quarta-feira, 30 de agosto de 2017

SÓ VAI À FORÇA

                                                      SÓ VAI À FORÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.727

SALGADINHO, TRECHO DO REGINALDO. Foto: (Agência Alagoas).

Dizem que tudo tem o seu dia. E não poderia ter sido noticiado fato melhor para o estado de Alagoas, principalmente para a capital.  Pelo que saiu através de órgão noticioso, os eternos problemas que afligem a bacia do riacho Reginaldo estão perto do fim. Isso, graças ao responsável pela criação da força-tarefa, o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar, que acredita ver resultados em médio prazo. É finalizada a primeira etapa da força-tarefa para recuperar a bacia do riacho Reginaldo. Foram realizados levantamentos sobre impactos ambientais e o comprometimento da bacia com grande quantidade de sujeira ali jogada, lançamento de esgotos, pouca água das nascentes, poluição, mau cheiro, ocupação irregular às margens e falta de preservação da mata ciliar e das áreas de nascente.
Na força tarefa atuam três promotores de Justiça: Promotoria de Justiça, em áreas diferentes.
Em setembro terá início a próxima fase quando serão ouvidos entes públicos e privados para formação de ações que possam minimizar os dados detectados na primeira fase. E com a segunda fase desse trabalho, com o envolvimento de vários órgãos públicos e privados e com a própria população do vale do Reginaldo, espera-se grande melhoria desse problema que se arrasta por décadas. O Reginaldo é o mais famoso riacho de Maceió e que foi transformado em esgoto. Veja um pequeno histórico publicado pela mesma fonte:
 “A Bacia do Reginaldo é uma homenagem ao juiz Reginaldo Correia de Melo, que atuava junto a órfãos da Vila Massayó, antigo nome da cidade de Maceió, no final do século XIX. Também chamado de Massayó ou Rego da Pitanga, seu trecho mais famoso é o Riacho Salgadinho, que vai da ponte do bairro do Poço até o mar. Ao todo, o rio possui uma área de 30 Km². A extensão do leito principal é de 13,5 Km, iniciando nas proximidades do Bairro Benedito Bentes e desaguando nas águas da Praia da Avenida. O Reginaldo é uma bacia urbana, totalmente dentro dos limites da capital. Alguns outros principais problemas são a ocupação urbana desordenada, que dificulta a administração dos serviços relacionados à água, esgoto, drenagem e a falta de educação ambiental junto aos moradores”.
Em Santana do Ipanema, jamais será solucionada a mesma coisa que ocorre com o trecho final do riacho Camoxinga a partir da Rua Santo Antônio; e com o trecho urbano do rio Ipanema a partir da parte inferior da barragem.
Só uma força-tarefa com o Ministério Público pode resolver. Alerta, sociedade MUDA santanense!








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terça-feira, 29 de agosto de 2017

RAUL, SATUBA E ROSINA

RAUL, SATUBA E ROSINA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.726

RIO IPANEMA. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
“Sou fervoroso adepto da vida na roça. Desde cedo, corpo e alma dediquei-me à plantação, a criação e aos livros. Viver, como ora vivo, em contato direto com a Natureza, ouvindo canto de pássaros livres da floresta, à noite, o sussurro do Ipanema no declínio poético de suas cheias, aspirando o cheiro que se exala da floração dos arbustos que cercam a minha casa e bordam, ainda, as margens do rio, tudo isso, francamente, me parece o sopro de Deus-Vivo embalando a minha própria existência, e o mundo santo da espiritualidade. Sou, portanto, um homem feliz”.
Certa vez encontrei esse personagem no livro de Raul Pereira Monteiro, “Espinhos na Estrada”, publicado em 1999. Referindo-se aos seus costumes de criança, Raul fala das caminhadas que fazia para vê as borboletas esvoaçantes da periferia de Santana do Ipanema. Curioso em vista de alguns boatos, lá no rio, no lugar Volta do Ipanema, resolve desvendar o mistério de um ser solitário chamado Satuba. Descobrindo que Satuba não era assustador como imaginava, mas sim, um doce roceiro intelectualizado e poético que lhe relata o motivo de viver solteirão. Fala do único amor da sua vida com a desastrada Rosina, rompido por ele mesmo. Raul conversa bastante com Satuba.
Adepto também das caminhadas no entorno da minha cidade, fui à Volta lembrar o Satuba apaixonado de cerca de meio século atrás. Nada encontrei que tivesse a menor relacionamento com o roceiro. Nada de Raul para apontar o dedo para algum sítio daqueles e afirmar: “Era ali a morada do romântico”. E assim os sertões estão cheios de histórias esquisitas, algumas capturadas por escritores tão sensíveis quanto os atores naturais encontrados nas quebradas.
      A simplicidade da história bem conduzida faz o pequeno ficar grande na Literatura. Vejamos o desfecho do caso, novamente passando à palavra ao autor:

“No caminho de casa, eu disse de mim para mim, baixinho, mentalmente mesmo, como se temesse fosse o meu pensamento interceptado por alguma viva alma. ‘Fique tranquilo, Satuba’. Eu também sou um covarde – não tive a coragem de lhe transmitir esta outra mensagem, tão sincera, do meu espírito. Você não é como disse, privilegiado nem homem feliz, sob nenhum aspecto. Você é, isso sim, um triste apaixonado”.

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