sábado, 1 de abril de 2017

A CARETA DO SAGUIM



A CARETA DO SAGUIM
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.656
Ilustração (salveoverde).

O alarde que fizeram em Maceió, sobre o saguim encontrado morto no Bairro da Gruta, deixou a população em polvorosa. E por mais ar de inocência que queira fazer, a TV Gazeta sabia que uma notícia veiculada na TV tem enorme dimensão. Talvez para causar sensacionalismo, querendo imitar em tudo as notícias negativas de outros estados protagonizou a Careta do Saquim. Talvez a gazeta estivesse procurando mesmo uma notícia sensacionalista, pois fala somente o dia todo, todo dia, de buraco, lama e esgoto.
Depois da m... Feita, vem os panos quentes para acalmar a população. Por sua vez, enxergamos as autoridades apenas preocupadas com as carcaças dos animais mortos (falam em dois) tentando detectar alguma coisa que confirme ou negue a febre amarela. Também, depois de uma zoada da peste daquelas, a parte da Saúde corre que o só o raio da silibrina para mostrar serviço.
"No momento, a população não deve entrar em pânico. Não temos nenhum caso confirmado de febre amarela aqui em humanos. No primata que foi encontrado em setembro do ano passado o primeiro exame deu positivo. Mas existem três técnicas que são responsáveis por esse laudo. As outras duas deram negativas. Mesmo assim, iremos fazer uma contraprova. No momento, está descartada a febre amarela neste primata". 
Observem bem, primata encontrado em setembro do ano passado. Encaramos tudo isso como uma brincadeira de mau gosto e falta de responsabilidade em noticiários de peso.
Por outro lado não vem sendo veiculadas notícias sobre Batalhão Ambiental, IMA ou qualquer outro órgão responsável pela defesa da flora e da fauna. Na verdade, se tem animais morrendo nas grotas de Maceió, a obrigação seria uma investigação rigorosa em busca da causa. Tem gente envenenando os primatas? Chegou algum predador diferente na área? Tem pessoas malvadas caçando por ali. Será a escassez de comida que vem provocando as mortes? Fora os saguins, têm outros animais aparecidos mortos?
Caso não esteja havendo essa investigação em favor da nossa fauna urbana, demonstra uma falha grave nos órgãos protetores. Isso até nos faz lembrar dois galegos arruaceiros que havia no Bairro Camoxinga, em nossa cidade. Ficavam ambos no lugar denominado Maracanã e quando um cidadão passava eles perguntavam se tinha mosquito (um ditado da época). E se tivesse mosquito o pau cantava em qualquer um dos passantes.
É de se perguntar a Secretaria da Saúde e a TV Gazeta: Tem mosquito?




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quinta-feira, 30 de março de 2017

NOTÍCIAS SERTANEJAS



NOTÍCIAS SERTANEJAS
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.655

Planejamento na Escola Helena Braga. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas. 30.03.17).
Tudo começou com a falta de energia na madrugada da quarta para a quinta. O calor sufocante, mesmo às três horas, não deixou mais ninguém dormir no meu sertão velho de guerra. E as velas, tão fraquinhas que pareciam caducas, nem mesmo chegaram ao fim. Pequenas borboletas, novo tipo de safra por aqui, rondando e disputando a luz capenga. Uma ameaça para os ouvidos. E o camarada sem poder fazer mais nada, fica aguardando uma muriçoca ou outra a lhe atanazar no escuro. De repente se ouve o ronco do trovão, lá longe por esse céu sem fim. Grande é o desejo, comadre, de sentir novamente a luz do dia. E você fica dando plantão deixando escorrer o suor até que as quatro a energia retorna.
Pela manhã correm as notícias de boca em boca nas terras sertanejas: Foi muita chuva na região de Canapi, Maravilha, Capiá da Igrejinha e por esse mundo todo. Falam de barreiros cheios e açudes com reforço. Todos se alegram no semiárido. Se não choveu aqui, mas choveu acolá, diante da seca braba que vem engolindo o estado de Alagoas.
E nós, na Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, pela manhã desta quinta fazendo projeto de visita à RPPN Reserva Tocaia. Mas a Reserva está tão seca que faz pena. Parece que Deus ouviu nossos lamentos e logo à tarde, das três às quatro horas, o velho trovão também surgiu nos céus de Santana do Ipanema e andou assustando a cidade quando um pé-d’água calibrado fez a festa nordestina. Esperamos agora quando da visita de professores e alunos na Reserva, que a vegetação já esteja verde e os passarinhos possam nos saudar com mais inspiração.
Por aqui, choveu antes do dia de São José e agora o mesmo santo entrega o seu mês a abril com esperanças de final da longa estiagem. Muita gente correu para dentro dos quartos trancando as portas com um medo triste do regougar novidade. Mas após o toró, cabeças contemplavam a Natureza, ordenavam o dedo para cima e exclamavam olhando para os céus: “Valeu, Pedrinho, é isso aí”.


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