CAVEIRINHA E CAVEIRÕES (Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2010)      Dos colegas que estudaram comigo no curso do Antigo Admissão, l...

CAVEIRINHA E CAVEIRÕES

CAVEIRINHA E CAVEIRÕES
(Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2010)
     Dos colegas que estudaram comigo no curso do Antigo Admissão, lembro de poucos. Naquela época, ao terminar a quarta série, o aluno passava alguns meses fazendo o Admissão ao Ginásio e fazia uma prova depois para saber se ganharia uma vaga na quinta série. Geralmente o estado bancava até a quarta nos grupos escolares e, a rede cenecista atuava da quinta à oitava. A ponte era justamente o curso de Admissão oferecido em escolinhas particulares ou administrado pela própria rede cenecista que chegou antes do estado com o Curso Ginasial (quinta à oitava). Estudei esse Admissão em três lugares em Santana do Ipanema, Alagoas. Na escolinha particular de Helena Oliveira, no início da calçada alta da Ponte Padre Bulhões, depois à Rua Martins Vieira, na mesma escola, após a mudança de residência da professora. E, por fim, no prédio Batista Accioly, chamado Bacurau, onde por algum tempo, o funcionário público Agilson ministrava aulas particulares visando às provas de acesso à quinta. Lembro colegas como Serra Negra, Neubes, José Vieira, Arquimedes, Demóstenes, Édson, vulgo Caveirão e Antonio (galego Bigula) na escolinha de dona Helena Oliveira. Falar sobre cada um daria boas histórias. Entretanto, não queremos fugir ao assunto.
     Édson era filho do pacato marceneiro Lourival que trabalhava à Rua Sinhá Queirós, por trás da Usina de Beneficiamento de Algodão do industrial Domício Silva. Era comprido, magro, mais velho do que os meninos da escolinha e fraquíssimo nos estudos. Não deixava de ser, todavia, um bom sujeito. Quando não sabíamos as lições, os colegas iam embora às onze e meia e nós outros ficávamos estudando de castigo até muito além do meio-dia. Ao chegar do trabalho, o marido da professora, Celestino Chagas, pegava o saxofone e tocava acompanhado da letra composta por ele que zombava do aluno Édson. Referia-se ao apelido e a fome da hora:

"Caveirão eu quero ver
        Os grilos cantando dentro...”

      Já na década de mais ou menos setenta, apareceu um delegado de polícia na cidade, cujo apelido era Caveirinha. Falavam que os marginais tinham um receio danado das investidas do delegado Caveirinha.
     Surge agora no Rio de Janeiro, o veículo policial também chamado caveirão. Dizem que o caveirão também deu muitos sustos em bandidos, mas depois que os marginais passaram a utilizar armas de guerra, o medo do bicho foi diminuindo. E como muita gente gosta de cognomes relativos a esqueletos, é preciso inventar outro caveirão mais moderno que aguente balas de fuzis e receba nome pomposo e assustador de restos mortais. Quer dizer, se a tomada dos morros cariocas não der em nada. Sem querer ferir o mérito da invasão do Rio, prefiro a melodia sutil e zombeteira do sax do senhor Celestino Chagas:

“Caveirão eu quero ver
         Os grilos cantando “dentro...”

     Ah! CAVEIRINHA E CAVEIRÕES!

LIBERDADE (Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2010) Agradecemos aos que acessaram o nosso blog nos Estados Unidos, Geórgia, Reino Unid...

