quinta-feira, 28 de outubro de 2021

 

NOSSA CACHAÇA DE CADA DIA

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de outubro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.602


     Deixada a garrafa de cachaça pelo pedreiro, no Loteamento Colorado, em nossa inspeção por aquelas bandas, lembramos do tempo em que fábricas e fabriquetas de tudo proliferavam em Santana do |Ipanema. A cidade sinalizava como futura industrial, mas a falta de incentivo foi apagando a chama de todas elas. Até mesmo nos tempos das grandes cheias do rio Ipanema as canoas transportavam as produções das fabriquetas: cordas, colorau, aguardente, calçados, vinagre, sabão, refrigerante, pré-moldado, arreios, vasos de feijão, bicas de zinco (Canoeiros do Ipanema) e muito mais. E voltando a garrafa de cachaça vazia deixada pelo pedreiro, com marca famosa já no Brasil total, lembramos de pelo menos três fabriquetas que geravam emprego e faziam progredir a terra.

Nunca, porém, procurei saber o nome de cada uma delas. Na Rua Antônio Tavares, primeira travessa para a Rua Nova, havia na esquina a casa do senhor José Lopes, com um grande corredor descoberto. Nunca fomos olhar a “cana”, mas todos diziam que lá para dentro havia uma fabriqueta de aguardente. Já em pleno comércio, vizinha à Alfaiataria “Nova Aurora”, se não estamos enganados, funcionava a fabriqueta de aguardente do senhor Antônio Bulhões que entregava o produto em jegues e caçuás.  Por trás da atual Loja Maçônica, às margens do Ipanema, bem perto da ponte sobre o riacho Camoxinga, o senhor Sinval, morador da Rua Nova, também produzia aguardente, enquanto recitava poemas de Zé da Luz.

E como recuperar fábricas e fabriquetas fica muito difícil, a cidade continua dependendo de indústrias de fora em todos os ramos que se imagina. Por aqui não se fabrica nem picolé redondo. Enquanto isso Arapiraca, Major Isidoro, Maceió e Murici se enchem de indústrias cada vez mais. A cidade se desenvolve sem dúvida com o comércio, a prestação de serviço particular. as repartições públicas e as atividades sofridas do agronegócio. Mas como cada fase na vida é uma fase, vamos vivendo essa nova que de “nada adianta chorar o leite derramado...” 

E nem a cachaça consumida de Santana do Ipanema.

ALAMBIQUE (CRÉDITO: DIÁRIO DO RIO).

 


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terça-feira, 26 de outubro de 2021

 

O PROGRESSO DA RAINHA NÃO PÁRA

Clerisvaldo B, Chagas, 27/28 de outubro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.601



Procuramos tomar a terceira dose da vacina contra o Covid. Fomos conduzidos a um novo Ginásio de Esportes situado às margens do riacho Camoxinga. Como fazia certo tempo que havíamos passado por ali, fiquei abismado com a transformação do lugar que fica após o Aterro de quem vai passar pela ponte que leva ao Colégio Estadual. Na última vez em que ali estive, o local funcionava como Curral do Gado da feira dos sábados. Estava pesquisando e fotografando para “Repensando a Geografia de Alagoas”. Saí constrangido com o desconforto, a insalubridade e o descaso com pessoas e animais. Ali estava agora implantado o Ginásio de Esportes, grande, confortável, sem luxo, mas mostrava atender as necessidades do usuário.

Ao lado do Ginásio, outra surpresa agradabilíssima, uma bonita unidade de saúde chamada “Unidade de Saúde da Família da Baraúna”. Baraúna é uma região de Santana onde se encontra o complexo municipal da Saúde. Uma paisagem completamente transformada que me impressionou bastante. Tudo pavimentado à `base de paralelepípedos, com limpeza total pelos arredores. Sob um sol de 40 graus, fiz questão de percorrer a pé o final da rua até onde faz uma charmosa curva no calçamento, com interrupção â frente. Dali fiquei contemplando o bravo riacho Camoxinga seco (riacho que empresta nome ao maior bairro da cidade). Voltei encantado com a transformação progressista de Santana até nas pontas de ruas.

Informações afirmavam que o Curral do Gado havia se mudado para o outro lado do Aterro, mas não fomos até lá.  Na certa para um terreno antigo pertencente ao saudoso comerciante José Accioly, espaço baldio onde a matutada amarrava os cavalos em dia de feira. E com minha cidade cada vez mais progressista e bela, fomos conhecer a frente da padaria estilo europeu que será inaugurada na Rua São Vicente e mais os prováveis pontos onde funcionarão em breve uma filial da ,mais famosa farmácia de Maceió e um dos mais conhecidos hiper da capital que virão apostar em Santana do Ipanema. Em seguida fomos ao topo do Loteamento Colorado, onde todo estresse desaparece na hora.

Os nossos amigos ausentes de Santana há pelo menos dez anos, ficariam entusiasmados como eu quando visito Centro e periferia. Primeiro comércio do Sertão e segundo do interior das Alagoas.

Progresso à frente rebocando o orgulho.

SAÚDE ONDE ANTES ERA O CURRAL DO GADO (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

 


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