terça-feira, 10 de outubro de 2023

 

O DEPUTADO E A SANTA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.977

 



Estou diante da capela de Santa Terezinha. Solitária e triste, a igrejinha contempla a cidade das alturas convidativas do serrote do Cruzeiro. Olho a réplica do cruzeiro de madeira fincado logo defronte, na passagem do século XIX para o século XX. E relembrando a história, vejo um cidadão, em 1915, fazendo festas com trabalhadores e zabumba, cozinhando e levando material serrote acima para o pagamento de promessa – jamais revelada – a Santa Terezinha, com a tosca ermida em sua homenagem. Vejo no futuro a capela em ruínas, paredes tombadas e o vazio do altar. Mas também vejo no tempo, o deputado estadual Siloé Tavares, nas faldas do serrote com muitos trabalhadores, feijoadas nas trempes, zabumba animadora, tijolos às cabeças e o sobe e desce para o soerguimento da capela de Santa Terezinha. Chapéu de palha a cabeça do deputado de ontem e a minha pergunta de hoje: Por quê?

Ah! Mais uma vez à ruína. E vem a terceira capela de Santa Terezinha. Construção sobre lajeiros, à luz do céu azul, do mato verde, da caatinga bruta e das marcas rochosas que viraram lendas.

A urtiga, o imbé, a catingueira, a macambira de flecha, companheiros e companheiras da santa ali de dentro, daquela que você vê pela vidraça de vidro rachado.

Os segredos das promessas uivam com o vento pela vegetação ora verdosa, ora esquelética da pequena serra, do monte residual de uma extensa cordilheira varrida pelas intempéries... Quem sabe? Sim, lugar de meditação que mexe na dúvida da alma sutil.

Sim, sim, serrote do Cruzeiro!

E a geografia da vida incentiva a escalada do Tabor, do Sinai santanense que descobre os horizontes invisíveis do interior da mecânica que liberta a alma dos grilhões terrenos. Voar, voar pelo infinito, navegar na misericórdia que flui, na esperança cultivada, no lombo dos ventos que vagueia pelos pontos cardeais.

 

Quem sobe o belo serrote

Busca esperanças mil

Quem desce traz do serrote

A tinta do céu de anil

Odor invisível e forte

Dos bosques do mês de abril

 

SERROTE DO CRUZEIRO E CAPELA DE SANTA TEREZINHA (FOTO B. CHAGAS)

 

 


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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

 

SERTÃO, O REINO DA FÉ

Clerisvaldo B. Chagas,10 de outubro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.976



 

Já desnudamos aqui muitas vezes o sertão nordestino para o mundo. E agora chegou a vez do procurador de água no subsolo. Uma tradição sertaneja de muita fé, assim como a encontramos entre os rezadores – em algumas regiões chamados benzedores e curadores – Os procuradores d’água do subsolo, têm como representantes, algumas poucas pessoas que receberam esse dom. Uns não contam a ninguém como aprendeu, outros contam. Mas vamos ver como acontece na prática, durante uma época seca.  Alguém quer fazer um poço artesiano e chama um desses procuradores de água para localizar onde existe o líquido no subsolo, para poder convidar o pessoal do maquinário para cavar o poço.

 O procurador d’água pega um graveto bifurcado e sai com ele estirado às mãos, onde tem água o graveto se inclina para o chão. E fora isso, ainda fornece alguns complementos ao procurador. Pronto, agora é só chamar os técnicos, furar o poço e encontrar a água. Acrescentamos algumas informações particulares do cidadão procurador, que resolveu falar: Um seu parente havia falecido há mais de 30 anos. Fazia esse trabalho ao modo dele. Seu Severino, teve um sonho com o parente que o ensinou a achar água no subsolo. Experimentou o ensino e deu tudo certo. Fez disso profissão e trabalha com esse método até os presentes dias. (apresentado na Internet). Tempos depois, encontrara um cidadão de mais de 80 anos que lhe dissera que a procura pela água ficaria mais eficiente se fosse substituída a forquilha de graveto, por dois finos ferros e deu a ele as ferramentas.

Seu Severino achou mesmo, melhor o trabalho com os ferros. Informa água doce, salgada, quantidade viável ou não e, aproximadamente, a profundidade em que a água se encontra. O vídeo da Internet é detalhado acompanhando o trabalho de Seu Severino. Chega até a emocionar quando se pensa nos mistérios que existem. Embora o processo de Radiestesia já fosse conhecido no antigo Egito, ainda não possui reconhecimento oficial. Mas o Sertão é assim e procuramos mostrar como ele é. E se você não tem fé em nada, nada você é.

Sertão é bom, Sertão é divino, Sertão e mistério!

Sertão é 10.

PEOCURANDO ÁGUA. (FOTO: NÃO CONSEGUIMOS IDENTIFICAR O AUTOR).


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