terça-feira, 10 de janeiro de 2023

 

POÇO DAS MULHERES

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.827

 



A proposta do grupo era mostrar às autoridades e à sociedade em geral, a intensa poluição do trecho, urbano do rio Ipanema relativo ao Bairro Barragem até o final do Bairro São Pedro. Assim fomos da zona oeste da cidade até a zona leste, por dentro do rio seco e prosseguimos até o final do bairro ou subúrbio Bebedouro. Fotografando, filmando, conseguimos o nosso objetivo quando exibimos a poluição geral dominada pelo lixo doméstico que não poupa lugares. Até sentíamos pena em vermos tantas carrapateiras ao longo do rio, terrivelmente adubada, assoberbada com tanto lixo.  A carrapateira que dá o fruto mamona, é muito bonita, vistosa, folhas largas, frutos belos em cachos, tal qual a uva. É matéria-prima do biodiesel e do azeite que lubrifica o eixo do carro de boi e o torna cantador; orgulho do carreiro.

Antes da empreitada, havíamos sido informados pelo saudoso comerciante Benedito Pacífico, sobre o Poço das Mulheres que fica exatamente aos fundos do seu Restaurante Biu’s Bar, à Rua Delmiro Gouveia. O poço, situado em local de pedregulho, puxa mais para perto da margem direita do rio Ipanema. Antigamente, depois das grandes cheias, entre três a quinze dias, a o volume d’água baixava, a cor barrenta limpava, avisando ser o momento propício para os banhos nos poços: Juá, das Mulheres, dos Homens e o do Escondidinho. Pois bem, ao passarmos em nossa missão pelo poço indicado pelo senhor Benedito, paramos para fotografar, apreciar e admirar aquele trecho ajardinado de pedras e arbustos por trás da Rua Delmiro Gouveia. Imaginamos as mulheres se banhando, naquele tempo onde o banho era com vestido e tudo.

Os homens banhistas do Poço do Juá, a cerca de 300 metros abaixo, não subiam para o poço das Mulheres. Naquelas imediações ainda hoje se vê no leito do rio seco, muitos arbustos verdes e animais amarrados ou não, pastando emoldurados nas paisagens de inverno ou de verão. O poço das Mulheres representa uma espécie de resistência feminina em tempo de machismo acentuado do mundo sertanejo. O poço das mulheres deveria atualmente exibir uma escultura feminina para imortalizar o ponto tão valorizado de outrora, assim como outra escultura no poço dos Homens, o Máximo do lazer santanense até antes da construção da ponte sobre o rio e que leva o nome de General Batista Tubino.

Saudade.

NO POÇO DAS MULHERES: ESQUERDA PARA À DIREITA: PROFESSOR CLERISVALDO, CANTOR FERREIRINHA, PROFESSOR MARCELLO, FORROZEIRO MANOEL MESSIAS (FOTO: SÉRGIO CAMPOS-ARQUIVO).

).

 


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

 

 ESVAZIANDO A CASA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.826



 

Foi surpreendente a divulgação do IBGE em que 70 cidades de Alagoas diminuíram o número de habitantes. Em seguida relacionaremos apenas as que ficam mais perto de nós: sertão, alto sertão, sertão do São Francisco: Água Branca, Batalha, Belo Monte, Canapi, Dois Riachos, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Olho d’Água do Casado, Olivença, Palestina, Palmeira do Índios, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Piranhas e Senador Rui Palmeira. Mas o que faz uma cidade perder habitantes e mesmo se transformar em cidade fantasma? As inúmeras causas de esvaziamento são explicadas na Geografia, Sociologia, História e Economia. É preciso pesquisa sobre o assunto e cada caso pode ser uma causa específica, mas assusta quando se aponta 70 cidades perdendo habitantes de uma vez.

Entretanto, muitos fogem por motivos severos como fuga por causa de guerra, enchentes, epidemia, vulcanismo e coisas parecidas. A nós, parece causa principal de redução de número de habitantes, a própria concorrência salutar entre cidades que evoluem e cidades que se estagnam em desenvolvimento geral. Algumas já eram previstas por pessoas experimentadas, outras causaram surpresas, mas a concorrência, engole mesmo. Os gestores são peças fundamentais no desenvolvimento, na estagnação ou na decadência das suas respectivas cidades, dependendo do modo de vê o presente e o futuro  da urbe que administra. Cidade onde tudo falta a população migra naturalmente em busca de centros maiores à procura de educação, saúde, emprego e oportunidades.

E aqui para nós, não deixa de ser humilhante a redução comprovada da população da cidade em que habitamos. Muitas destas cidades que estão na lista acima, são ótimas para se viver, mas a juventude é vibrante, futurista, cheia de sonhos e não ficam amarradas ao berço em que nasceu vendo a prosperidade acontecendo em todos os itens da cidade vizinha, da capital do seu estado. Apesar de uma mentalidade nova de gestores interioranos (não aqueles que mantinham o município como feudo) que mexeram no marasmo trazendo algumas novidades para os munícipes, reagiram tarde demais e muitas cidades do Brasil ficaram na subida da ladeira estourando o motor. Outras tudo superaram e hoje despontam como lugares desejado por todos.

MARIBONDO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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