terça-feira, 21 de setembro de 2021

 

NÓS, IMBU E IMBUZADA

Clerisvaldo B. Chagas, 22/23 setembro

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.587



O IMBU, fruto do imbuzeiro, é um dos mais gostosos do sertão nordestino. É agrodoce, arredondado, verde e adorado pelos sertanejos. O falso letrado o chama de umbu. Aqui no sertão é IMBU mesmo, cabra véio. No sertão alagoano o imbuzeiro não faz parte da agricultura, mas sim da vegetação. Isso quer dizer que a árvore e nativa e nunca ouvimos dizer que alguém tenha plantado um imbuzeiro num sítio qualquer. Ao contrário. Durantes as coivaras nas fazendas, imbuzeiros são chamuscados pelo fogo e morrem; além dos fazedores de doce da sua raiz (muito saboroso) que termina eliminando a árvore, cuja batata acumula água para os tempos difíceis. A safra do imbu coincide bastante com o tempo de Semana Santa, quando a atração imbuzada, é feita nos lares do semiárido. Come-se a imbuzada em prato sopeiro ou em copo como vitamina, uma delícia!

O imbuzeiro (Spondias tuberas) é um nome de origem Tupy e nativo do bioma caatinga.  Quando alguém chupa muito imbu, pode se queixar que os frutos “desbotaram” os seus dentes. Já a imbuzada é feita cozinhando os imbus, passando-os na peneira e levando-os ao fogo com leite e açúcar. Iguaria inigualável sertaneja. Na Bahia existe até cooperativa dos catadores de imbu que se espalham pela caatinga, coletam os frutos caídos ou subindo pelo seu tronco e galhos e os conduzem à cooperativa onde serão transformados em picolé, geleia, doce e mais transformação. Isso faz gerar renda para os agricultores, emprego na cooperativa e temporário no campo. Não temos essa iniciativa em Alagoas. Quando existe interesse, tudo é possível.

Lembra-me que quando levamos nossos alunos da então, Escola Estadual Helena Braga das Chagas à Reserva Tocaia, no sítio Tocaias, subimos uma colina dentro da Reserva onde havia uma clareira com um pé de imbu. Pense na corrida dos estudantes em busca dos frutos do imbuzeiro. É fácil de subir no tronco dessa arvoreta copada. Primeiro o interessado perscruta de baixo e o imbu escolhido irá ser coletado em uma das três formas seguinte: na pedra, na vara ou na escalada ao tronco. Sua sombra não é bem fechada, contudo aceita bem uma rede a se balançar à sua sombra. Muito melhor ainda se a vegetação estiver bem verdinha quando o cheiro intenso de mato toma conta.

Ô vida de gado!


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domingo, 19 de setembro de 2021

 

CASARÃO DO BANCO

Clerisvaldo B. Chagas, 20/21 de setembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 2.588

 




Aproveitando a ocasião em que escrevemos a Unidade 3 do livro pertencente à Prefeitura local, “Santana do Ipanema, Terra da Gente”, ficou circulando na cabeça os edifícios nossos, patrimônios materiais, inclusive o casarão do banco. Foi um dos vários edifícios da cidade, construído para o mundo comercial como tantos outros que ficaram famosos. Muitas dessas construções foram construídas no tempo de Santana vila, isto é, antes de 1920. Nesse caso específico entra em foco o prédio do Centro Comercial, vizinho à direita da tão conhecida “Casa o Ferrageiro”. Suas paredes são tão largas que parecem feitas para ocasião de guerra. Descobrimos por acaso quem teria construído tão pomposo casarão: o comerciante Tertuliano Nepomuceno, mas não temos nenhuma outra informação, isto é, o período exato em que foi construído.

Não tendo como identificá-lo de outra maneira, nós o chamamos de Casarão do Banco, porque ali funcionaram várias repartições públicas, inclusive dois bancos. Quem não se lembra do PRODUBAN, Banco da Produção do Estado de Alagoas, dos tempos do governo Divaldo Suruagy? Funcionou naquele prédio e era motivo das gozações do funcionário do Banco do Brasil João Farias que falava: “Banco é do Brasil, esse é tamborete”. Pois bem, também no casarão, depois, funcionou o Banco do Brasil, a Exatoria Estadual, a Biblioteca Pública, e inúmeras outras atividades que honraram a pujança do edifício. Fotografias do Comércio do início dos anos trinta já registravam a presença do edifício em questão. Vai acompanhando a evolução da Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha.

Apesar da pujança do Casarão do Banco, não chama atenção de ninguém, a não ser do curioso ou do pesquisador atento. Os transeuntes passam na calçada todos os dias, para cima e para baixo e nem percebem a sua presença com décadas e décadas de história para contar. E como o hóspede mais ilustre foi o Banco do Brasil, vale salientar que este construiu sua sede própria no Bairro do Monumento onde permanece até a presente data. Lembro ainda do caminhão do senhor Arnóbio Chagas, despejando pastilhas para revestir sua fachada singular.

Santana histórica!

Santana revivendo!

CASARÃO DO BANCO (FOTO: LIVRO 230, DOMÍNIO PÚBLICO).


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