quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

 

O QUEBRA

Clerisvaldo B. Chagas, 15/16 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.627





O quebra-queixo sempre foi vendido pelas ruas e feiras de Santana do Ipanema. Quem não lembra do melhor quebra-queixo do mundo que se apresentava no Largo da Feira. Um mundo de doce divino repleto de castanha e amendoim, tentação à gula de meninos e adultos. Esse foi o melhor que já degustamos. Certo dia surgiu na cidade – parece-me vindo do Poço das Trincheiras – um tipo de doce muito duro também vendido em tabuleiro, chamado “morozilha”. No início ainda saiu tapeando a criançada, mas dava um trabalho danado para cortar aquela massa dura, doce e colorida, mastigar cansando os queixos e ligando nos dentes. O homem gritava o produto pelas ruas e daí ficou conhecido com o nome do doce que vendia. Isso não durou muito tempo e a moda desapareceu.

Logo o doceiro do antigo quebra-queixo, não mais surgiu na feira e foi substituído por outro doceiro que não usava amendoim e nem castanha. Não tinha muita graça, mas havia bastante coco. Surgiu então um cabra novo aparecendo no mundo dos doces. Era oriundo da margem direita do rio Ipanema, agradável e de voz poderosa no grito. Berrava nas ruas de garganta limpa, sem nenhum tipo de aparelho de som. “Quebra”! Olhe o quebra! Vitamina “B” e mel de abelha!” “Quebra”! Olhe o “quebra”. E o danado do rapaz vendia quebra-queixo como água. Você o encontrava a pé com seu tabuleiro por todas as ruas de Santana. Seu nome? ninguém sabia, era somente O Quebra. Uma ocasião encontramos com o Quebra na ponte do riacho Salgadinho entre o Bairro Domingos e Acácio e Floresta.

Quebra, ainda novo, falou que estava aposentado e que sustentara a família inteira vendendo doce, 40 anos na lida. Deus lhe dera a força da garganta e a coragem para sustentar o batente. Morava algumas casas após a citada ponte onde contemplava o Poço do Juá, mais as corridas que dava quando das grandes enchentes do Panema. Homem de bem e trabalhador, pobre e humilde, nunca se ouviu falar de nenhum mal feito que o desabonasse.  É nessa hora que na porta passa o carrinho dos churros usando aparelho chamativo e música que veio à lembrança do doce de tabuleiro. Parece que estamos ouvindo o grito forte do rapaz doceiro, ecoar no espaço:

 - Quebra! Olhe o quebra! Vitamina B e mel de abelha, quebra! Filhotinhos na escola e pai adoçando a nossa vida!

Vai de quebra?

VENDEDOR DE QUEBRA-QUEIXO (Crédito: Campo Grande News)

 


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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

 

FINAL DE ANO

Clerisvaldo B. Chagas, 13/14 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.626





Para melhor informar ao amigo e amiga fora da terrinha fomos, sexta passada, visitar vários pontos da nossa cidade. Passamos cedo pelas proximidades do Colégio Prof. Aloisio Ernande Brandão, cuja imediações estão localizadas os complexos da Saúde e da Educação.  Muito movimento no Centro Diagnóstico e no Laboratório de exames do SUS, completamente lotado. Fomos, então, ao Bairro Monumento onde havia fila enorme na Caixa Econômica.  Intensa movimentação nas imediações da Praça Dr. Adelson Isaac de Miranda (antiga Praça da Bandeira). Muita gente nas ruas e avenidas gastando o dinheiro que entrou neste final de ano, parecia. Entramos na feira do Sábado e que já iniciara na sexta, o que foi difícil sair pois não havia vaga para estacionar sequer uma carrocinha de mão.

O Centro Comercial repleto de pessoas e lugares sem estacionamento. Decoração natalina em evidência, branca pelo dia, belíssima pela noite.  Conferimos essa euforia das multidões em busca de lojas e prestadoras de serviços com várias vans chegando à cidade e despejando mais gente para consumir nas promoções de final de ano. Diziam das procedências: Delmiro Gouveia, Mata   Grande, Canapi, Ouro Branco, Maravilha, Poço das Trincheiras, Pariconha, Água Branca, Dois Riachos, São José da Tapera, Olho d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira, Monteirópolis, Jacaré dos Homens, Batalha, Inhapi Olho d’Água do Casado e Piranhas. Encontramos pessoas até de Arapiraca procurando pousadas. Deixamos o Centro com destino ao Bairro Camoxinga.

Bastante movimento também entre a Ponte Cônego Bulhões (Ponte do Padre) e a Escola Ormindo Barros. E como sempre, a Rua Pedro Brandão com trânsito sem trégua de veículos pequenos e grandes.  Era um reflexo intenso da liberação mais cedo dos salários do estado e de municípios. Essa intensidade toda foi diminuindo apenas ao nos afastarmos do Largo do Maracanã, para o bairro menos comercial São José. Mesmo assim não paravam todos os tipos de carros de som anunciando tudo nas periferias. E pelo jeito, o povo estava mesmo disposto a botar para fora o dinheiro do governo e o seu neste Natal de COVID, mas também de Esperanças.

Já diziam nossos antepassados: “Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio”.

RUA PROF. ERNANDE BRANDÃO E TRECHO DO BAIRRO MONUMENTO. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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