quarta-feira, 10 de agosto de 2022

 

SUA TERRA

Clerisvaldo B. Chagas 11 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  2.749


Muito tempo parado, aproveitamos o raro dia de Sol deste inverno e fomos visitar alguns pontos de Santana do Ipanema. Iniciamos pela rua mais antiga de Santana, a Antônio Tavares, onde a encontramos completamente asfaltada. Talvez devido a arborização pareceu que a mesma havia se estreitado. Antes, totalmente residencial a “Rua dos Artífices”, inicia pequenos negócios de comércio que deslumbra para o mesmo efeito avançado da Rua Pedro Brandão.

Fomos ao monumento ao asno, à 60 GERE para regularizarmos à nossa Aposentadoria, uma visita ao Centro   Médico Hebron, uma passada pelo Complexo da Saúde, vizinho ao Colégio São Cristóvão, onde constatamos o grande fluxo de pessoas que descem da famosa Rua das Pedrinhas em busca dos serviços médicos do SUS.

Pena o Complexo Educacional e de Saúde ficarem encravados em terrenos insalubres, onde fluxos d’água escorrem permanentemente nessas ruas, vindos da parte mais alta da região. Isso corrói o calçamento que recebe lixo do pequeno comércio de lanches e não combina de maneira nenhuma com a Saúde.

Ouvimos muita reclamação do povo sobre a falta de um semáforo na cabeça de ponte da Camoxinga, na BR-316 – cruzamento perigosissimo – e a cobrança de motoristas para melhoramentos na entrada da rua para esses complexos. Os carros têm que entrar travessados correndo perigo com o trânsito da BR. Santana virou Maceió em termos de trânsito e falta de estacionamento. “Não podemos nem mais atravessar à rua a pé”, nos falava uma senhora a quem demos carona.

Encerramos a nossa incursão pela cidade, ainda dando graças pelo Sol que banhou o dia 10 de agosto, numa passada pelas imediações da Praça da Paróquia de São Cristóvão, onde os serviços de lanche no logradouro atraem bastante pessoas. As crianças deixavam às escolas particulares das imediações e funcionavam vacinas na Secretaria de Saúde, antigo Hospital e Maternidade Arsênio Moreira, bem no filé do Bairro Camoxinga. Não deixamos de registrar a Igreja Matriz de São Cristóvão, bem pintada, ornada e de porta principal aberta aos seus fiéis, como deve ser.

IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO, DIA 10/08 (FOTO: B. CHAGAS)

 


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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

  

BEXIGA LIXA

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.748

 

Já abordamos esse assunto há muito, mas com o surgimento da Varíola do Macaco, vamos voltear. No final dos anos 50 para os anos 60 a varíola surgiu aqui no sertão de Alagoas. O povo mais humilde chamava a doença de bexiga, o que já estava acostumado a xingar as coisas com esse e o nome peste. As pessoas ficavam completamente pintadas, com ênfase para os indivíduos negros. Quase sempre a bexiga era caso certo de morte, então, os doentes eram levados para o rio Ipanema, a cerca de 3 km da cidade rio acima, onde havia uma loca e ali era depositada a pessoa que ficava à mercê da Natureza. A comida levada pelos familiares era empurrada para dentro da “loca dos bexiguentos” com uma vara, segundo os mais velhos.

Depois chegou à vacina que também era aplicada nas escolas. Do produto não temos lembrança, mas o procedimento da vacina era aplicado com uma pena de escrever, no braço, o que deixava uma marca para sempre, pois eram feitos arranhões na pele que deixavam a cicatriz. Diziam que a doença pegava pelo vento, daí, contato com o doente apenas quando a pele do infectado estivesse completamente murcha daquelas manchas róseas que pintavam todo o corpo da vítima. O sertanejo costumava xingar as pessoas e coisas com os nomes: peste, doença do rato e bexiga lixa. Portanto parece ter sido um castigo divino contra esses impropérios bárbaros. Aliás, o nome “peste”, é o mais citado do Brasil pelos alagoanos em momentos de ira.

Como dizem que a moda sempre estar voltando, a doença parece também possuir os seus ciclos. A Varíola do Macaco é a cópia da varíola dos anos 60, pelo menos externamente. Quanto à vacina ainda não foi divulgada e se foi não teve a ênfase merecida. Só não acreditamos que iremos voltar a usar no braço a aposentada pena de fazer caligrafia.

Continua no leito do rio Ipanema, no chamado poço Grande ou poço do Boi, a loca dos bexiguentos e que outros dizem tratar-se de uma pirâmide alienígena. A loca fica na parte inferior da pirâmide vigiada por urtigas e marimbondos em tempo de estio. Ilhada pelas águas barrentas do Panema, em tempo de cheias.

PEDRA DOS BEXIGUENTOS EM 2006 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 


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