TOLERÂNCIA ZERO (Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2010)      O povo brasileiro abriu a boca, estarrecido com o estado de guerra no ...

TOLERÂNCIA ZERO

TOLERÂNCIA ZERO
(Clerisvaldo B. Chagas, 26 de novembro de 2010)
     O povo brasileiro abriu a boca, estarrecido com o estado de guerra no Rio de Janeiro. De primeira, quem ligava nas cenas de ataques e incêndios a ônibus, pensava que as ações estavam acontecendo no Iraque. Mas, que Iraque que nada! Era mesmo na velha “cidade maravilhosa” dos antigos combates de Estácio de Sá. A falta de atitudes de muitas décadas atrás, já cozinhava o caldeirão. Diversos estudiosos alertavam para um futuro incontrolável, caso as medidas contra o crime no Rio continuassem fracas, pífias, mornas como “gogó” de criança. Como falam que “antes tarde do que nunca”, mesmo diante das cenas vistas, chega um alívio a população que andava ultimamente na última barra do estresse. Há vinte anos, o povo carioca já estava saturado da violência do Rio, onde obrigatoriamente o cidadão saía de casa, amedrontado. Separava o dinheiro em duas partes, a do coletivo e a do assalto da esquina. Mais difícil ficava a situação quando o trabalhador, o estudante, as donas de casa enfrentavam a extorsão em série. Dizer que já havia sido assaltado há pouco, não convencia ao novo bandido que reagia quase sempre com violência. O sistema da marginalidade foi crescendo como bolo fermentado. Bicheiros, traficantes, drogados, faziam da antiga capital do Brasil um território de heroísmo negativo que somente interessava a eles mesmos. A dinheirama de tantas atividades ilegais molhava as mãos de muitos corruptos defensores da lei, como as chuvas mais finas de inverno. O carioca, alegre, extrovertido, vivedor, não merece esse praga infernal que vem castigando a cidade de São Sebastião.
     Demorou décadas para acontecer essa tão necessária mega investida que movimentou 35 policiais com nove blindados e quatro caveirões, além dos apoios de viaturas e de helicópteros. Não é brincadeira um saldo de dez ônibus incendiados em um só dia e mais de cem que procuram recolhimento. Nem sabemos por que as forças armadas não perderam a paciência antes com tantos achincalhes do mal. E essa história de direitos humanos para os marginais que praticam as barbáries, parece coisa de santidade sem resultados. Ao homem de bem, o desprezo, o susto, às humilhações. Ao bandido, própolis e assopro. O Brasil inteiro aguardava, até envergonhado, essa operação que parecia mofina, escondida nos quartéis. Após esses tão esperados feitos, vai haver muito orgulho e aplausos pelo Brasil afora. Se isso tivesse acontecido em todos os estados da Federação e constantemente, o jacaré não teria se criado. Esse episódio vai ganhar nome e, a Vila Cruzeiro vai sair do anonimato para a história do povo carioca. É de se perguntar como nos tempos do cangaceirismo. O que o governo quer fazer que não o faz? Ou mandamos os candidatos ao céu condecorar bandidos ou usamos a TOLERÂNCIA ZERO.


CABEÇAS DE CAMARÃO (Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2010)      Assim não, comadre. Enquanto o mundo quase todo está voltado para ...

CABEÇAS DE CAMARÃO

CABEÇAS DE CAMARÃO
(Clerisvaldo B. Chagas, 25 de novembro de 2010)

