quinta-feira, 22 de agosto de 2024

 

CHAPÉUS NO SERTÃO NORDESTINO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.092

 



Tivemos no Sertão nordestino basicamente quatro tipos de chapéus: de palha, de couro, de massa (baeta) de palhinha (Panamá) e boné

Chapéu de palha. O mais popular de todos, eram encontrados nas feiras, vendidos pelos artesãos locais, os mesmos que confeccionavam abanos, também de palha. Devido a abundancia da matéria-prima, era o mais barato de todos e podemos até afirmar em relação ao preço, era quase de graça. Não aguenta chuva, fica molenga. Tem muita facilidade para o desgaste e para os rasgões. Era usado preferencialmente pelo agricultor que trabalhava diretamente nas roças. Sua preferência, além do preço, era porque a palha não esquenta, permanece frio em temperaturas altíssima, 30 40 graus. O próprio homem de chapéu de palha não era valorizado.

Chapéu de couro. Era usado basicamente pelo vaqueiro e pelo carreiro. Com o tempo, porém, foram surgindo chapéu de couro de várias cores e muitos enfeites, permitindo a adesão por outras pessoas que não eram vaqueiros e nem carreiros. O seu auge foi após sua adoção pelo cantor Luiz Gonzaga. Os cangaceiros usavam o chapéu de couro em outro estilo.

Chapéu de massa ou de baeta: Tipos de chapéus utilizados por alguns comerciantes e algumas outras pessoas de boas condições financeiras. Os da cidade preferiam abas curtas, os da roça, abas grandes. As marcas básicas desses chapéus vendidos em lojas de tecidos eram: Prada, Cury e Ramenzoni.

O chapéu de palhinha ou Panamá: Era mais usado por políticos ou os fazendeiros chamados “coronéis”.

O Boné: O boné só foi aparecer e com raridade, com os primeiros motoristas de táxi ou carro de praça ou com os motoristas de caminhão. Somente a partir das últimas décadas do Século XX, começou a se proliferar.

Na próxima crônica vamos falar sobre o folclore a respeito desses tipos de chapéus, as piadas, as brincadeiras, o que pensavam cada um sobre eles.


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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

 

JUMENTO

 E muito bem adaptado ao transporte de cargas para long

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.

Crônica: 2.091

 



Depois do ombro do homem e a canoa, o jumento e o cavalo chegaram ao Brasil pouco tempo após o descobrimento para auxiliar no transporte de cargas. O jumento se adaptou bem ao Nordeste com suas diversas raças vidas de várias partes do mundo. Como seu lombo é mais adaptado para cargas, começou a transportar mercadorias de mais peso e, o cavalo a transportar pessoas. Mais tarde, chega o burro vindo de outras partes da América do Sul e adaptado à cargas para longas jornadas. Para completar o trio surgiu o carro de boi que carregou juntos o Brasil nas costas até o surgimento do trem e do caminhão: Jumento, burro, cavalo e carro de boi, fizeram o Brasil chegar ao ponto que você conhece hoje. Cada qual com sua história, vejamos o jumento, jegue ou asno.

Numa fazenda no Sertão Nordestino, um jumento sempre foi um dos sustentáculos da propriedade. Com seus caçuás de cipós, transportando palma para o gado, levando e trazendo cargas de produtos para feira, abastecendo as casas com caçambas de madeira com latas, ou apenas com ancoretas de pau. Quando tinha boa passada servia até de montaria igual ao cavalo.  Mas, com a chegada de veículos motorizados, o jumento foi ficando à margem do interesse e até a proliferação de motos, meu também com vaqueiros que trocaram a montaria animal pelas motos de não sei quantas cilindradas. Os milhares de jumentos do Nordeste foram sendo abandonados, nos cercados, na caatinga, nas estradas...  No asfalto. O jegue passou a ser morador de rua.

Triste realidade da ingratidão humana com seus bichos de tanta ajuda de outrora. Vem então, a cobiça de alguns exóticos países, para adquiri-los por todos os lugares e transformá-los em carne, charque para deleite de seus cidadãos. O jumento já servia regiões áridas da antiguidade. Sempre esteve presente nos momentos mais difíceis do homem, ajudando nas secas prolongadas de inúmeros recantos do Globo. Hoje, somente no Sudeste ou no Centro-Oeste, se cria um tipo de jumento selecionado, visando o cruzamento com éguas, para a obtenção de burros e mulas para passeio e para o trabalho nas fazendas.

Até Nosso Senhor andou de jumento

Ô, humanidade!

JUMENTO AMARRADO NO LEITO SECO DO RIO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS)

 

 


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