segunda-feira, 24 de março de 2014

ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (II)



ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (II)
(Série de 5 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2014
Crônica Nº 1157

ERMIDA NO LEITO DO RIO IPANEMA E SUA HISTÓRIA COLOSSAL. Foto: Clerisvaldo.
Milagre na Capelinha

Em 1941, o rio Ipanema chegou com a maior cheia que se tem notícia em Alagoas.
Nos areais e pedregulhos do seu leito, no povoado Capelinha, município de Major Isidoro, o Panema trouxe longo choro. Uma família que habitava na margem direita, cuja residência ainda existe, foi lavar roupa no rio. As águas, porém, levaram uma criancinha de três anos de idade. A procura e o desadoro durou três dias pela região. No final dos três dias, um pastor de ovelhas ouviu um choro e encontrou a criança na crista de uma pedra, defronte a casa dos pais, porém na margem oposta. Imaginemos a alegria daquela pobre família. O garoto, chamado Antônio, não tinha um só arranhão! Indagado ele contou que uma mulher o agasalhara e o alimentara, colocando-o debaixo de uma pedra. Os pais e outras pessoas, devido ao sobrenatural acontecimento, mostraram ao garoto várias fotos e imagens de mulher para ver se ele identificava alguma. Antônio não vacilou e apontou para a imagem de Nossa Senhora de Lourdes. O povo, em agradecimento à santa, construiu uma igrejinha na pedra onde o menino fora encontrado. Ainda hoje a igrejinha é lugar de promessa, romaria e meditação.
Contam ainda que muito tempo depois, adulto e morando na região de Craíbas, Antônio viera visitar a igrejinha com outras pessoas. Chegando à porta da ermida, teria exclamado para todos: “Ela está aqui! A mulher que me salvou está aqui!”. Claro, todos correram para aquele ponto e nada viram. Entretanto, Antônio, que parecia ouvir alguém, virou-se para todos e falou o que ela lhe dissera naquele momento: “Eu o salvei não foi para você se tornar ruim do jeito que é”. A população conta que Antônio voltou para a região de Craíbas, por certo muito desgostoso, pois jogava, fumava e praticava outras coisas. Afirmam que ele ainda é vivo e deve contar com 76 anos de idade.

Ipanema

O povoado Capelinha é centro da Bacia Leiteira. Cria gado ovino e bovino selecionados, sendo também a terra de grandes fazendeiros e vibrantes vaquejadas. Ali perto, o rio Ipanema recebe o riacho Dois Riachos que vem de Pernambuco, banha a cidade do mesmo nome, em Alagoas, e se torna o mais importante afluente do Panema
DIVA, PESQUISADORA DA REGIÃO, FOTOGRAFA O RIO. Foto: Clerisvaldo.
Infelizmente o povo ainda precisa muito das suas águas de cacimba na estiagem e, a extração de areia do seu leito, está prejudicando o povoado. Foi criada em Capelinha a organização Guardiões da Mata que age como os Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA, em Santana.
A professora Diva Correia de Morais, é avó, pesquisadora, cordelista e está à frente dos guardiões. Foi ela quem narrou a história acima e, sua luta pela preservação da natureza na região é árdua, insistente e quase solitária.
O rio Ipanema banha praticamente toda a Bacia Leiteira, tornando a região rica e agrestada. Lá mais a leste, o rio Traipu, faz parte dessa força que impulsiona a agropecuária sertaneja, fazendo trio com o rio Capiá, no alto sertão, formando assim a trinca mais importante dos caudais sertanejos.
Amanhã desceremos mais o rio até o sítio Telha e o povoado Barra do Panema.
* Clicando sobre elas ampliam-se as fotos em toda plenitude.









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domingo, 23 de março de 2014

ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA



ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (I)
(Série de 5 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de março de 2014
Crônica Nº 1156

IPANEMA EM ALAGOAS

PROFESSORA E GUIA, ELIANE, MOSTRA O RIO IPANEMA NA DIVISA. Foto: Clerisvaldo.
Era quinta-feira (20) primeiro dia de outono, quando os escritores Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto mais o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, de Santana, Luiz Carlos e o diretor de meio ambiente Manoel Messias, partiram de Santana do Ipanema em direção ao município de Poço das Trincheiras. Do Bairro Barragem, após o encontro com a equipe de reportagem Gazeta de Alagoas, comandada pelo repórter Giovani, a caravana seguiu até o minúsculo povoado Barra do Tapera. Seria o primeiro ponto entre os quatro escolhidos do rio Ipanema, pelo escritor Clerisvaldo B. Chagas, para serem apresentados no programa “Terra e Mar”, exibido aos sábados pela TV Gazeta.
RIACHO TAPERA (ACIMA DA CERCA) DESPEJA NO IPANEMA. Foto: Clerisvaldo.
Passando pela sede do município, pelo povoado Quandu e dali guiados pela professora Eliane Gomes, até o seu natural, povoado Tapera, chegamos ao destino.
Ali, aonde o rio Ipanema vindo de Pernambuco, penetra em Alagoas, recebe o seu primeiro afluente importante, o riacho Tapera e outros menores. O riacho Tapera tem leito de areia fina, calha considerável de aproximadamente 10 metros de largura e suas nascentes estão no lugar chamado Barra Verde, proximidades da cidade pernambucana de Itaíba. É riacho de fronteira e na confluência com o rio Ipanema, mostra como cenário em terras alagoanas a serra da Tapera completamente salpicada de rochas brancas desnudas.
Toda a calha do rio Ipanema, suas margens e várzeas no município de Poço das Trincheiras, exibem o verde de árvores, bosques de craibeiras, algarobeiras, capim, grama, plantações de sorgo, milho e palmas forrageiras irrigadas através de bombas nas cacimbas escavadas do rio.
A última vez em que Ipanema tinha botado grande cheia fora em janeiro de 2004, segundo a professora Eliane Gomes que também é fazendeira na serra da Tapera. O riacho Tapera e o rio Ipanema, além do fornecimento de água para a Agricultura local, também são pontos de lazer nas cheias violentas de ambos.
INÍCIO DO RIO IPANEMA EM ALAGOAS. Foto: Clerisvaldo.
O vale do rio Ipanema é bastante habitado no município do Poço das Trincheiras, cercado pela serra da Tapera, serrote do Quandu e serra do Poço, a mais alta daquela região.
O Quandu é o maior povoado e já tem boa parte da rua principal calçada com paralelepípedos e possui várias escolas municipais e estaduais.
Não confundir a palavra guandu com quandu. Guandu é uma espécie de feijão, também chamado andu. Quanto à palavra Quandu, é o mesmo significado de ouriço-caixeiro, mais conhecido no sertão como porco-espinho. Tapera: casa pobre feita de taipa.
Após várias entrevistas, partimos para o povoado Capelinha, município de Major Isidoro.
Assunto de amanhã.




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