LIBERDADE

LIBERDADE
(Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2010)
Agradecemos aos que acessaram o nosso blog nos Estados Unidos, Geórgia, Reino Unido, Rússia, Colômbia e França
     Três assuntos tomaram conta da mídia na semana que passou. A invasão dos morros cariocas, pela polícia e outras forças; a luta do vice-presidente José Alencar contra o câncer e, as manobras militares nas barbas da China. Na Ásia, a Coreia do Sul já levou dois socos grandes, mas a poderosa mão chinesa vai afagando a cabeça da sua protegida Coreia do Norte. Os Estados Unidos, por sua vez, aliados da Coreia do Sul e do Japão, no primeiro momento trataram de mostrar os dentes no mar Amarelo. Desacreditado por seus fiascos no Afeganistão e a guerra desastrada no Iraque, o americano encontra agora uma oportunidade de ouro para recuperar o prestígio bélico. Tudo indica que no momento Obama vai fazer ouvidos moucos à ponderação da China que não consegue segurar seu Pit Bull. Não seria bom para os Estados Unidos ficarem somente na ameaça enquanto os amigos continuam apanhando. Essa é a vez e a hora da nação do norte recuperar o crédito às costas de Pyongyang. É lamentável para o mundo porque o conflito pode se alastrar e com bomba atômica não se brinca. O Papa vai apelando para a redução do arsenal atômico, mas nesse momento crucial na península coreana, não é à hora adequada para se falar nesse assunto. De qualquer maneira, ou agora ou amanhã ou depois, a Coreia do Norte será invadida. Sem dúvida nenhuma os interessados ricos bancarão a conta de uma ação conjunta quer queira quer não queira Pequim. Ninguém quer viver a vida inteira ameaçado. E mesmo pagando alto preço, não existe outra saída se não partir feroz contra a fonte ameaçadora. Esta semana poderá ser decisiva na Ásia diante do mundo todo interessado nos desdobramentos. É aguardar. Fazer o quê?
     Enquanto as coisas vão acontecendo por aí, José Alencar continua sua briga pela vida, esbanjando fé inabalável que supera a do médio Chico Xavier. O vice-presidente mostra como inúmeros dos nossos problemas são pequenos quando olhamos para o dele. Estamos acostumados a reclamar de tudo, até de uma topada boba no meio da rua. E se reclamamos porque não temos sapatos, ali está uma pessoa sem os pés. A figura de Alencar cresce tanto que chega a dividir o foco com o tema tão pesado que domina o Rio.
     E no estado carioca, o bem vence o mal numa ação enérgica que há muito já devia ter acontecido. Muitas histórias vão surgir ainda sobre a semana em que o Rio de Janeiro foi liberto. Mas essa vitória não ficará apenas nos morros da Penha. Foi lançado ali o símbolo da união contra o crime organizado no país inteiro. Cabe aos governadores dessa nova gestão, a mesma coragem para combater o mal em seus respectivos territórios e erradicarem de uma vez essa praga que vem roendo a nossa sociedade. Ninguém agora pode dizer que o exemplo não foi dado. E a outra ofensiva, o leitor já sabe onde deve ser e contra quem. É o grito de limpeza alertando o povo, bem lembrado no bilhete que a senhora entregou à repórter, numa caixa de fósforo. E que voe com franqueza sobre as nossas cabeças, as asas da LIBERDADE.

COPINHO (Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2010      No antigo Ginásio Santana, estabelecimento da rede Cenecista em Alagoas, havia ...

COPINHO

COPINHO
(Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2010
     No antigo Ginásio Santana, estabelecimento da rede Cenecista em Alagoas, havia um professor de Matemática chamado Genival. Para a minha idade de estudante da 5ª Série, nunca procurei saber a que família pertencia o professor. Genival era alcoólatra e quase sempre aparecia “queimado” para ministrar as suas aulas. Magro, calmo, caladão, Genival era muito querido tanto pelos ginasianos quanto pela sociedade, da qual recebera o apelido de Genival Copinho. Os responsáveis pela escola faziam vista grossa às condições etílicas do professor que, às vezes, chegava a estado lamentável. Também era difícil encontrar mestres da área de cálculos. Íamos convivendo com Genival Copinho que muito contribuiu com essa atividade em Santana do Ipanema. Os colegas ficavam pasmos diante de momentos em que o professor deixava cair o giz várias vezes durante as suas explanações. Mesmo assim, nunca houve falta de respeito mútuo. Os comentários pós aulas eram positivos: quanto mais “chumbado”, melhor eram as explicações de Genival. Na verdade, tratava-se de exagero na afirmação. E por falar em Genival, ele aparece em desfile do Ginásio, numa foto de importante livro há muito publicado sobre Santana.
     O que nos faz lembrar o professor Genival, é o compromisso que o homem deve ter com a profissão que abraça. Ou bom ou “queimado”, sempre estava ali o mestre para exercer a função de educador. É triste vermos ainda hoje, professores concursados e contratados sem compromisso algum diante dos seus alunos. Alimentam-se da verba pública do final de mês e desafia o sistema, não honrando o compromisso empenhado de quando assinou os papéis. Adultos e adolescentes já sem estímulos chegam às escolas e não encontram os mestres no prédio. Segunda, o professor avisa que não vai e, no resto da semana, nem sequer satisfação! Os pais de bons alunos chegam desesperados em procura da direção, reclamando do descaso, mas tudo continua no mesmo. É evidente que não estamos falando de justa causa da ausência. Estamos falando é da falta de vergonha mesmo. São pessoas que se recebessem um salário de rei continuariam burlando as autoridades. Esses tipos de passeadores deveriam ser denunciados pelas suas respectivas coordenarias e banidos do sistema educacional. A marginalidade inicia por aí. É por isso que a educação brasileira vai se arrastando a duras penas com os zombadores sem respeito a si próprios, sem dignidade nenhuma, que não orgulha nem aos seus familiares, nem a comunidade em que vivem. Demolidores dos sonhos da juventude e aparadores de salários. O pouco que se ganha jamais será motivo de desonrar o sacerdócio do Saber. Não compreendemos como aquele que não cumpre a sua parte consegue dormir à noite sem pesadelos. O mal profissional é uma praga que prolifera, graças à proteção de quem deveria denunciá-lo. Quanta falta faz a abnegação de muitos na figura singular do professor Genival COPINHO.