segunda-feira, 6 de março de 2017

OBRAS DE ARTE NAS TOCAIAS




OBRAS DE ARTE NAS TOCAIAS
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.641

A Igrejinha das Tocaias. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Obra de arte é uma obra criada ou avaliada por sua função artística ao invés de prática. Entende-se a representação de um símbolo, do belo.
Voltados mais para a prática do que para a beleza, estivemos na RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural – no bioma caatinga, em Santana do Ipanema. Trata-se da primeira RPPN do Sertão e que recebeu o nome Reserva Tocaia. A denominação vem do lugar onde houve uma emboscada, no tempo da escravidão, cujas vítimas foram uma senhora e um bebê que iria a pia batismal. O episódio e sua periferia fazem parte da história do município e foi registrada por nós com o título “A Igrejinha das Tocaias”. Apesar de ter havido no local apenas uma emboscada, o povo denominou a região como “Tocaias”.
A “Igrejinha das Tocaias”, em forma de cordel, estar sendo reeditada e fará parte também de vídeo para um projeto da Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas no mês de abril com o nome Projeto Ambiental Reserva Tocaia.
Além disso, haverá um panorama sobre as outras Reservas de Alagoas e demais biomas.
Eu e o professor e escritor Marcello Fausto, parceiro literário e diretor da Escola Helena Braga, ficamos encantados novamente com a beleza da região. Serrote Pintado, baixada, nascente do riacho Salgadinho – que escorre no inverno – e a proximidade do riacho João Gomes, outro afluente do rio Ipanema, produzem obras de arte no hoje cenário dominada pela seca.
A Igrejinha que ainda está de pé, dedicada a São Manoel da Paciência, cercas de pedras construídas por escravos, visão de serras distantes, mata preservada, exibem um cenário de filme de cangaço. Aliás, ali foram filmadas, recentemente, cenas sobre o filho de Corisco. E quando dissemos que pesquisar a Natureza também se torna delicioso lazer, comprovamos a frase no dia de ontem (domingo) quando não se tem pressa nenhuma em deixar a área visitada com o deleite de tantas obras de arte naturais.




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quinta-feira, 2 de março de 2017

OS FANTASMAS DOS ATOLEIROS




OS FANTASMAS DOS ATOLEIROS
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de março de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.640

Foto: ( G1).
O Brasil que gosta de imitar os outros países não copiou o desenvolvimento ferroviário dos Estados Unidos. Perdeu muito feio o miolo da história e foi atraído pelo canto da sereia. País Continental preferiu apostar em rodovias o que até hoje causa problemas considerados eternos. Se um trem transporta o equivalente a 400 carretas, imaginem o barateamento do frete aqui dentro e a capacidade de concorrer lá fora. Mas “o que está feito não se está para fazer” como diziam os mais velhos. Agora é correr até cair os cambitos atrás do prejuízo de dezenas de décadas. Corre-se atrás dos prejuízos das rodovias, das novas redes ferroviárias e a recuperação das sucatas. São milhões e milhões de reais perdidos que poderiam ter sido destinados ao social para melhorar a qualidade de vida da população. Veja um exemplo:
“O tráfego de veículos da BR-163 — rodovia conhecida como Cuiabá-Santarém — no trecho entre as localidades de Trairão e Novo Progresso, no Pará, está interrompido há algumas semanas, o que provocou uma fila de 40 km e cerca de 3.000 caminhões no local. O Ministério da Integração Nacional e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) admitiram o problema”.
Mas a sereia não cantou somente na rede de transportes do Brasil. Lembramos da época em que o Major Luís Cavalcante, conhecido como “O Major”, era governador de Alagoas. Depois de muita pressão popular no Sertão, construiu a Adutora de Belo Monte, trazendo água encanada do São Francisco para Santana do Ipanema e outros municípios. E no dia da inauguração, em Santana, enquanto seus bajuladores tomavam banho em praça pública com água dos canos, o Major discursava. Depois de dizer que naquele dia só não iria beber o sino e o ovo, explicava sorridente, ébrio de contentamento: “O ovo porque já está cheio e o sino porque tem a boca pra baixo”. E nós, o povo besta, ria acompanhando as piadas do governador. Por fim, o Major mandou que a partir daquele momento, os sertanejos quebrassem todas as cisternas que jamais iria faltar água no Sertão. Muitos cabras azoados assim o fizeram. Daí para cá nem precisa dizer, pois todos conhecem de sobra às aflições sertanejas nordestinas.
O maior atoleiro do momento, porém, se encontra em Brasília quando os bonecos engravatados, ladrões, gananciosos e infernais, desfilam pelos gabinetes imitando cenas de filmes de horror. Um espetáculo sombrio de pântanos em que as almas penadas, os fantasmas pairam sobre o lamaçal nebuloso e dantesco. Ê Brasil!

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