quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

LIMPANDO O MUNDO


LIMPANDO O MUNDO
Clerisvaldo B. Chagas, 1/2 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.238


MACEIÓ/PONTA VERDE. (FOTO/DIVULGAÇÃO).

B. CHAGAS.
Os sacolões usados atualmente nas compras de supermercados atuam fortemente na limpeza urbana. Eles fazem lembrar o nosso interior quando as padarias despachavam os pães embrulhados em papel comum, amarrados com barbante. Mas inúmeros clientes levavam de casa a sacola de pano, geralmente bordadas com um só motivo: pães e frutas, principalmente. As entregas eram realizadas com aquelas sacolas e deixadas no prego da porta ou janela da casa da encomenda. Em Santana do Ipanema, por exemplo, o lixo recolhido em casa era colocado e deixado na calçada, tampado, em latas, caixas de papelão ou lixeiras de pneus. A coleta municipal nas décadas de 1950-60 era feita através de uma carroça, cujo proprietário chamava-se Juvenal com sua burra de nome Nobreza.
Depois veio a grande poluição das ruas com latinhas de cerveja e a praga das bolsas plásticas. Pela solução encontrada da reciclagem, ruas e avenidas estão livres de latinhas, papelão, garrafas pet e metais como o alumínio e o ferro. Os catadores não deixam nada por onde passam. Já foi um grande avanço para o mundo inteiro que se preocupa com esse problema de resíduos sólidos. O recolhimento, de pneus abandonados também permite um alívio grande para o meio ambiente, mas ainda faltam indicações e divulgação acirrada sobre o descarte de pilhas e objetos similares que poluem rios, riachos, lagos e os lençóis  freáticos. Não existe orientação no interior como descartar elétrico/eletrônico. Calam-se todos: comércio, indústria e poder público.
Para quem quer um ano novo com um mundo novo, não basta rever sua conduta interior, mas também cooperar na parte física do Planeta. E o chão em que você pisa faz parte desse todo, presente para toda criatura. E por mais que a coleta de lixo se aproxime da perfeição, há resíduos jogados por todos os lugares como um protesto silencioso dos péssimos costumes, da vergonhosa falta de educação doméstica e coletiva.
Na última noite de 2019 choveu bem na capital de Alagoas. O Ano Novo amanheceu nublado, dorminhoco e belo.
Espera-se muito mais consciência, agora.
Ser humano em equilíbrio... Mundo equilibrado.
Segue a marcha inexorável do século XXI.


 






                                                                 

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domingo, 29 de dezembro de 2019

CHUVA NAS ALAGOAS


CHUVA NAS ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.237
CHUVA EM SANTANA do IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

Infelizmente ou felizmente notícia gosta de usar as duas faces. E as previsões de chuvas para o estado nos três primeiros meses, do ano, deixam o nosso Sertão esperançoso e quase feliz. E o quase fica por conta das alvíssaras até as realizações dos torós anunciados. Para a capital que vive os problemas de afundamentos de bairros, quedas de barreiras, batidas no trânsito e crateras/ armadilhas cheias d’água, não é notícia muito agradável; até mesmo porque se diz que haverá chuvas contínuas e muito calor, bem diferente das trovoadas passageiras e tradicionais. Imaginemos a aflição dos Bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto e imediações com tantos casos revoltantes e não resolvidos.
Mas o semiárido poderá sorrir de boca larga porque chuva na terra é melhor de que ouro em pó. Essas precipitações encherão pilões, barreiros e açudes, permitindo uma ponte robusta entre o verão e a época invernosa. Planta-se feijão de corda, enche a palma, sai o pasto, o capim encobre o lombo luzidio das vacas leiteiras, fabrica-se o queijo e, o legume faz a barriga cheia. O aroma desejado e gostoso da terra molhada dilata as narinas do sertanejo em festa. Estira-se o mandacaru, pia a codorniz e os poetas enchem os salões das fazendas com aboios, emboladas e repentes na viola.
O pincel da natura cobre o giz do espaço com o cinza dos cúmulos, dos nimbos, empurrados pelo regougar dos trovões assustadores. Os traços fortes das chuvaradas cantam nos telhados vermelhos da casa-grande, faz tinir as bicas das taperas e derrubam a lataria enferrujada por cima dos potes de barro. Enrosca-se a cascavel, recolhe-se o carcará, muge o bezerro na baixada e a velha peleja com o fogo do cachimbo vindo do Juazeiro do padrinho Ciço.
Feijão, milho, melancia e mandioca só faltam quebrar o espinhaço do jegue, a mesa do carro de boi ou os eixos do caminhão valente a caminho do armazém.
Na beira do córrego, esse matuto observa e anota até mesmo quando o patriarca da humilde família bota os joelhos na terra, ergue as mãos aos céus e murmura. O gavião ali perto não irá compreender, mas Deus – presente nos matizes do verdume –  abençoa os seus dizeres e suas lágrimas que escorrem rumo ao pequeno riacho murmurante.



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