quinta-feira, 18 de agosto de 2022

 

LAGOS, LAGUNAS, LAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.754


Quando as águas se acumulam numa depressão, a grosso modo chamamos o local de lago. Caso o volume d’água não seja tão grande, damos o nome de lagoa. E se esta depressão com água tiver alguma comunicação com o mar, leva o nome de laguna. Na verdade, tudo é lago com seus apelidos, conforme suas características. Os dois lagos de Maceió, por exemplo, chamados lagoas Mundaú e Manguaba, nos seus vulgos são lagunas. Valendo-me de Elian Alabi Lucci, os lagos quanto à origem, podem ser: residuais, de erosão, de depressão, tectônicos, vulcânicos, de barragens e mistos. Os cursos d’água que se comunicam com os lagos são chamados afluentes e, os que ajudam no escoamento das suas águas de emissários.

Lagos residuais – provenientes de antigos mares bem extensos que regrediram. Exemplos: Cáspio e Aral.

Lagos de erosão - formados em antigas depressões, em geral pouco profundas, resultando do trabalho da erosão fluvial. São comuns na bacia do São Francisco, no Nordeste ou então escavados pelas geleiras como os da Finlândia. Descrevemos todos eles, do São Francisco, em nosso estado no livro “Repensando a Geografia de Alagoas” (inédito).

Lagos de depressão – que resultaram do acúmulo das águas pluviais e fluviais em depressões fechadas; exemplo Tchad, na Ásia.

        Lagos vulcânicos – formados pela acumulação de água em antigas crateras de vulcões, como o Crater Lake, nos Estados Unidos.

Lagos de barragens – formados por restingas ou cordões litorâneos que dão origem a lagunas, cujos exemplos são os principais lagos brasileiros. (Mundaú, Manguaba – Maceió)

Lagos mistos – Que possuem diversas origens, como, por exemplo, os provenientes de ação erosiva de geleiras, sobre zonas fraturadas da Terra como é o caso dos Grande Lagos da América do Norte e alguns lagos suíços.

Esperamos que o amigo ou amiga tenha gostado. Pena não vermos mais a matéria Geografia de Alagoas, em nossos currículos escolares. Só regressão.

LAGUNA MUNDAÚ EM TEMPO DE CHEIA (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO: REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS).

 


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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 

EMBOLADA E CARESTIA

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de agosto de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.753

 

As origens do cantador nordestino de viola, são as mesmas do embolador repentista. O cantador canta ao som da viola, o embolador ainda canta com pandeiro, porém, no início era com uma “peneira” e/ou com um ganzá. A peneira é um instrumento musical caseiro feito de palhas secas e duras com pedrinhas dentro. O ganzá é um instrumento musical cilíndrico, feito de zinco e várias pedrinhas no bojo. Essas pedrinhas quando agitadas pelo embolador, asseguram o seu ritmo de cantoria. Muitos emboladores nordestinos, já falecidos, continuam na boca dos apologistas como verdadeiras lendas de todos os tempos. Os nove estados da região Nordeste possuem seus emboladores atuais e os lendários amados pelo povo.

Esses emboladores, bem como os violeiros, eram repentistas em que, cada uma dessas categorias, com estilo diferente, cantava nas feiras e nas festas que havia na zona rural. Os repentistas, violeiros evoluíram mais, estão muito organizados, atualmente. Quanto aos emboladores, não notamos evolução alguma. Continuam cantando nas ruas, nas feiras... Porém migraram do pequeno interior para as cidades grandes. Pululam nos canais das redes sociais e por causa disso, vamos conhecendo todos os emboladores do Nordeste.

 Como a dona-de-casa reclama da carestia geral em Santana do Ipanema desde o início do Século XX, iremos confirmar a pesquisa apresentando um fragmento de estrofe de emboladores, muito antiga, do tempo em que a cidade de Ouro Branco era chamada Chicão ou Olho d’Água do Chicão e a cidade de Maravilha ainda era apontada pelos emboladores analfabetos de Maravia. Além disso, entra na estrofe o sítio santanense Água Fria, que fica perto do rio Ipanema, próximo da zona serrana do município e Poço das Trincheiras, município vizinho. A carestia dos produtos do comércio e das feiras santanenses virou tradição e parece não ter fim. Foi salvo do nosso folclore, como dissemos, esse fragmento dos emboladores de tantas eras atrás. Você pode até não concordar com as afirmações do poeta anônimo, porém, jamais negar a beleza da cadência da estrofe histórica:

 

 

 

Maceió é pra negócio

                                 Santana pra carestia

  Mulher feia só no Poço

Ôi pelado n’Água Fria

Cachaceiro no Chicão

E ladrão na Maravia...

 

CENTRO DE SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


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