OS TRÊS DA HISTÓRIA ( Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2011). Resolvemos nessa quarta-feira Santa, mostrar um pouco da história de tr...

OS TRÊS DA HISTÓRIA

OS TRÊS DA HISTÓRIA
(Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2011).

Resolvemos nessa quarta-feira Santa, mostrar um pouco da história de três pessoas importantes para Santana do Ipanema. Nos anos sessenta, viveu à esquina das Ruas Antonio Tavares com a Tereza de Jesus, o comerciante Carlos Gabriel da Silva, conhecido como Seu Carrito. Vizinho a sua residência, resolveu montar uma bodega, bem organizada e sortida que abastecia os arredores ─ desde o Bairro São Pedro às margens do rio Ipanema. Homem franzino, bigode bem aparado, limpo e bem vestido, Carrito sempre se mostrou calmo, educado e, logo cedo se tornou um pequeno capitalista indispensável à Rua Antonio Tavares. Seu pequeno comércio era organizado e suas conversas puxavam para a religião, a política, embutidas na história do município. O ponto do negócio passou a ser uma espécie de centro dos arredores. Durante os dias de Semana Santa, o comerciante promovia brincadeiras sadias como o pau de sebo e a casa de urtiga. Tanto no cimo do mastro ensebado, quanto na pequena casa rasteira para se entrar de quatro pés, havia prêmios entre dinheiro, cigarros, doces e outros pequenos objetos. Acima da sua residência, os famosos balaústres ainda dividiam parte da Rua Nova com a Rua Antonio Tavares, naquele trecho ligado por degraus. As diversões com pau de sebo e casa de urtiga foram às últimas praticadas na cidade, assim como seu organizador foi morar em Maceió. Carrito ainda construiu à Rua Tereza de Jesus, a capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida, em 1969. O comerciante zelava também pela igrejinha de São Pedro e a igrejinha das Tocaias, periferia do Bairro Floresta. Carlos Gabriel da Silva foi pessoa muito importante, tanto por ser benfeitor, quanto comerciante e fonte de pesquisa da nossa cidade.
Euclides José dos Santos, pessoa humilde, pequeno proprietário de terras próximas ao rio Ipanema, construiu uma rua de casas modestas nas vizinhanças da residência. As pequenas casas ainda hoje, continuam alugadas às pessoas carentes daqueles arredores. Depois, com o reconhecimento do poder público, a rua ─ que havia sido batizada pelo seu fundador de Rua da Praia, por ficar à margem esquerda do rio ─ foi calçada com paralelepípedos. Seu Euclides ainda construiu uma igrejinha em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, bem na entrada da rua e, que ficou conhecida como igrejinha de Seu Euclides, aproximadamente, em 1987. Um dos seus filhos, o senhor Luiz Euclides, continuou as obras, construindo no local um campo de futebol, cercado de árvores, belo recanto para o lazer dos fins de semanas. Hoje a Rua da Praia virou comunidade e conta também, além do campo de futebol e igreja, um prédio moderno que funciona como centro comunitário.
Sobre o senhor José Quirino já falamos também sobre esse importante fazendeiro e comerciante que fundou a rua, hoje Prof. Enéas, mas que permanece sendo chamada de Rua de Zé Quirino. Quirino, comerciante e empresário, igualmente fundou a Igreja Sagrada Família, importante templo católico localizado no coração do bairro nobre Monumento, em torno do ano de 1959.
Esses homens de Santana, como não poderiam ser esquecidos, estão mais de uma vez registrados como OS TRÊS DA HISTÓRIA.
(Fonte: inédito, “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema").

AS TRAPALHADAS DA ONU (Clerisvaldo B. Chagas, 19 de abril de 2011).        O mundo sofre modificação profunda, rápida e surpreendente. No ...

AS TRAPALHADAS DA ONU

AS TRAPALHADAS DA ONU
(Clerisvaldo B. Chagas, 19 de abril de 2011).

