AVÓS NO CHÃO, NETOS
NAS ESTRELAS
Clerisvaldo
B. Chagas, 8 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.242
SANTANA DO IPANEMA. AV. CASTELO BRANCO. (FOTO: B. CHAGAS) |
Pokémon, Naruto,
galáxias e outros babados futuristas levam nossos netos a se distanciarem da
nossa antiga realidade. Vinte e quatro horas no ar diante da TV e de outros
aparelhos têm levado a nova geração a não se desgrudar da telinha ou da telona.
Nada de ximbra, pinhão e brincadeiras nas ruas, monturos e capoeiras. São
muitos pintos de granja criados em diferente mundo. Nada de filosofar sobre o
tempo. Não corra o risco de receber como resposta: “cada um no seu quadrado”. E
nós, os avós, vamos fazendo malabarismos para também não ficarmos quadrados.
Esse aprendizado novo (que será ultrapassado em breve) faz lembrar a antiga luta
para ingressar na literatura. Fora os livros escolares, o folheto de feira (cordel), os gibis, as
novelas gráficas: Capricho, Contigo, Idílio... E uma sede danada de
aprender.
E por falar em gibi,
com suas histórias americanas, era o desenho predileto da época. Zorro, Roy
Rogers, Tarzan, Kid Colt, Os Filhos do Capitão, O Fantasma e tantos outros,
faziam-nos sonhar, apurar a vista e nos deliciar. E lá no interior, no meu
sertão querido de Santana do Ipanema, as novidades não paravam de chegar
através do ônibus Maceió-Santana. E Dona Maria, esposa do alfaiate Quinca,
vendia as revista novinhas e cheirosas na Rua Nilo Peçanha. Havia também os
adolescentes que colecionavam gibis e estavam sempre trocando pelos inéditos
para eles. Conheci três colecionadores mais poderosos: João Neto, filho do
senhor Coaracy que morava no início da Rua São Pedro; João Soares Neto, vizinho,
filho do senhor José Urbano e dona Florzinha; e o Wilson Alcântara (Vivi),
filho do senhor Antônio Alcântara, morador na Rua Barão do Rio Branco, perto da
Ponte do Padre.
João Neto do senhor
Coaracy formou-se em Medicina. Vivi, acho que se tornou Promotor de Justiça e
João Soares Neto, aposentou-se pela PETROBRÁS e se tornou advogado. Os dois
primeiros já partiram. Sem celular, sem telefone, sem televisão, reinava a
alegria e a felicidade.
Acho que passado e
presente se complementam armazenando conhecimento e evoluindo o indivíduo.
Seguir pensando ou
não pensar seguindo?
Sei não.
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