HILLARY CLINTON E O NEGÃO (Clerisvaldo B. Chagas. 9.3.2010) Certa feita nós estávamos em uma marcenaria situada na casa histórica do padre...

HILLARY CLINTON E O NEGÃO

HILLARY CLINTON E O NEGÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 9.3.2010)

Certa feita nós estávamos em uma marcenaria situada na casa histórica do padre Bulhões. Ao serrar uma grande peça de madeira, o dono, chamado “Negão” recusou uma ajuda de um visitante que tentou ajudá-lo no mister. Houve a boa vontade, mas não havia conhecimento do manejo. Isso quer dizer que às vezes atrapalhamos quando tentamos ajudar.
Como dissemos aqui em outro trabalho, Hillary parece uma alma penada vagando pelo mundo. Fracassando em seus propósitos na América Latina, a secretária americana também não encontra apoio no Oriente Médio, contra o dirigente iraniano Ahmadinejad. Falando em proteger os povos daquela região contra o Irã, não encontrou eco nas palavras pronunciadas no Catar e na Arábia Saudita. O mundo árabe parece dar apoio ao programa nuclear iraniano no seu desafio aos Estados Unidos e ao planeta. Outra tentativa frustrada de aperto a Ahmadinejad seria forçar a Arábia Saudita a vender petróleo para a China em troca do apoio chinês contra o programa iraniano. A coisa está complicada. A Europa quer o fim da escalada nuclear do Irã, mas não tem o aval da China e do Brasil, hoje pesos importantes nas relações internacionais. Com a guerra do Afeganistão e na areia movediça do Iraque, além dos seus gastos na crise que não acabou o gigante do norte parece não ser mais respeitado assim. Israel bem que poderia, por conta própria, partir para o bombardeio sobre o seu inimigo. Seria uma ação preventiva contra o auge do programa nuclear que ameaça destruí-lo. Mas é de se perguntar qual seria a consequência disse tudo. O presidente Lula já advertiu que a melhor solução é a negociada. Hillary quer levar adiante o plano das sanções e a invasão ao Irã (ela é da mesma estirpe sangrenta do Bush em busca de oportunidade, é só lembrar discursos de campanha).
Caso Israel dê um passo bélico contra o Irã, talvez não tenha êxito na destruição das suas instalações em lugares inacessíveis. E a reação iraniana, como seria? Por sua vez, Ahmadinejad não vê à hora de varrer Israel do mapa, ele mesmo disse. Nesse caso, e o que viria depois? Temos certeza de que se houver o desaparecimento de Israel, não sobraria um só graveto em terras do Irã. Poderia ser o início do fim, como dizem algumas profecias. A voz que fala em negociar é uma voz sábia. Em havendo conflito atômico na região, adeus humanidade. O senhor Obama deveria descer do trono do império e sentar particularmente com Ahmadinejad em território iraniano ou nos Estados Unidos. Esse tal orgulho de não se rebaixar é prejudicial a todos. Por sua vez, o dirigente do Irã, ensandecido pelo ódio aos judeus, não cansa de futucar o cão com vara curta. As maiores catástrofes da História saíram de pessoas assim de mentes destrutivas. A secretária americana, por enquanto, está como o visitante na marcenaria: quer ajudar, mas a seu modo. Não daria certo as ideias de HILLARY CLINTON E O NEGÃO.

NINGUÉM TEM RAZÃO (Clerisvaldo B. Chagas. 8.3.2010) No início da ditadura militar brasileira, Humberto de Alencar Castelo Branco foi muit...

NINGUÉM TEM RAZÃO

NINGUÉM TEM RAZÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 8.3.2010)

