domingo, 2 de junho de 2024

 

O BURRO DO IGNORANTE

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.054

 



 

Os animais possuem algumas sensibilidades e que são percebidas pelos seus possuidores de boa-vontade. Mas o bruto, o ignorante e sem coração, procura levar tudo à base da sua própria ignorância. Ao contemplar agora uma cena pela Internet sobre um muar de patrão, como é chamada a mula de primeira qualidade de outras regiões do Brasil, veio à lembrança de cena acontecida em pleno comércio de Santana do Ipanema, anos 60. Um sujeito boiadeiro, revelado depois como contratante de crimes de morte, era também fazendeiro e gostava de montar em burros. E, diante dos   transeuntes do Comércio santanense, aconteceu a cena, mais ou menos defronte do cine-Alvorada e a antiga e famosa padaria de Leó. (Leovigildo).

O cavaleiro montou defronte o “Bar de Maneca” e instigou o animal em direção ao rio Ipanema, descendo à Rua Barão do Rio Branco. Chegando entre a padaria e o cinema, o burro empancou. O cavaleiro o esporeou. O burro não quis prosseguir e preferiu rodopiar com o cavaleiro.  Este, claramente começou a babar de ódio e a esporear o animal, sem trégua. O burro continuava rodopiando, mas não avançava um palmo na direção que o cavaleiro queria. O povo parava para contemplar a cena de tortura animal. Da barriga do burro, o sangue espanava e escorria perigosamente. Não vimos um só adulto interferir na cena que chocava a população. E o bicho bruto montado continuava sua tortura revoltante por longo período de tempo. Não podemos afirmar o que aconteceu depois, pois foge à lembrança.

Mas é sabido que os muares, principalmente, costumam ver cenas do outro mundo nas suas viagens com montaria. Muitas dessas visões acontecem em beira de riachos com espíritos ou com objetos sobrenaturais. Como o insensível é bruto, tortura o animal na espora desesperadamente e muitos ainda acham pouco e passam a lhe bater com pau na cabeça. E se visse o que estava vendo o burro, seria machão suficiente para disparar numa corrida louca de volta a casa. O trato dos humanos com os animais, ainda está longe da compreensão de simbiose entre ambos.

 

Afinal de contas, quem é o mais estúpido, o que é montado ou o que monta?

NÃO ENCONTRADO AUTOR DA FOTO.

 

 

 


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terça-feira, 28 de maio de 2024

 

INSPEÇÃO VERDE

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de maio de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.053

 



E lá vamos nós, resolver os pepinos que o governo do estado apronta aos seus servidores.  Mas nem vale à pena contar a peregrinação que ele sem necessidade nos faz passar de repartição em repartição. Dar um aumento mixuruca e antes de pagar toma com uma viagem forçada do servidor a Maceió, ignorando a representatividades da suas GERES. Uma vergonha! Porém, deixado isso de lado, vimos pela primeira vez um tapete verde contínuo da nossa vegetação nativa do Sertão ao Litoral. Um inverno antecipado com chuvas desde o mês de abril, O tempo se mostra diferenciado. E ainda com o Sol da manhã fomos pegando a claridade solar ou tempo ligeiramente nublado até as proximidades de Atalaia quando teve início um sereno de chuva por alguns minutos, mas que não evoluiu.

Mesmo assim, dia agradável com a Natureza em festa e um tempo excelente de barriga cheia no campo.  Verde no Sertão, verde no agreste, verde no litoral, sem divisória indicativa de região. Gado no pasto, dono assoviando e dinheiro no bolso. Nada de carcará pela BR-316 tocaiando animais tombados na pista. Constante cheiro de mato verde e cenários bucólicos, ricos, de boi no pasto. E novamente aqueles elogios ao comércio miúdo de Maribondo, dessa vez, porém com um agravante, preço miraculosamente nas nuvens. Exploração total com os passageiros que ali aportam para o lanche de viagem. Churrascarias, Lanchonetes, Conveniências com alto índice de imundície nos banheiros, preços quase impagáveis na alimentação. Vai ali se formando uma terra de ninguém, numa concorrência com a carestia indomável de Santana do Ipanema.

Indiferente à ambição humana, ou dando lições a seu modo, a Natura continua enriquecendo os montes, dando de graça o pão de cada dia, extraído da terra, mas o terráqueo não se conforma com o lucro normal, razoável da negociação, numa sanha maluca pelo pouco ou muito dinheiro do bolso do consumidor. Um assalto que se não é à mão armada, é de ambição armada à ingenuidade da fome. Entretanto, nada tira a beleza dos campos, dos montes que cortam o município repleto de gado nelore passeando pelas encostas.

Acúmulo de exploração para quê? Quem vai não leva.

Como é difícil o aprendizado humano!

FAZENDA DE GADO EM MARIBONDO (FOTO: ÃNGELO RODRIGUES)


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