quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

ALBERTO AGRA E A PRAÇA DO TOCO


ALBERTO AGRA E A PRAÇA DO TOCO
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.832

ALBERTO. Foto: (Adriana Marques).
Tive três bons professores de Geografia em minha vida, mas Alberto Nepomuceno Agra foi o maior deles e o responsável pelo meu amor à profissão. Intelectual, austero, professor, fazendeiro, dono de farmácia e ex-pracinha, Alberto não era de elogiar ninguém e economizava o riso. Este cidadão foi ainda um dos pioneiros dos transportes coletivos Santana – Maceió, fundador de Companhia Telefônica na cidade, um dos fundadores e diretor do Ginásio Santana, da Rede Cenecista. Além disso, prestou inúmeros outros relevantes serviços à sociedade e sempre esteve presente em todos os grandes acontecimentos municipais.
Certa feita nos encontramos no Comércio e eu – todo acanhado diante daquela autoridade – fui surpreendido quando ele me disse: “Já corrigi as provas, coloquei a sua como uma das primeiras”. Quase não dormi à noite, ante aquela inusitada deferência. Vários anos depois, já atuando como professor de Geografia em várias escolas de Santana, novo encontro.   E ele: “Não me chame Seu Alberto, e sim, Alberto”. Fiz ver ao mestre a minha admiração pelo seu trabalho na matéria geográfica e ele me respondeu com a maior naturalidade: “Você me superou”. Atônito, respondi apenas: “Que é isso, Alberto!...”.
Mas a afirmação de Nepomuceno foi como se eu tivesse escutado o espocar de mil foguetes no alcance do meu objetivo: Desde a adolescência que eu queria atingir um dia a intelectualidade dos três homens que eu considerava os mais inteligentes de Santana e ficar na mesma plataforma: Alberto Nepomuceno Agra, Aderval Tenório e Eraldo Bulhões.
O tempo passou e o meu Velho Mestre partiu deixando a Geografia em minhas mãos, em minha cabeça e no meu espírito.

XXX

As autoridades, criminosamente ignorando o valor histórico da única praça original de Santana do Ipanema, construída na década de 1940 para homenagear um deputado federal que muito ajudou a nossa cidade, Emílio de Maia, destruíram quase tudo na fúria de trator. Para serem agradáveis, retiraram o nome do primeiro benfeitor para colocarem o nome do meu mestre que se fosse vivo jamais teria consentido semelhante aberração.
Mais uma vez a ignorância venceu a racionalidade. Atualmente o santanense perdeu as duas homenagens: nem Emílio de Maia e nem Alberto Nepomuceno Agra. A Praça agora estar sendo chamada PRAÇA DO TOCO.
As autoridades atuais precisam corrigir a injustiça transferindo o nome de um dos maiores santanenses da nossa história, para um lugar decente que até poderia ser uma futura ponte sobre o Ipanema, a futura Praça de Eventos ou mesmo um futuro calçadão no centro da cidade, sem cometerem o mesmo erro. 
PRAÇA DO TOCO! QUE AFRONTA A QUEM DEU TUDO POR SANTANA!







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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

TEMA EM DÉCIMA


TEMA EM DÉCIMA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica” 1.831
Para a sensibilidade de Remi, Fábio Campos, Goretti Brandão, Kélvia, Lícia Maciel, Vasko, Mendes e Lúcia Azevedo.

Tema em décima:
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador
ILUSTRAÇÃO: ROSTAN MEDEIROS

Meu pai é mandacaru
Minha mãe é macambira
Meu doce é de jandaíra
Meu feijão é o andu
Meu vizinho é mulungu
Xiquexique é professor
Alastrado é meu senhor
Minha bebida é a pinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador.

Sou primo do espinheiro
Não gosto de gerigonça
O meu cavalo é a onça
Creme dental juazeiro
Vaga-lume é candeeiro
Rasga-beiço meu credor
Pinhão roxo é meu doutor
Meu colchão é sacatinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador.

Minha irmã é urtiga
O meu mano é cansanção
Meu chamado é o trovão
Minha comadre é formiga
Jararaca minha intriga
Meu jumento é inspetor
Maribondo o vingador
Quando espanto ele se vinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Barriguda é meu ciúme
Meu comandante o facheiro
O guará meu companheiro
Bom angico meu curtume
A jurema meu perfume
Furão meu farejador
Coleira meu cantador
Mosquito agulha e seringa
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Grossas como baraúna
Da morena são as coxas
Por flores brancas e roxas
Sabiá faz a tribuna
Minha aroeira é coluna
Meu instinto é pegador
Meu cachorro é caçador
E a minha reza é mandinga
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

Meu escudo é o gibão
Gitirana é minha Juba
Minha sombra é timbaúba
Imbuá meu anelão
Cascavel meu Lampião
Papagaio é locutor
Meu canário é o cantor
O meu estilo é coringa
Meu bioma é a caatinga
Da caça e do predador

(FIM)








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