segunda-feira, 15 de novembro de 2021

 

BARRAGEM EM CENA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.614




Prosseguem os trabalhos da barragem do João Gomes no sítio João Gomes, em Santana do Ipanema. O João Gomes é um valente riacho afluente do rio Ipanema e que escorre pelas planuras de parte do município, cruza a Al – 220 a 6 km do Centro da cidade onde forma um cânion na Reserva governamental da Sementeira. Representa uma veia d’água na caatinga em tempos chuvosos e oferece poços e cacimbas em épocas de estiagem. Seu nome, tudo indica, tratar-se de beldroega também chamada João Gomes, uma planta comestível muito consumida pela pobreza durante dias de Semana Santa. Representa um refrigério para o homem e para o rebanho dos que habitam suas margens. Um reforço importante para o seu grande coletor.

Foi anunciada o término do sangradouro da barragem, alto, grande e possante e que iria começar as obras do paredão. Fala-se em um espelho d’água de 6.km de comprimento, assim sendo, outros sítios poderão gozar doa benefícios da barragem pronta. Cria-se um microclima no entorno, outros animais selvagens serão atraídos e uma nova página ecológica se forma trazendo novos hábitos no criatório e nos humanos. Poderá haver até viabilidade para o turismo rural, à semelhança do Açude do Pai Mané, em Dois Riachos. Muitos pássaros e aves que foram embora da região, poderão retornar como o martim pescador, o mergulhão e outros que procuram o peixe de barragem como alimento. E se na verdade tivermos uma extensão de 6 seis quilômetros, é coisa para se admirar, morar perto e criar boi.

Açudes ou barragens são construídos no Nordeste desde os tempos de D. Pedro II e mesmo atualmente o número ainda é insuficiente mesmo com outras alternativas. Por isso mesmo dizia meu professor maior de Geografia Alberto Nepomuceno Agra: “O rio Amazonas é muito importante para o Brasil e o mundo, porém, para a nossa realidade, muito mais importantes são os riachinhos que cortam os nossos sítios, as nossas fazendas”. Não vejo a hora de visitar a barragem cheia e sangrando do riacho João Gomes.

Quando o homem ajuda a Natureza, a Natureza recompensa ao home

RIO IPANEMA RECEBE O RIACHO JOÃO GOMES (FOTO: ARQUIVO B. CHAGAS).

 


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domingo, 14 de novembro de 2021

 

PORTA DA CHUVA – MACEIÓ

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.613





Sabia de todas as músicas de forró daquela atualidade. Tinha as preferências de locutores e rádios da capital. Mas por que os apresentadores falavam tanto em “porta da chuva”? Todos os programas de forró tinham abraços e recados para a “porta da chuva”. Mas esse nome me intrigava, uma coisa estranha e inusitada uma porta desenhada no meio de chuva. E assim as músicas iam desfilando no prato e aquele estudante do interior procurava preencher o tempo com Jacinto Silva, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e outras feras da música popular nordestina, visando angariar ânimo para prosseguir no Curso Médio. É que têm coisas que são tão simples, mas formam tesouros em nossas cabeças.

Somente já adulto, maduro e pesquisador, descobri a tão falada “porta da chuva”. Descendo por acaso, a ladeira dos Martírios fui parar diante do antigo Palácio já transformado em museu. Ali na praça, motivo de tantos embates em busca de melhores salário e combate à avareza de gestores estaduais, resolvia apenas fotografar o casarão das amarguras, mais como presente do que passado.  E atravessei a praça, desta feita silenciosa. Do ponto de ônibus apurei a vista e a memória e consegui descobri do lado oposto da rua, na esquina da ladeira com a Rua do Comércio, um ponto comercial estreito e quase despercebido, com inscrição na fachada: “Porta da Chuva”. Atravessei pelo trânsito intenso, espiei de perto o que para mim fora mistério e tesouro de memória, quis entrar, mas, por que o proprietário iria ouvir conversas de mais de 30 anos depois?

Guardei minhas lembranças só para mim e dei um passo adiante em direção ao Centro. Levava uma alegria por ter descoberto o enigma “porta da chuva”, um estreito lugar em que os passantes enxergavam para um abrigo das chuvaradas surpresas de Maceió.  Mais também conduzia uma amargura em não compartilhar as lembranças da capital na cabeça do rapaz de Santana do Ipanema. E logo atrás ficava o símbolo de batalhas e batalhas sindicais (Praça dos Martírios) buscando vitórias para transformar professores escravos em cidadãos.

Lágrimas não respeitam idade.

Lembranças continuam imortais

E sabedoria ainda é pedaço de Deus.

ANTIGO PALÁCIO DOS MARTÍRIOS, HOJE MUSEU. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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