PAU DE ARARA
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de junho de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1921
“O
principal meio de transporte utilizado pelo homem para escapar das paragens
comburidas pelo sol intenso, era, antigamente, a caminhada exaustiva, sobretudo
para os mais pobres. Hoje em dia, com o advento do caminhão, os habitantes
utilizaram-nos na sua fuga e, em consequência desse novo estado social, são
denominados de “paus de arara”, dada a analogia entre eles e as araras e
papagaios do Sertão, que vemos voejando em torno da galhardia contorcida da
vegetação local, fazendo aquele característico alarido; e como os sertanejos
emigram nestes, aos magotes, a observação popular comparou-os com aqueles
psitacídeos, dando, ainda outro significado à palavra – o pauperismo dos que
mais sofrem o rigor das secas.
Notamos que ainda não
está definida, nem vitoriosa a ação do Governo contra a seca, pois os açudes
que se espalham em Alagoas e no Nordeste em geral, favorecem, apenas, a
pequenos grupos populacionais. Além desse aspecto desfavorável, muitos secam,
necessitando-se, por conseguinte, do desenvolvimento de um plano mais objetivo
de trabalho – perfurações de poços tubulares e instalação de uma rede de
irrigação capaz de favorecer o reflorestamento de muitas áreas. Somente assim
tornar-se-á uma realidade, como consequência lógica e natural, a fixação do
Homem no Polígono das Secas”.
Lendo este belo
texto, publicado no livro Geografia de Alagoas (1965), do professor Ivan
Fernandes Lima, lembramos o trabalho que estamos realizando sobre os topônimos
dos nossos sítios. Discordamos, porém, do saudoso Mestre quanto à origem do
apelido ainda em uso: pau de arara.
Em nossa opinião, O
vulgo faz analogia às araras e papagaios vendidos em um pau. No caso do
caminhão, compara-se ao modo do acomodamento dos passageiros sentados em tábuas
horizontais, intercaladas e presas às grades da carroceria. E concordando com
Ivan, Para a época, o caminhão representava o progresso e salvou milhares de
pessoas nordestinas, da fome e da morte, mesmo sendo apontadas como paus de
arara.
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