quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

GALINHA-d'ANGOLA

GALINHA-d’ANGOLA
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.032

(FOTO: ENCILOPÉDIA LIVRE).
Vamos encerrando o ano dissertando para o neto, a galinha-d’angola por ele perguntada. Trata-se de uma bela ave trazida da África Ocidental pelos colonizadores portugueses. Gosta de viver em bando e possui uma liderança que se identifica na hora da comida, pois vigia enquanto o bando come. Possui diversas e estranhas denominações pelo Brasil inteiro. No Sertão de Alagoas é conhecida como guiné (primeiramente), capote, tou fraco (devido ao som constante do seu canto) e galinha d’angola. É criada em sítios e fazendas nos terreiros e convivem muito bem com outras aves. É arisca, estressada, difícil de ser capturada (geralmente à noite) ou na base da espingarda. Suas ninhadas são feitas escondidas no mato. O bando põe coletivamente em um só ninho que pode apresentar até quarentas ovos. A ave põe em um lugar e vai cantar distante para despistar os predadores.
A carne de guiné é exótica e saborosa; o ovo é uma delícia e supera em muito o ovo de galinha. Outras denominações da ave, conforme a região: cocá, galinha-do-mato, faraona, pintada, picota, fraca, sacuê e cacuê. A galinha- d’angola (Numida meleagris) pertence à ordem dos Galliformes. Ainda existem outras denominações regionais, como galinha de pérolas. Em alguns lugares entram no rito religioso em homenagem a Oxum. Essas aves são rústicas e fáceis de criar. Botam os ovos em camadas e ainda cobertos por palhas ou outro material disponível. Existem nove subespécies.
  “As galinhas-d'angola não são boas mães, raramente entrando no choco. Fazem posturas conjuntas, com ninhadas de até quarenta ovos dispostos em camadas. Desta forma, somente os ovos de cima recebem o calor da ave e eclodem. São inquietas e arrastam os pintos para zonas húmidas, podendo comprometer a sobrevivência deles. Em criações em cativeiro, é recomendável recolher os ovos e colocá-los em incubadoras ou fazê-los chocar por uma galinha”.
Os guinés fazem a limpeza do ambiente contra escorpiões, baratas e insetos em geral. Modernamente para isto é utilizado.
E se você nunca degustou um guiné, um capote, um tou fraco, não sabe o que ainda continua perdendo.
(FELIZ ANO NOVO, MINHA COMADRE, MEU COMPADRE).


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2018/12/galinha-dangola.html

CACHAÇA DE QUEM MORREU

CACHAÇA DE QUEM MORREU
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.031

ALMEIDA. (FOTO/DIVULGAÇÃO).
De vez em quando penetrando no mundo maravilhoso dos repentistas nordestinos, passo a repetir uma historieta. Quando o Zé de Almeida criava fama nos braços da viola, foi chamado para ser testado em Paulo Afonso. Lá estavam os veteranos Manoel de Filó e Jó Patriota (conheci o segundo). Após uma baionada com Manoel de Filó, Jó Patriota assumiu a vez e sentou-se ao lado de Almeida. O vate santanense estava inspiradíssimo e iniciou o segundo baião:
                            
                                      Já cantei com Manoel
Agora canto com Jó
Um é cobra canina
Outro é cobra de cipó
Eu no “mei” me defendendo
Com um taco de mororó.

Aplaudidíssimo.

Em outra ocasião, Zé de Almeida se encontrava no comércio de Santana do Ipanema. Um dos locutores da Rádio Correio do Sertão, veterano, irmão do bispo diocesano, Humberto Guerrera, acabara de sair da emissora. Além de ser experiente o apresentador também era muito querido e gente boa. Gostava, porém, de beber muito e foi alvo naquele momento do poeta Zé de Almeida. Quando o radialista foi passando defronte ao Bar Comercial, Almeida apontou para ele e disse aos que o cercavam:

Lá vai Humberto Guerrera
Locutor amigo meu
Já perdeu até as contas
Das cachaças que bebeu
Tá vivo daqui pra cima
Pra baixo a “Pitú” comeu.

Novamente aplaudidíssimo pela criativa estrofe.
Esse é o mundo encantado do repentista.
Depois tem mais.






Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2018/12/cachaca-de-quem-morreu.html