para o livro até ficou parecida com cenário do Canadá. Linda! Dirá alguém sem saber que hoje aquilo é um esgoto a céu aberto.
Havia um rapaz de boa aparência com uma banca na margem  esquerda do riacho. Vendia bolos e outros produtos comestíveis à sombra de uma das inúmeras árvores do trecho. Perguntou sobre a finalidade das fotos, explicamos e dissemos que o riacho parecia limpo. O vendedor disse que tinha dias que estava assim. Comentei que se todos tivessem consciência não jogariam lixo no córrego. Ele concordou. Mas ao deixar o lugar percebi o lixo deixado pelas suas vendas que descia pela barranca do Salgadinho. O rapaz utilizava a sombra da árvore, o ponto estratégico do riacho e não tinha por ali nem uma lixeira bolsa plástica para os clientes. Fala-se do governo, mas o povo também é culpado pela poluição que domina o mundo.
Todos os rios importantes de Alagoas estão agonizantes: Mundaú, Paraíba do Meio, Ipanema, Traipu... Todos, todos com exceção dos que se acham protegidos como mananciais ou reservas. Desmatamento, veneno, esgotos, lixo doméstico, estão acabando com as nossas riquezas hídricas, inclusive com o pai de todos: o rio São Francisco, denunciado em novela.
A campanha de Maceió “não jogue lixo na rua”, parece dizer que jogue nos córregos. Representa apenas 5% por cento ou menos do que precisa ser feito... Sei não... Parece até que os crentes estão certo: Só Cristo salva.



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