quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

ESTIVE NA AVENIDA


ESTIVE NA AVENIDA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.243



Em Santana do Ipanema visitei a Casa da Cultura, como cortesia à diretora, Gilcélia Gomes. O prédio onde funciona o órgão fica na Avenida Coronel Lucena, a mais importante da cidade. Resgatado pela prefeitura, o antigo edifício de arquitetura tradicional de época, funcionou anos a fio servindo à Justiça santanense. Seus traços são destaques na avenida e sua localização central facilita bem a chegada dos visitantes. Climatizada, limpa e bem apresentável abriga a Biblioteca Pública que parece ter encontrado finalmente seu lugar definitivo. Para quem conhece a sua história itinerante e sofrida, fica satisfeito em encontrá-la no lugar correto.
Foi nesse mesmo prédio – ainda servindo à Justiça – que aconteceu um fato humorístico e inusitado. Um cidadão despretensioso e folgadiço entrou no prédio em procura de algo. Logo na sala receptiva deu de cara com um preto alto e solitário que estava a ler um jornal. O visitante procurou imediatamente o caminho mais curto da sua busca: “Negão, sabe me dizer onde posso encontrar o doutor juiz?”. O negão desatou gostosa gargalhada e respondeu: “Tá falando com ele, moço”. O restante do acontecido fica por conta do imaginativo leitor.
Nesse edifício estreito e comprido conversei bastante com a Diretora de Cultura, professora Gilcélia Gomes, ex-colega de Especialização em Geo-História. Observei que ali dentro ainda cabe um serviço de informações ao turista, tanto oral quanto gráfico: histórico da cidade, lugares pitorescos, bares restaurantes, hotéis, pousadas e outros dizeres úteis ao bem-vindo visitante. Em uma das salas do longo corredor, chamava atenção várias peças representativas do artesanato do município.
Outras visitas importantes me chamaram, mas saí satisfeito com o que vi e ouvi na Casa da Cultura.
Quando for a minha terra, não se esqueça de uma chegadinha até o casarão da avenida. Depois poste na Internet a impressão da moda:
AMEI.

NA CASA DA CULTURA. (FOTOS: ARQUIVO/B.CHAGAS).







                                                                                                 

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AVÓS NO CHÃO, NETOS NAS ESTRELAS


AVÓS NO CHÃO, NETOS NAS ESTRELAS
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.242

SANTANA DO IPANEMA. AV. CASTELO BRANCO. (FOTO: B. CHAGAS)
Pokémon, Naruto, galáxias e outros babados futuristas levam nossos netos a se distanciarem da nossa antiga realidade. Vinte e quatro horas no ar diante da TV e de outros aparelhos têm levado a nova geração a não se desgrudar da telinha ou da telona. Nada de ximbra, pinhão e brincadeiras nas ruas, monturos e capoeiras. São muitos pintos de granja criados em diferente mundo. Nada de filosofar sobre o tempo. Não corra o risco de receber como resposta: “cada um no seu quadrado”. E nós, os avós, vamos fazendo malabarismos para também não ficarmos quadrados. Esse aprendizado novo (que será ultrapassado em breve) faz lembrar a antiga luta para ingressar na literatura. Fora os livros escolares, o  folheto de feira (cordel), os gibis, as novelas gráficas: Capricho,   Contigo, Idílio... E uma sede danada de aprender.
E por falar em gibi, com suas histórias americanas, era o desenho predileto da época. Zorro, Roy Rogers, Tarzan, Kid Colt, Os Filhos do Capitão, O Fantasma e tantos outros, faziam-nos sonhar, apurar a vista e nos deliciar. E lá no interior, no meu sertão querido de Santana do Ipanema, as novidades não paravam de chegar através do ônibus Maceió-Santana. E Dona Maria, esposa do alfaiate Quinca, vendia as revista novinhas e cheirosas na Rua Nilo Peçanha. Havia também os adolescentes que colecionavam gibis e estavam sempre trocando pelos inéditos para eles. Conheci três colecionadores mais poderosos: João Neto, filho do senhor Coaracy que morava no início da Rua São Pedro; João Soares Neto, vizinho, filho do senhor José Urbano e dona Florzinha; e o Wilson Alcântara (Vivi), filho do senhor Antônio Alcântara, morador na Rua Barão do Rio Branco, perto da Ponte do Padre.
João Neto do senhor Coaracy formou-se em Medicina. Vivi, acho que se tornou Promotor de Justiça e João Soares Neto, aposentou-se pela PETROBRÁS e se tornou advogado. Os dois primeiros já partiram. Sem celular, sem telefone, sem televisão, reinava a alegria e a felicidade.
Acho que passado e presente se complementam armazenando conhecimento e evoluindo o indivíduo.
Seguir pensando ou não pensar seguindo?
Sei não.

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