terça-feira, 26 de abril de 2022

 

BEBEDOURO MANIÇOBA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.691


Situadas a cerca de 2, 3, km do Centro de Santana do Ipanema, essas duas localidades, rio abaixo, fazem parte das primeiras formações do município. No geral são duas ruas compridas e contínuas que sempre sofreram de isolamento. Somente no governo Paulo Ferreira, essas comunidades começaram ter alguma chance de progresso. Tudo muito devagar, água, luz, calçamento e os combates constantes da saudosa líder comunitária Dona Joaninha. Vale salientar, que o time Ipanema Atlético Club passou uns tempos jogando por ali enquanto fazia qualquer coisa no seu Estádio próprio. Ultimamente essa região ganhou acesso asfáltico enchendo de esperanças os seus moradores. Bebedouro, porque era a região onde o gado bebia. Maniçoba, porque ali proliferava a maniçoba, planta que também produz uma espécie de borracha.

Antigamente, anos 60-70, as duas ruas também se comunicavam com a BR-316, através de um corredor de aveloz indo sair por trás da UNEAL. Uma pequena ladeira saindo das ruas, pega uma chã muito boa que chega até a BR. Pois bem, Bebedouro e Maniçoba, propriamente ditos, já deram o que podiam nessas partes baixas. O progresso estar chegando fortemente na chã onde antes era o corredor de aveloz que virou estrada e encontra-se lotado de habitações e mais: UNEAL, Batalhão de Polícia, Escola Modelo, conjuntos residenciais, repartições públicas e agora o Complexo Nutricional Dr. Isnaldo Bulhões Barros, dão uma dinâmica forte naquela saída/entrada de Santana do Ipanema. É bom saber que essa região da chã também fazia e faz parte do Bebedouro/Maniçoba.

As duas ruas de baixo, estão localizadas às margens do Ipanema onde encontramos o poço do Escondidinho. Um pouco rio abaixo encontra-se a estreita foz do riacho do Bode. Como não se houve falar em sangramento do açude, o trecho do riacho após o paredão até o Ipanema, só serve praticamente para levar as enxurradas das águas pluviais e servir de avenidas a Calangos e preás espertos. O primeiro documento sobre Santana do Ipanema, fala da Maniçoba, de venda de terras e gado, cujo vendedor deixou a Maniçoba e foi morar em Olho d’Água da Cruz, antigo Poço das Trincheiras. Assim é nossa terra. Assim é o progresso.

COMPLEXO NUTRICIONAL DR. ISNALDO BULHÕES BARROS (FOTO: FELIPE VIEIRA/AGÊNCIA ALAGOAS).


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MARCO PERMANENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 26 abril de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.670



 

Construído na antiga Praça da Bandeira em Santana do Ipanema o marco de passagem do Século XIX para o Século XX, funcionou como profecia para um dos maiores acontecimentos do Século XX. Um marco de passagem de século representando uma igrejinha verticalmente cumprida, sem primeiro andar e tão estreita que de fato apresenta o edifício como apenas o registro do acontecimento tão significativo. O marco foi dedicado a Nossa Senhora Assunção, cuja imagem havia sido encomendada a Portugal. Somente muito depois da inauguração do prédio, a imagem da santa chegou a Santana do Ipanema. Veio de navio e de trem até à cidade de Viçosa, final dos trilhos na época, e dali para a nossa cidade veio em lombo de jumento. Antes a imagem de N.S. de Fátima ocupava o espaço aguardando a sua chegada.

A igrejinha de N. Senhora Assunção faz parte do Quarteto Arquitetônico do Bairro Monumento, juntamente com os edifícios do antigo Ginásio Santana, Tênis Clube Santanense e antigo Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Aliás, o nome do bairro vem dessa igrejinha/monumento. Adiante, a Igreja Sagrada Família e o prédio tradicional dos Correios fazem parte também da tradição. O marco do século parecia profetizar o surgimento de Lampião e o seu fim nos degraus do edifício. A praça não se chama mais da Bandeira e sim Adelson Isaac de Miranda e, a qualidade do prédio continua excelente, pois nunca houve negligência na sua manutenção. É um ponto turístico por excelência. A propósito, a igrejinha está situada na beira da rua, hoje asfaltada.

Antes nos os degraus não havia grade de proteção. Era comum alguns fazendeiros e outros afins marcarem ponto nos degraus da igrejinha, O que saía sobre a vida alheia era um absurdo. O lugar sagrado era esquecido e o que se ouvia ali, causava rubor até em mulheres de meretrício. Em suma, não havia o menor respeito por parte daqueles hereges (alguns já morreram). Não sabemos se foi por isso que o padre Delorizano Marques gradeou os degraus da igrejinha. Tempos depois, surgiu sem a grade. Atualmente não temos prestado atenção naquela porta que quase sempre vive fechada. Portanto, esse marco do século poderá ser um ponto turístico de muito destaque para Santana do Ipanema.

A igrejinha/monumento pertence à Paróquia de Senhora Santana.

 


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