terça-feira, 20 de dezembro de 2022

 

AINDA COSTINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.817

 


Recontando as presepadas de Costinha e que fazia rir toda a cidade de Santana do Ipanema, trazemos três passagens em diferentes ocasiões. A mais famosa de todas, surgiu contada pela população quando este escritor ainda era adolescente, passou por gerações e gerações na boca do povo. Antônio Alves Costa teria sido comerciante na Rua e Bairro São Pedro.  Certa feita, chegou uma senhorita mulata puxando por um “S” enjoativo e prolongado. Mostrava ser ou ter ido ao rio por temporada. Perguntou toda boçal: “Seu Cosssssta, tem passsta?” outros falam que a mulata perguntava por manga rosssssa”. Não havia essas leis de hoje, e Costinha respondeu, talvez mais pelo esse de que pela cor: “Tem não, nega besssta... tem bossssssta, gossssssta?”.

Segunda passagem, essa contada a nossa pessoa pelo próprio Costinha: Morava o nosso prático de veterinário na Rua Benedito Melo (Rua Nova). Todos os dias, muito cedo ainda, passava um pãozeiro com seu carro de pão e uma buzina estridente, buzinando sem parar e tirando todas as pessoas da cama. Costinha estava irritado e, querendo dar uma lição no pãozeiro. Gostava de chamar todos os indivíduos de “coisa boa”. Tocaiou o homem do pão para a manhã seguinte e ficou à espera. Mal o dia tinha amanhecido, Costinha ouviu novamente a buzina estridente do padeiro que não estava disposto a deixar ninguém na cama. Desceu correndo os degraus da casa, ala mais alta da rua, aproximou-se do homem e disse: “Ô, coisa boa, dê licença um instantinho”. Pegou a buzina do pãozeiro, mirou no ouvido do cabra e saiu imitando o vendedor de pão pelo menos por alguns minutos. Apavorado com a agressão aos seus tímpanos, o pãozeiro animado deixou de vende pão na Rua Nova.

Terceira. Já com idade avançada e morando no Bairro Monumento, Costinha mantinha seu vigor físico descendo e subindo a grande ladeira da Rua Coronel Lucena, Comércio e vice-versa, correndo.  Era uma admiração geral. Ali morava uma professora que sempre discutia com o marido e contava tudo a quem achasse conveniente. Em uma dessas manhãs, Costinha descia correndo para o Comércio, como sempre, quando a professora atravessou a rua e parou o homem para fofocar: “Costinha, Costinha, para aí”. Costa parou e indagou o que era. “Eu e o meu marido brigamos muito ontem à noite. Você sabe, Costinha, o pênis de fulano é deste tamanho...” E mediu o dito cujo com as duas mãos, deliberadamente. Costinha nem deixou a professora terminar, cortou a conversa, acelerou a marcha e disparou dizendo: “A peste é quem sabe!!!

DESTE TAMANHO.

 

 


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QUEBRADEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 20/21 de dezembro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão alagoano

Crônica: 2.816

 


Parece coincidência, mas tudo na natureza acontece em ciclos repetidos em meses, em anos, em séculos, mesmo com outra roupagem, mas com todas as características anteriores. Quando encerramos o nosso trabalho “Santana, Reino do Couro e da Sola”, após chegar a parte final, explicando a quebradeira que aconteceu com os curtumes e as fábricas de calçados de Santana do Ipanema – na época o prefeito era Adeildo Nepomuceno Marques, o governador era ainda Lamenha Filho e o presidente era Costa e Silva, do regime militar – são estampadas quebradeiras de fábricas de calçados famosas na Região Sudeste e na Região Sul, inclusive na  famigerada capital dos calçados do Brasil: cidade de Franca. Coincidência ou ciclo que a natureza faz repetir?

Centenas de empregados foram demitidos, segundo as notícias, gerando constrangimento e dor. Imaginem em Santana do Ipanema, esse fenômeno acontecendo com as fábricas de calçados que existiam, pelo menos três, que acompanharam a quebradeira dos seus fornecedores de couro e sola, os curtumes dos subúrbios Maniçoba e Bebedouro. Muitos santanenses viveram a época, mas é como diz o livro documentário: era uma atividade invisível e até agora, fora o nosso trabalho de resgate, jamais foi escrita uma linha apenas sobre o tema.  Um cala-boca vergonhoso sobre a nossa história em que tivemos papel de arqueólogo para “Os canoeiros do Ipanema”, “A igrejinha das Tocaias” e “O Reino do Couro e da Sola”.

Será que tem alguém registrando a quebradeira das fábricas calçadistas do Sul/Sudeste. Quisemos mostrar apenas que não existe coincidência nas coisas pessoais e coletivas desse mundo. Nesses momentos cresce a Filosofia, ciência chata, mas necessária para fazer o ser humano pensar.

Agora falta receber uma avalição do escritor Marcello Fausto, à guisa de prefácio, um pente fino no que foi dito e uma interrogação como publicar. De qualquer maneira já foi resgatado o ciclo do couro e da sola em Santana do Ipanema.

Deixe-me curar uma virose para conversarmos melhor.

PARCIAL DE SANTANA DO IPANEMA. IGREJA DE SÃO CRISTÓVÃO. (FOTO: B. CHAGAS).

 


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