domingo, 25 de abril de 2021

 

ESTRELA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 20121

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.519

 


Esta é uma reflexão mais particular, porém, cabe na Geografia de compartilhamento. Sempre que eu voltava de Maceió, chamava-me atenção a cidade de Estrela de Alagoas, a última do Agreste para quem viaja pela BR-316 Maceió – Sertão. Primeiro foi a rapidez com que aquele núcleo evoluiu e modernizou-se, após a sua emancipação política de Palmeira dos Índios. Segundo, a admiração em contemplar tantas árvores nos seus arredores, entre a cidade e uma serra próxima. Um parque rural espontâneo, pensei, mas sem oportunidade de visitá-lo. Ali nos arredores também existem dois montes famosos que foram parar na Geografia de Alagoas, do saudoso Professor Ivan Fernandes (1963).

Várias tentativas da minha parte foram feitas para fotografar ambos os montes afastados da cadeia de montanhas de Palmeira dos Índios: serrote do Cedro e serrote do Vento. Este é belíssimo e visitado por inúmeras pessoas em época de Semana Santa. O máximo que consegui foram fotos azuladas pela distância da BR para lá (cerca de 3 Km) e tempo chuvoso. Era para o meu livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, inédito e engavetado. Modesta à parte um compêndio que nada deixa a desejar ao do mestre Ivan. Entretanto, fiquei mais admirado ainda com suas terras rurais de barro vermelho constantemente exibidas na Internet em vídeos de compra e venda de chácaras e fazendas daquele município. Acho que a morada naquelas terras caracteriza bem a vida dupla campo/cidade. Mundo rural com Estrela de Alagoas e Palmeira dos Índios.

Nem sei ainda como os políticos não se assanharam para emanciparem povoados, distritos e vilas como fizeram no passado. Mas isso ainda pode acontecer com lugares como Areias Brancas, em Santana do Ipanema; Canafístula Frei Damião, em Palmeira dos Índio; e vários outros lugares progressistas de Alagoas como o Pé Leve, Candunda, Caboclo, Piau, Alto do Tamanduá, Carié e muito mais.

Mas nessa hora em que estou planejando plantar meus tomateiros pérolas, bem poderia ser com aquelas terras vermelhas e belas de Estrela de Alagoas e do sítio serrote do Vento.

Amar à natureza.

SERROTE DO VENTO (Crédito: mapio. Net)

 


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quinta-feira, 22 de abril de 2021

 

BAIRRO PERDE O SÍMBOLO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de abril de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.518

 



     Na última terça-feira (20) Santana do Ipanema perdeu um dos pontos de referência da cidade e o principal símbolo de origem de bairro. Com já foi historiado em outra crônica, vândalos derrubaram  um grupo de Cajaranas que davam nome ao lugar, na antiga rodagem, saída para Olho d’Agua das Flores. Tudo ficou por isso mesmo. O lugar tradicional “As Cajaranas”, caiu assim no anonimato histórico da cidade. Agora, por coincidência, longe dali a árvore Cajarana que deu nome as habitações da Cajarana, por trás do Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo, tombou naturalmente, graças `a sua idade e os fenômenos da Natureza. A queda da árvore que originou o lugar Cajarana, danificou três casas vizinhas e teve, após, as ações do Corpo de Bombeiros.

Felizmente esse ponto de referência do Bairro Floresta, ficou imortalizado no livro “Negros em Santana”, de autoria nossa e parceiros. Agora só pode ser visto pela nossa foto imorredoura, pelas conversas de quem a conheceu ou pela memória dos que a vivenciaram. Cajarana (Spondias dulcis) é originária da Oceânia e, conforme a região tem outros nomes como Cajazeira, Cajá-manga e outros mais. Seu fruto é o cajá, azedo/doce, consumido in-natura e excelente para sucos, picolés e sorvetes. Sua madeira é mole e branca muito usada pelos artesãos em madeira. Em nossa juventude conhecemos o jovem filho do conhecido Ney Damasceno que fazia cabeças de piratas com o miolo da cajarana, à canivete. Uma perfeição.

Como a árvore foi cortada em pedaços, demos ideia ao Secretário da Agricultura e Meio Ambiente Jorge Santana, que oferecesse a madeira a um artesão de Senador Rui Palmeira e que tem seus trabalhos expostos na Feirinha Camponesa das sextas-feiras, em Santana do Ipanema. Lembrando também que, Cajazeira foi vulgo de um dos cangaceiros de Lampião que escapou do massacre de Angicos e chegou a ser prefeito da sua cidade, em Sergipe. O lugar Cajarana faz parte do Bairro Floresta, por trás do Hospital Clodolfo Rodrigues de Melo. É uma área muito sofrida e que recentemente foi contemplada com pavimentação em pedra. A Cajarana que lhe o título, já sofrera uma tentativa de incêndio por um morador local. Mas quis a natureza tombá-la pela idade centenária à base de chuva e ventania na parte alta da Floresta.

´CAJARANA EM PÉ (FOTO: LIVRO NEGROS EM SANTANA, B. CHAGAS). CAJARANA TOMBADA (FOTO: CORPO DE BOMBEIROS LOCAL).

 

 

 

 


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