No início da ditadura militar brasileira, Humberto de Alencar Castelo Branco foi muito visitado. Dizem que em uma dessas visitas, foi um usineiro (antigo senhor de engenho) endividado, pedir empréstimo. Teria dito duramente o militar que ele vendesse uma das três usinas que possuía e pagasse sua dívida, sem precisar de empréstimo. Isso acontece muito entre as pessoas singelas e de boa índole da área rural. Estando em dívida, o agricultor defende-se com a venda de um bode, um porco ou uma vaca para saldar o compromisso. É duro e contraproducente, porém, quando o cidadão desequilibra-se em suas finanças e possui apenas a casa de morada. A sugestão de que venda o seu abrigo, a casa dos seus filhos e esposa (e às vezes netos), faz calar fundo o homem honesto. Não raro o credor é rico e bem poderia aguardar a recuperação do seu semelhante. O motivo social e psicológico que levaria o pai de família a ser expulso da própria casa juntamente com os filhos, é de cortar coração. Mas há quem cobre até o sangue daquela vítima cheia de boa vontade.
O caso individual acima citado faz lembrar o que estar acontecendo com a Grécia. Esse país que faz parte da União Europeia, endividado, enfrenta no momento, uma crise financeira e social que mexe profundamente consigo e com o continente. Procurando saída para essa situação, aquele admirável país que tantos serviços prestou a civilização ocidental (ver crônica: “Falando Grego”), agora é motivo de brincadeira. Prevíamos aqui a reação da Alemanha, carro-chefe da Economia da UE. Por sugestão de representantes do partido de coalizão de centro-direita da chanceler Ângela Merkel, foi publicada no jornal Bila a brincadeira-verdade. Sugere líderes que a Grécia venda uma ou mais ilhas para pagar o que deve. A nossa reação foi muito antes do pronunciamento do primeiro-ministro grego George Papandreau: “Não é sugestão séria. Há formas mais imaginativas para lidar com déficits do que a venda de ilhas gregas”, reagiu Papandreau. Se a sugestão fosse ao nosso país, seria incentivo para vender as ilhas do Bananal, de Marajó, de Fernando de Noronha ou parte de estados brasileiros. Nenhum país abre mão de parte de seu território para pagar dívidas. É incrível que essa sugestão tenha vindo de uma das nações mais ricas do mundo. Pedaços do torrão pátrio, só deixam a tutela se forem arrebatados em guerras como a Califórnia, o Texas, o Novo México e partes da Palestina. A Grécia é composta de continente e ilhas que formam uma nação. Qual a pessoa que quer se desfazer de um braço, de uma perna, de um olho, para pagar dívida? A Alemanha não foi feliz no seu pronunciamento. Louve-se a atitude diplomática do ministro grego George Papandreau. Se fosse aqui em Santana, na Câmara Municipal, mandava-se logo tomar vergonha na cara, mas o caso foi muito distante da terra do rio Ipanema. Isso nos faz lembrar o ditado popular: “Na casa em que falta o pão, todos falam e NINGUÉM TEM RAZÃO”.

Ô MUNDO VELHO (Clerisvaldo B. Chagas. 5.3.2010) Para os colunistas Avelar, Malta Neto, professor Valter Filho e o radialista Flávio Henriqu...

Ô MUNDO VELHO

(Clerisvaldo B. Chagas. 5.3.2010)
Para os colunistas Avelar, Malta Neto, professor Valter Filho e o radialista Flávio Henrique

Quando os escravos ganharam a liberdade no Brasil, houve um momento de euforia, logo seguido de tristeza. Os senhores das terras – com suas mentes rancorosas – diziam aos negros, não aceitá-los mais ali. Se eles estavam libertos, procurassem novos rumos. Assim, os pretos que trabalhavam sol a sol e eram castigados nas desobediências, pelo menos tinham abrigo e comida. Com a liberdade assegurada, os ex-escravos não sabiam como aproveitá-la. Expulsos das fazendas dos patrões, sem terras para cultivar, formaram levas de mendigos pelas ruas de povoados, vilas e cidades. Um dos mais tristes e vergonhosos episódios da história do Brasil.
Após a Segunda Guerra Mundial, também houve uma libertação em massa dos países africanos. Quando os donos do mundo se retiraram da África, deixaram aqueles povos piores do que a situação dos ex-escravos brasileiros. É que tribos inimigas ficaram dentro de um mesmo país e aldeias amigas ficaram separadas. Ainda hoje o continente sofre as consequências de ambas as coisas: a exploração do início e o abandono do depois. Como no Brasil, sem técnicas agrícolas, sem recursos, sem instruções, os africanos se prolongaram em infinitas guerras tribais. Muitos desses embates tiveram suas armas financiadas pelas ex-metrópoles. Em alguns lugares da África o jovem morre antes dos trinta anos, de AIDS, de fome ou de tiros. Os brancos da Europa pareciam dizer: “Eles que se acabem; quem vai se meter em brigas de negros e pobres”.
Pois foram essas populações de negros e pobres que incomodaram a fatia rica com as imigrações clandestinas em busca de melhores dias. Se os países desenvolvidos e imperialistas europeus tivessem deixado a África estruturada, hoje teriam ali uma grande reserva alimentar para exportação. Não estamos nos referindo as plantations de algodão, amendoim, cana e chá. Como alimentar a Europa agora e no futuro? Olhem a falta que faz o continente africano com cerca de trinta milhões de quilômetros quadrados (quase quatro vezes maior do que o Brasil) se tivesse sido incentivado a produzir. Mas o que apareceu foi apenas o fomento das guerras tribais e a ganância pelo trono. Em um planeta onde parte dele tem como solidariedade o brilho das armas ao invés do reluzir da razão, tem mesmo que sofrer as consequências da Natureza.
A presença do Brasil na África parece aplicar uma lição diplomática aos responsáveis pela situação em que deixaram o “berço da humanidade”. O esporte, agora com a copa do mundo no país mais meridional daquelas terras, talvez desperte as consciências nubladas mais do que nunca. É que ainda existe a tentativa de esconder a face como no teatro grego. Com certeza não será em vão a luta do bispo Desmontutu, de Nelson Mandela e de outros gigantes negros e iluminados, cujos exemplos percorrem savanas, florestas e desertos. De que vale o tempo se o Século XXI continuar semelhante ao XIX? Sim, esse mundo é de expiação, onde se misturam bons espíritos e degredados, mas o que fazer? Nele estamos e por ele lutaremos com suas virtudes e desigualdades que tanto incentivam o bem quanto o mal. Ô MUNDO VELHO!
Nota: Use o Mural de Recados do Blog.