     Assim não, comadre. Enquanto o mundo quase todo está voltado para essa tal crise econômica, entra em cena mais uma vez um dos fura-penicos da Terra. A Ásia sempre foi um continente muito sofrido pela ação do homem e os caprichos da natureza. As tragédias costumam acontecer em escala proporcional ao número de habitantes por metro quadrado na região das monções. Um bom pedaço do maior continente está assentado no “círculo do fogo”, assim chamado pela grande quantidade de vulcões ao longo das bordas das placas tectônicas. As fúrias naturais chegam através de fenômenos apelidados “efeitos dominós”. É aquele velho ditado do nosso sertão que diz que “desgraça nunca vem sozinha”. Quando não é a seca que ameaça as plantações de arroz pela falta das monções, é o terremoto costumeiro que mata também com maremoto e tsunami. As condições geográficas vão agindo sobre os asiáticos lembrando histórias de madrastas sem coração. Os primeiros países mais habitados do planeta estão justamente ali naquela área onde à beleza natural juntam-se as forças de destruição. Mas por que o homem não bota a cabeça no lugar e fica lutando somente contra essas tragédias? Pois, além do que foi dito, muitas guerras aconteceram por ali, na China, no Vietnã, no Camboja, nas Coreias e em vários outros países. Os japoneses que receberam as duas bombas atômicas sobre suas cabeças não querem esquecer o risco de nova guerra.
     As ações insanas da Coreia do Norte, que mata o seu povo pela fome e pela alma, continuam através do “anjinho” Kim Jong-il, espírito de porco, a meter medo ao mundo. Ainda vive o dirigente com sua turma os anos da guerra fria e, como o Japão de antes da guerra, não tem coragem de dá um passeio por aí para conhecer a realidade. O baixinho não fala em outra coisa a não ser em conflito armado. O ataque ao navio da Coreia do Sul e agora o bombardeio a ilha ao país irmão, deixa Pyongyang como capital perturbadora do mundo. O perigo de um conflito direto é que dificilmente ficaria somente entre as duas nações. Os aliados correm a socorrer a um e a outro e todos estarão no mesmo balaio.
     Bem falou um cientista americano que deveria haver passagem única para o planeta Marte. Mas o pior de tudo não é emigrar para a esfera vermelha. É que se o negócio lá estivesse bom, Terra pegando fogo e de repente chegasse Fidel, Armadinejad, Chávez e Kim Jong-il, como ficaria? Os apaixonados por essas tristes figuras tem soluções para tudo. Mas por mais sonhos bons que tenhamos, libertar-se completamente das agruras, somente no fim, segundo o Cristo, assim mesmo se der sorte. E dona China que ajudou a criar o filho do dinossauro, segure na corrente. Não é o seu tamanho todo que irá isentá-la de “traques” dos vizinhos. Lamentavelmente o mar amarelo não está para peixe, mas sim para os CABEÇAS DE CAMARÃO.

TÉO ATACA (Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2010)      Vamos acompanhando a novela, devagar como quem acompanha enterro. Coruripe ...

TÉO ATACA

TÉO ATACA
(Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2010)

     Vamos acompanhando a novela, devagar como quem acompanha enterro. Coruripe vai ficando sob tensão com o vaivém de notícias sobre o estaleiro EISA. Lugar de belas praias e de pesca intensa, o litoral do município é rico atrativo para turistas de todos os lugares. Encontramos um bom número de pessoas nesse balneário aos domingos e feriados. Foram atraídas do Agreste e Sertão de Alagoas. O farol, os corais que resguardam dos perigos, o horizonte das praias a se perder de vista, os cartões postais do sol da tarde espelhando nas águas e fazendo silhuetas em dezenas de barcos de pesca, deixam os visitantes estonteados diante de tanta beleza. E ainda vem de quebra a gastronomia dos seus restaurantes típicos, o artesanato de bairros planos, calmos, de gente simples. Passeios e compras pelo centro da cidade que sempre oferece o básico e mais outros longos passeios às praias paraísos de Miaí de Baixo e Miaí de Cima.
     A notícia de que seria construído naquele lugar um respeitável estaleiro, pareceu de primeira, ser uma mentira bem contada, uma vez que estamos acostumados a perder obras gigantescas que geram milhares de emprego, renda e fama permanente. Alagoas, filha dos coronéis e do atraso mental que dificultam o desenvolvimento físico, tem mesmo razão em duvidar das coisas boas conseguidas por outros estados da União. Portanto, a palavra do governador ao anunciar o empreendimento, teve conotação política e irreal. E deixando de lado erros e acertos do atual governador, temos que reconhecer essa parte de sua luta para trazer verdadeiramente o estaleiro para a nossa terra. Ainda não saímos totalmente da fase cujo ditado popular é chove não molha. Mas com o aval do presidente Lula, foi reforçada a esperança em que teremos uma obra de porte invejável nos domínios caetés. Falta a palavra oficial do IBAMA que já garantiu liberar a área de mangue pretendida, com compensações para o meio. Fabricar navios de grande porte e sondas para a PETROBRÁS significa o início de outras coisas magníficas para o primo pobre do Brasil. A autoestima agora pode alcançar níveis elevados a partir desses nove a dez mil empregos diretos e rastros de fama correndo pelos mares. Oxalá tenha chegado ao fim à sucessão de perdas industriais que nos roubou o título de “Filé do Nordeste”, para “terra do desprezo”.
     E como não podemos trazer para o Sertão um estaleiro como o EISA, fiquemos atentos a outras possibilidades, como faculdade de medicina em Santana do Ipanema, Centro de Pesquisas, polo industrial do agronegócio e muitas outras alavancas para a felicidade do sertanejo. Por outro lado, não se pode ignorar o esforço do governador com seus contatos para a realização de Coruripe. Querendo argumentar somente o caso do estaleiro. E nesse caso, mesmo tinindo e endurecendo propositadamente o título da crônica, TÉO ATACA.