quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

RUA DOS ARTÍFICES


RUA DOS ARTÍFICES
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.056
RUA ANTÕNIO TAVARES. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 130).

Aqui em Maceió precisando de um capoteiro lembrei-me da minha rua, lá em Santana do Ipanema. Enquanto a Rua Nova (Benedito Melo) era a rua dos músicos, a Antônio Tavares era a rua dos artífices. Sou capaz de descrever todos eles, personagens da minha juventude. Iniciando no sentido Comércio – Bairro São Pedro, conheci Seu Quinca, alfaiate; Zé Lopes fazia cachaça; Vavá de Nésio e Pedrinho de Tô eram capoteiros; Basto Dionísio fabricava selas; Antônio Alfaiate, o nome diz; Jonas, também alfaiate; Gerson Sapateiro fazia “couraças”; Antônio Quiliu confeccionava bicas de zinco: Antônio Januário era marceneiro, sua esposa Maria Néris, costureira; Josefina trabalhava com flandres fazendo candeeiro; João Barbosa consertava móvel; Zé Limeira fazia malas... Nos fundos, Elias com fábrica de calçados.
O único músico que eu conheci na Rua Antônio Tavares, foi o Zé Bicudo, também chamado Zé de Lola, esposa filha do cientista Agenor que trabalhava na Empresa de Força e Luz. Se não me engano, tocava clarinete ou sax, também era motorista.
A Rua Nova tinha quatro ou cinco músicos e ainda teve escolinha musical do senhor Miguel Bulhões e Ivaldo Bulhões. Na parte inclinada e última da Rua Nova, defronte a Igreja Batista, foi fundado o Bar Seresta, por um músico vindo do Bairro São Pedro, talvez de nome Aloísio. A novidade não durou muito tempo. O lado direito desse trecho, dava para os quintais das casas da Rua Antônio Tavares, separado por alto, contínuo e áspero muro avermelhado e bruto de barro e areia. Portões aqui, acolá.  Em tempo de eleição, o muro aparecia com propagandas de candidatos, coisas que se perpetuavam naquela parede de lixa.
Nunca esqueci uma pintura que só desapareceu décadas e décadas depois quando muro e quintais foram se transformando em residências da Rua Nova:
“Para deputado estadual, Oceano Carleial”

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LAMPIÃO CORREU


LAMPIÃO CORREU
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.250
ÁGUA BRANCA. (IMAGEM WIKIPÉDIA)

27.06.1922. Água Branca (AL). Matinha de Água Branca. Segundo telegrama enviado ao Secretário do Interior, um grupo grande de cangaceiros invadiu Água Branca (AL)  e, em torno de 04 horas da manhã conseguiu entrar na residência da baronesa, arrombando a porta dos fundos (velha viúva de Joaquim Antônio de Siqueira Torres). Invadiram os salões e os quartos, num dos quais dormia a própria baronesa, despertada pela presença dos intrusos. A baronesa e mais duas senhoras que lá moravam foram tratadas com bastante respeito. Do lado de fora do palacete ficaram postados alguns cangaceiros, que mantinham os demais moradores afastados, atirando contra os que tentavam se aproximar.
Algumas pessoas organizaram a resistência: alguns rapazes do comércio, o delegado Amarílio Batista Vilar e dois ou três soldados.
Alguns cangaceiros haviam se entrincheirado numa casa vazia onde atiravam devidamente protegidos. Ali ficaram enquanto  durou o assalto.
Dentro do palacete foram quebradas as fechaduras e tudo foi revistado. Levaram muitas joias, objetos de valor, inclusive um cordão de ouro de aproximadamente três metros de  comprimento, e dinheiro, muito dinheiro.
Os cangaceiros, quando saíram dali, seguiram rumo ao município pernambucano de Tacaratu.
O povo então cantou:

“Quando Lampião correu
Da cidade de Matinha
Foi no trote americano
No galope almofadinha”.

(Extraído do livro Lampião em Alagoas, págs. 118-119).

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