       O mundo sofre modificação profunda, rápida e surpreendente. No caso da ONU – Organização das Nações Unidas, o tema da Líbia cai em uso de chavão brasileiro: “perdida como cego em tiroteio”. A Organização não se entende na missão sobre o território líbio. Primeiro, demorou bastante com a decisão a tomar. Segundo, essa decisão não foi unânime. Terceiro, a ação ofensiva saiu pela metade. Quarto, confiou demais nos Estados Unidos. Quinto, subestimou o homem. O resultado geral tem sido a insuficiência das ações. Enquanto demorava discutindo, a população rebelde ia sendo massacrada. Na vez que o Brasil, China, Rússia, pediam calma, a Organização partia para o ataque. A ofensiva foi apenas parcial dentro de uma estratégia, cuja dose nem dava para curar e nem matar o paciente. Os Estados Unidos, premidos pela crise financeira, cortando gastos, apertados pelas forças políticas e, definitivamente desgastados, entregaram o comando. Acostumada à liderança bélica americana, a Europa da ofensiva a Líbia, parece ter ficado tonta, desaprumando o eixo. Tantos países armados até os dentes desvalorizaram a capacidade e resistência do ditador do deserto.
       Enquanto a malfadada operação nada resolve, mais ainda penaliza a população líbia com os contra-ataques do seu guerreiro dirigente. Correm as notícias negativas contra os rebelados. Tropas de Kadhafi matam vinte e cinco em apenas dois dias em Misrata, dizem eles. Os bombardeios do governo conseguiram eliminar mil pessoas e deixar três mil feridos em cerca de sete semanas. Dizem que 80% dos mortos são civis e não poderia ser diferente. Bombas proibidas dos tipos que se fragmentam, estão sendo lançadas pelas tropas de Muammar. Nesse ínterim, o povo da Líbia que pedia ajuda externa, parece decepcionado com tudo por que fica entre o fogo do inimigo e a ineficiência dos socorristas. Só quem está presente na luta feroz do norte africano, sabe o que é ficar encurralado a mercê do adversário vendo tombar centenas de companheiros mais o horror de outras centenas de feridos. Morra quem morrer. Para Kadhafi não há ética, não há civis, não há sangue irmão. Há o poder e o “fora do poder”. Sua cartada é decisiva como um suicida prévio. Se perder, será condenado por um tribunal internacional, cuja sentença já imagina. Se ganhar, terá o prazer de afirmar que derrotou o mundo. Parece, então, conformado como homens-bomba e seus futuros maravilhosos.
       O futebol é uma escolinha danada de boa para oferecer lições. O time completo e cheio de estrelas entra em campo para golear o último da competição. Perde-se dentro das quatro linhas, sem força, sem fôlego, sem determinismo. Sai humilhado, muitas vezes, sob estrondosas vaias da torcida. Sei não! Até agora a Organização das Nações Unidas, faz lembrar Didi Mocó, personagem que bem aplaudiria AS TRAPALHADAS DA ONU.

DOMINGO DE RAMOS (Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2001).        Mais uma vez vivenciamos o início da Semana Santa, com o tão conheci...

DOMINGO DE RAMOS

DOMINGO DE RAMOS
(Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2001).

       Mais uma vez vivenciamos o início da Semana Santa, com o tão conhecido e esperado Domingo de Ramos. É ele quem relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, poucos dias antes da sua morte. O domingo é assim conhecido, por que o povo cortou ramos de árvores, folhagens de palmeira, para forrar o chão quando Jesus passava e, acenar agitando os ramos. Assim chegava Jesus saudado pelo povo que o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao filho de Davi”, “Salve o Messias”. Essa manifestação popular despertou a inveja de sacerdotes e mestres da lei, desconfiados com medo de perderem antigo prestígio e privilégio. A multidão tem esperança de que Jesus poderia libertar o povo da Palestina do jugo romano. Entendia a Jesus como um homem poderoso, cujo reino poderia ser o da própria Palestina. Tem início aí a trama para eliminar o filho de Deus. A multidão que saudava o Mestre com os ramos das palmeiras, seria a mesma levada pelo plano dos sacerdotes, para incriminar aquele a quem acabava de aplaudir. Jesus iria cumprir sua missão, submetido a um julgamento planejado, com testemunhas compradas. Vai para a humilhação moral e sofrimento físico para satisfazer o ego dos invejosos acusadores.
       Essa tradição cristã leva muitos ao recolhimento, à reflexão que a história impõe aos que gostam de observar a religiosidade. É sabido, porém, que os tempos são outros. Antes, as igrejas ficavam lotadas para a participação e a vivência nos atos solenes que lembravam as belas palavras de Jesus. Belas, mas incompreensíveis para os que não procuram refletir nos ensinamento dos Evangelhos. E se hoje algumas igrejas ainda continuam lotadas, mas nos principais dias da Semana Santa, os bares estão cheios, as bebidas vão batendo recordes de clientes e, a violência ainda impera nos dias santos como se fosse mera rotina de um aguardado feriadão. Os sons dos automóveis com tampa de mala levantada, não soam de maneira alguma a se pensar em respeito algum. Parece que as pessoas esquecem com destemor de que não trazem a imortalidade para esse mundo ou sabem de tudo, estão bem informadas, mas preferem não pensar no futuro desconhecido.
       O que será que leva o homem à indiferença pelo amanhã? Será que os compromissos inadiáveis dessa vida agitada, têm alguma coisa nessa atitude de desilusão, de desprezo, de indiferença pelo sagrado? Não falamos somente sobre a lotação de uma igreja, de um centro, de um templo, de um terreiro. Pensamos em gestos outros como a oração solitária no quarto de dormir, pelos que nada frequentam. Ou terá tempo suficiente, o homem, para falar com Deus ao sair pendido do boteco? Ah, não estamos censurando ninguém, estamos apenas refletindo em letras soltas. Ontem o mundo foi assim. Apenas assim. Sem o hoje, sem o depois. Deus não existe mesmo... Para uns. Para outros foi toda a plenitude de um DOMINGO DE RAMOS.