quinta-feira, 21 de junho de 2018

SÃO JOÃO DO TEMPO BOM


  SÃO JOÃO DO TEMPO BOM
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.927

NA ESCOLA HELENA BRAGA. (FOTO: B.CHAGAS).
O Sertão alagoano está completamente ligado nos festejos juninos. O Sertão alagoano e o Sertão do São Francisco, devido às chuvas que vêm se arrastando desde o mês passado. Principalmente à noite surge à frieza cabulosa nos costumes da quentura, sem respeitar altitudes, sim senhor. Desde lá nas alturas, Mata Grande, Água Branca, Pariconha, o São João vai ganhando espaço por Delmiro Gouveia, Inhapi, Canapi, Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco. Espoca o foguetão sobre Olho d´Água das Flores, Olivença, São José da Tapera, Carneiros, Senador Rui Palmeira, Olho d’Água do Casado, Piranhas, Pão de Açúcar e Palestina. Tem quadrilha em Batalha, Jacaré dos Homens, Monteirópolis, Major Isidoro, Jaramataia e Belo Monte. Muito forró nas ruas, nos arraiais improvisados, repleto de comidas típicas, inclusive, em Dois Riachos, Cacimbinhas e Minador do Negrão.
Mas o bom mesmo para a posteridade é o São João realizado nas escolas, porque mantém a tradição e assegura a continuidade dos velhos tempos. Em Santana do Ipanema, além dos vários pontos da brincadeira pela cidade, a Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, colocou em prática seu projeto chamado Projeto Junino: Sabores e Cultura. Todas as áreas participam e levam a culminância para o dia 28 próximo. A escola vive o clima e os próprios alunos com a professora de Arte, Vilma de Lima, fizeram a decoração geral sob inebriante alegria. Os próprios estudantes dizem que “a quadrilha estar tinindo de boa”.
O Nordeste se agita com tanto sanfoneiro e forró pé de serra que a nação nordestina se engasga com tanta música, dança e comidas típicas. O milho predomina por todos os lugares e os transportes carregando o produto cruzam por rodovias, estradas e veredas. E se os balões foram proibidos, mas as fogueiras ainda não. Nas feiras e mesmo em dias normais, as espigas verdes do milho fazem montes nas praças das cidades trazendo o sorriso largo e sertanejo pela fartura apresentada. “Tá barato, gente!”, grita o vendedor. Mas grita por gritar, pois o produto está mesmo ao alcance de todos. E assim também rola a inseparável aguardente, porque em nossa terra não se anima festa sem cachaça.
Espere compadre, depois continuarei que tem um rabo de saia me provocando para dançar. FUI.

FOTO: B. CHAGAS.

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terça-feira, 19 de junho de 2018

AMENAS HISTÓRIAS SANTANENSES


AMENAS HISTÓRIAS SANTANENSES
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.926


No tempo em que os homens tiravam o chapéu na igreja e as mulheres cobriam a cabeça com tule, estávamos no catecismo. Ótimas e amadas catequistas havia na Matriz de Senhora Santana que conquistavam a todos nós, os pequenos. Ficávamos à vontade dentro daquela igreja grande e bela. Sempre saíamos andando pela nave, visitando, a sacristia, o altar-mor, o coro e o oitão direito da igreja ainda sem construção. A casa vizinha possuía um longo roseiral de rosas vermelhas e brancas. Depois o padre Cirilo construiu ali o salão da paróquia, ficando extinto o roseiral. Esta antiga residência onde hoje é o Museu, foi onde morou o maestro Seu Queirós. Salvo engano morou ali por alguns tempos, Frederico Rocha que chegou a ser interventor em Santana e construiu a praça defronte a Matriz. A última pessoa a habitar o casarão foi a moça velha Antéia, filha do maestro Queirós e que em certo período trabalhou no museu. Muito educada, pessoa finíssima.
Vez em quando as catequistas faziam um passeio conosco. Os lugares aprazíveis preferidos ainda eram distantes do centro com raras habitações: Lajeiro Grande, serrote do Cruzeiro e Barragem. Pense na felicidade da meninada! O Cruzeiro sempre foi o monte sagrado da cidade; a barragem tinha espaço e água de sobra; e o Lajeiro Grande apresentava como atração o próprio lajeiro, a igrejinha do padre Cícero, erguida como promessa de um político, pilão de pedra por trás da igrejinha e a verde vegetação periférica da pedra enorme.
Santana se expandiu e atualmente o casario vai além do Cachimbo Eterno lambendo os pés do serrote do Cruzeiro, um dos pulmões da cidade. Além da barragem, o bairro formado pelos trabalhadores da rodagem – os cassacos – originou o Clima Bom e a parte de baixo rumo à Mata Verde. E quem mais se expandiu foi o Lajeiro Grande, que hoje é tão bonito quanto perigoso.
Estamos deixando rastros e mais rastros sobre a nossa urbe, para futuros pesquisadores da terra.
Véu descoberto.

SERROTE DO CRUZEIRO. (FOTO: B. CHAGAS).

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