AMENAS HISTÓRIAS
SANTANENSES
Clerisvaldo
B. Chagas, 20 de junho de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.926
No tempo em que os
homens tiravam o chapéu na igreja e as mulheres cobriam a cabeça com tule,
estávamos no catecismo. Ótimas e amadas catequistas havia na Matriz de Senhora
Santana que conquistavam a todos nós, os pequenos. Ficávamos à vontade dentro
daquela igreja grande e bela. Sempre saíamos andando pela nave, visitando, a
sacristia, o altar-mor, o coro e o oitão direito da igreja ainda sem
construção. A casa vizinha possuía um longo roseiral de rosas vermelhas e
brancas. Depois o padre Cirilo construiu ali o salão da paróquia, ficando
extinto o roseiral. Esta antiga residência onde hoje é o Museu, foi onde morou
o maestro Seu Queirós. Salvo engano morou ali por alguns tempos, Frederico
Rocha que chegou a ser interventor em Santana e construiu a praça defronte a
Matriz. A última pessoa a habitar o casarão foi a moça velha Antéia, filha do
maestro Queirós e que em certo período trabalhou no museu. Muito educada,
pessoa finíssima.
Vez em quando as
catequistas faziam um passeio conosco. Os lugares aprazíveis preferidos ainda
eram distantes do centro com raras habitações: Lajeiro Grande, serrote do Cruzeiro
e Barragem. Pense na felicidade da meninada! O Cruzeiro sempre foi o monte
sagrado da cidade; a barragem tinha espaço e água de sobra; e o Lajeiro Grande
apresentava como atração o próprio lajeiro, a igrejinha do padre Cícero, erguida
como promessa de um político, pilão de pedra por trás da igrejinha e a verde
vegetação periférica da pedra enorme.
Santana se expandiu e
atualmente o casario vai além do Cachimbo Eterno lambendo os pés do serrote do
Cruzeiro, um dos pulmões da cidade. Além da barragem, o bairro formado pelos
trabalhadores da rodagem – os cassacos – originou o Clima Bom e a parte de
baixo rumo à Mata Verde. E quem mais se expandiu foi o Lajeiro Grande, que hoje
é tão bonito quanto perigoso.
Estamos deixando
rastros e mais rastros sobre a nossa urbe, para futuros pesquisadores da terra.
Véu descoberto.
SERROTE DO CRUZEIRO. (FOTO:
B. CHAGAS).
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