segunda-feira, 18 de março de 2019

ALMOÇANDO NA BARRIGUDA

ALMOÇANDO NA BARRIGUDA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.075

GALINHA DE CAPOEIRA. (FOTO: B. CHAGAS).
É, o título acima talvez confunda o leitor amigo. Será que o autor não se perdeu? Não seria: “Almoçando com a Barriguda?”, isto é, almoçando com a mulher grávida? Não, a abertura acima está correta e acontece muito com a nossa língua portuguesa. Em Santana do Ipanema, a seis quilômetros do centro em direção a Olho d’Água das Flores, encontra-se o sítio Barriguda. Fica à margem direita da rodovia AL-130 o citado lugar, cuja denominação vem da árvore conhecida popularmente por barriguda (Ceiba glaziovii). Naquela região, proliferaram três ou quatro restaurantes muito pocurados pelos santanenses. Corria a fama da galinha de capoeira e outros pratos típicos à sombra dos alpendres ou das árvores frondosas dos terreiros, movimentavam-se as pessoas nas manhãs domingueiras.
Não sei se a árvore barriguda ainda existe no famigerado sítio. Mas é uma árvore que ocorre também em outros estados nas caatingas do Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Sergipe e Bahia. Também na Mata Atlântica dos brejos de serras nordestinas e Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Até mesmo em algumas cidades do Centro-Oeste. “Barriguda refere-se ao intumescimento da parte central do caule, à meia altura da árvore, tendo a mesma um diâmetro maior no meio do que na base, e que serve para armazenar água extraída através da seiva xilemática”. Também é chamada paineira-branca, devido às suas folhas brancas quando a árvore começa a perder a folhagem.
Essa árvore que pode chegar aos 18 metros de altura pode dispersar sementes pelo vento. Serve para caixotaria, para encher travesseiro, selas, almofadas, colchões e estofamentos de móveis com sua chamada lã de barriguda (pelos que envolvem suas sementes). Na medicina caseira sua casca serve contra inflamação do fígado e para tratamento de hérnia. Pode ser usada para recompor área degradada. É a árvore símbolo do distrito de Roda Velha, município de São Desidério, Bahia.
Logo estaremos indo atrás de galinha de capoeira nas imediações do sítio Barriguda. É logo ali na entrada de Carneiros.
    “Quer ir mais eu, vamo, quer ir mais eu vambora”.




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quinta-feira, 14 de março de 2019

CAÇANDO ONÇA

CAÇANDO ONÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.074

ONÇA-PINTADA (FOTO: PREFEITURA DE CÁCERES
Apesar da bisonha trajetória da fauna brasileira, as histórias de onças continuam no imaginário popular. É do avô para o neto, é do caçador para admiradores, é dos mentirosos para rodas de amigos. É possível observar ainda através de vídeo, caçadas de onça com cachorros. Cachorrada espantando, acuando e cercando a pintada em cima, nos galhos da árvore. Em baixo, o predador de duas pernas com espingarda boa, marca mais um tento contra a preservação da natureza. Isso faz lembrar a anedota do matuto polêmico que matou uma deles e tirou o couro. Passa um sujeito e pergunta: “Esse couro é seu?”. “É não senhor, é da onça”. “Vai fazer o que com ele?”. “Vou vender na rua”. “Homem, diga pelo menos se Deus quiser”. “Se ele não quiser, eu vendo o outro...”.
Assim torna-se bonita a caçada à onça realizada de forma diferente, na televisão. Caçada pelos profissionais da vida, visando a captura e os estudos completos sobre o formidável felino.  Trabalheira medonha para se obter êxito com as armadilhas. Depois, sedar o animal e fazer serviço completo. Medir peso, altura, examinar o sangue, condições das garras, dentição, verificar idade, sexo, doenças... Tudo sendo cuidado por biólogos, veterinários e outros profissionais afins. Maravilhoso trabalho pela preservação da espécie e que estimula a torcida pela natura através da televisão. E os lugares onde os grandes animais já foram extintos, nem foto de onça, na parede. Muito interessante para essa geração às boas reportagens com qualidade, sobre o tema exposto.
No Brasil temos a onça-pintada também chamada canguçu; e a onça-parda conhecida ainda por suçuarana. Ambas habitavam o Brasil inteiro. No semiárido existem casos e casos sobre a onça-parda que não possui o mesmo desempenho da pintada. Comum é se dizer em momentos de decisão: “É hora da onça beber água”. Até indiretamente o bicho aparece, como cantou o cordelista referindo-se às mulheres na praia:

“A nêga levanta a perna
A gente vê a caverna
Da onça suçuarana” (...)

Avé maria!



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