domingo, 19 de novembro de 2023

 

CACIMBINHAS

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.999

 



Faltando apenas três cidades sertanejas, para encerrarmos a excursão pelo Médio Sertão, Alto Sertão e Sertão do São Francisco: Cacimbinhas, Dois Riachos e Santana do Ipanema.

Cacimbinhas – Cidade situada às margens da BR-316, entre Dois Riachos e Palmeira dos Índios, foi emancipada desta última em 19 de setembro de 1958. É um núcleo ensolarado, topografia plana que se estende ao longo da rodovia ou em direção Norte. Cacimbinhas tem um pouco mais de 10.000 habitantes que recebem o gentílico de cacimbiense. Antigo sítio Choen onde caçadores pernambucanos costumavam descansar perto de uma cacimba e que depois surgiram mais outras escavadas por viajantes, deram origem ao título da futura cidade.

Seu clima é semiárido e sua vegetação é de caatinga. É terra de gado, fazendeiros e vaquejadas. Possui dois antigos açudes vistos da BR que ficaram famosos ali perto da cidade para enfrentarem as épocas de secas prolongadas. Cacimbinhas já foi ponto obrigatório de parada, refrigério para passageiros de ônibus Sertão/Maceió, para abastecimento de combustíveis, água de coco e churrascos, tal qual a da churrascaria do Josias.  O posto de gasolina do Galego, fez história como um dos isolados e raros do mundo sertanejo. Entra-se agora em Cacimbinhas por novo acesso asfaltado e arborizado direto para o Centro Comercial, desde uma espécie de entroncamento na BR que também leva a sua vizinhas, Major Izidoro.

Sua economia se baseia na agropecuária, no comércio, na feira semanal e nas prestações de serviços, além dos seus laticínios baseados na pecuária desenvolvida, pois também faz parte da Bacia Leiteira. Logo na entrada, em pleno Comércio, encontra-se a imponente Matriz de Nossa Senhora da Penha, um dos motivos de orgulho do cacimbiense. O movimento maior do seu intercambio é mais com Palmeira dos Índios de onde foi emancipada. Em direção à Maceió, vamos encontrar logo após Cacimbinhas, o seu povoado Minador do Lúcio, Minador ou Minadorzinho, cortado pela BR-316, cujo espaço dali para Palmeira dos índios, costumamos chamar de travessia. Agradável é a permanência pesquisadora na cidade e arredores, sempre provando um queijinho fresco ou ouvindo um aboio de vaqueiro.

IMPONENTE IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PENHA (FOTO: DIVULGAÇÃO/PARÓQUIA).

 


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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

 

O REI DA TESOURA JUCA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.996

 



Fase de sequência de bons acontecimentos. Recebo mensagem que o nosso amigo santanense, conhecido como Zezinho do Juca, vai ser o próximo Venerável da sua “Loja Maçônica Segredo 33”, em Maceió, e quer a nossa presença na posse. Mas a mensagem do núcleo é que após tantos e tantos anos, a letra que fiz em homenagem ao seu pai, Juca Alfaiate, foi musicada. É a segunda melodia, aperfeiçoada colocada na letra estilo seresta, até porque o querido alfaiate era seresteiro. Hoje o velho amigo já está em outra dimensão, mas temos certeza de que irá gostar da música lá do espaço, em sua homenagem. A melodia, desta feita, foi colocada por um músico estrangeiro que mora em Maceió e com muita facilidade. Já ouvi e gostei, mas...

Estamos aguardando o Zezinho ainda este mês para gravarmos a canção com artista da terra e visitarmos as rádios da cidade divulgando o trabalho. E por falar nisso, a alguns anos atrás, fiz 20 letras de forró, pois estava muito inspirado, mas como não entendo música, saí batendo de porta em porta de cantores da terra e nada. A falta de competência de quem se achava compositor de forró era visível. E de outros gêneros eram os mesmos freios: desculpas esfarrapadas e coisas que nem posso contar. Indicaram-me um sanfoneiro e cantor famoso em Maceió, zona Mata e Agreste. De posse do seu endereço fui bater à sua porta. O cidadão me atendeu muito desconfiado, pois morava num bairro até bom, mas ninguém podia abrir as portas nem andar só e a pé nas ruas.

Identifiquei-me, dei a referência, disse a finalidade da visita e passei-lhe os meus trabalhos. O homem estava nervoso, portas da frente no cadeado e internas fechadas. Levava a dedução que ou estava com um amor clandestino ou com alguém do mundo das drogas. Olhou rapidamente as letras e cobrou na época 4.000 reais para musicá-las. E se ele estava assustado, quem ficou assustado fui eu. Juntei a papelada, agradeci e disse que iria pensar. Zarpei dali com alguém que foi de carro me apanhar. Se o miserável era famoso, propusesse pelo menos uma parceria para ele próprio apresentar músicas inéditas no mercado, mas, o olho era maior do que o corpo. Desisti completamente de procurar gente mais fraca do que eu.

Ainda hoje guardo as vinte letras de forró, não sei para quê.

Mas estão repousando.

 

O REI DA TESOURA, JUCA ALFAIATE (TÍTULO DA MÚSICA) DANÇANDO COM A ESPOSA MARIZE (FOTO: ARQUIVO DE FAMÍLIA)

 

 

 


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