quinta-feira, 13 de maio de 2021

 

OS CINCO NOMES DA TERRA SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.533

 


Como temos falado bastante em Santana do Ipanema, podemos também esclarecer sobre seus títulos anteriores, segredos ou detalhes importantes, despercebidos pelos filhos da terra. E o bom santanense deve se esforçar para conhecer melhor a torrão em que nasceu.

O primeiro nome da região aonde escorria o rio Ipanema, em Alagoas, era chamada de Ribeira do Panema. Leva-se em conta que a palavra “ribeira”, significa rio, pelo menos em todo o Nordeste, assim como a palavra “barra” é usada em todo o Brasil como “foz”, lugar onde um rio despeja suas águas. Essa denominação abrangente de Ribeira do Panema, perdurou até 1787, antes da construção da capela que deu origem à cidade.

É bom salientar que o rio tanto é chamado Ipanema, quanto Panema. Esta é uma forma carinhosa e popular em Santana.

Após a fundação da capela que recebeu a imagem de Senhora Santana como padroeira, a região passou a se chamar: Sant’Anna da Ribeira do Panema. Esta denominação foi de 1787 até 1836 quando Santana passou a Povoado Freguesia.

Quando Santana passou de Povoado Freguesia à vila (1875) teve novamente alterada sua denominação. Ficando nos anais Sant’Anna do Panema. Saiu o nome ribeira.

Desde Santana vila (1875) até 1921, Santana cidade, escrevia-se Sant’Ana do Ipanema. Santana perde um “N” e entra Ipanema pela primeira vez.

A partir de 1921, elevada à cidade, Santana passou a ser chamada e escrita SANTANA DO IPANEMA.

Santana, devido à Santana Ana, avó do Cristo.

Ipanema, água ruim, salobra, na língua indígena Fulni-ô.

O Sertão alagoano foi explorado através do rio São Francisco, quando os navios entravam pela sua foz e subiam até Pão de Açúcar. Dali os sertanistas penetravam pela foz do rio Ipanema, do rio Riacho Grande, Capiá, Traipu e outros que despejam no “Velho Chico”. O Sertão foi habitado por criadores de gado em consórcio com a lavoura, numa manobra autossustentável. As exportações e importações aconteciam através do porto de Pão de Açúcar, guando frotas de carros de boi embarcavam e recebiam mercadorias. A comunicação do semiárido com a capital, também só poderia ser feita por navios na rota, São Francisco, Penedo, Oceano, capital. Não havia estradas por terra Sertão-Maceió.

RIO SÃO FRANCISCO NO POVOADO BARRA DO IPANEMA, EM 1914. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 

 

 

 


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quarta-feira, 12 de maio de 2021

 

AIVECA

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.532


 

O amanhecer em Santana do Ipanema e em todo Sertão alagoano, ultimamente tem mostrado umidade de inverno. Dias quentes, nublados, madrugadas frias, quase sempre com amostras de chuvas de pouca monta. A Natureza anima-se bastante. Entre quatro horas da madrugada até o amanhecer espanta-boiadas fazem alaridos sobrevoando rio, riachos e açudes. Formigas de asas chegam à noite pela cidade anunciando a mudança. Ou pela Covid ou pelo tempo, ruas de bairros ficam completamente desertas e não se vê nem gatos circulando para suas caçadas costumeiras.

Várias prefeituras sertanejas vão ajudando o homem do campo com tratores para aração de terras. Agricultor pobre não pode comprar máquina possante e decisiva. Ara sua terra à base de arado puxado por junta de bois, de cavalos, jumentos, numa dificuldade grande abrindo mão da velocidade que o tempo exige.

O primeiro arado do sertão alagoano, foi o arado de aiveca, introduzido na lavoura pelo, então Dr. Otávio Cabral, agrônomo do governo estadual na década de 20 que ainda trouxe várias outras novidades para o campo, inclusive a cerca de arame farpado e a criação da sementeira, estação experimental no sítio Curral do Meio II, em Santana do Ipanema. Mais de cem cavaleiros de Pernambuco vieram observar de perto as novidades rurais trazidas pelo homem que modernizou a agricultura regional. No caso, o arado de aiveca, foi a grande surpresa daquele momento. Quanto a denominação, vejamos o “Pai Véi”: Cada uma das duas peças do arado que alargam o sulco, afastando e acamando a terra dos lados.

Não vemos em nossa região aquelas grandes máquinas agrícolas mais modernas do mundo, mas para a agricultura de roça, o trator básico é sempre bem-vindo e, ofertado gratuitamente pelas prefeituras, melhor ainda. Dizia Padre Cícero ao sertanejo que perguntava quando deveria plantar: “Choveu, plantou”. É assim que estão fazendo os sertanejos alagoanos. O tempo estar parecendo inverno e a nossa mesa precisa de feijão-de corda e de arranca, milho, macaxeira, abóbora, melancia, fava e muitas outras culturas cujos produtos vão ser encontrados na feira camponesa, ao contrário da Agricultura de Plantation que exporta seus produtos. Com fé em Deus vamos aguardar para breve a fartura no campo.

E que o arado de aiveca seja um grande inspirador na produção dos campos nordestinos.

ARADO NO MUSEU DARRAS NOYA,   (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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