VIVA SENHORA SANTA ANA! Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2014. Crônica Nº 1.227 Altar da Matriz de Senhora Santa Ana, em S...

VIVA SENHORA SANTA ANA!



VIVA SENHORA SANTA ANA!
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.227
Altar da Matriz de Senhora Santa Ana, em Santana do Ipanema - AL. (Foto: Clerisvaldo).
A última noite de festa de Senhora Santa Ana, em Santana do Ipanema, Alagoas, molda mais um quadro interiorano religioso. Vindo de longa tradição os festejos relativos à avó do Cristo, sempre se dividiram entre a fé e o profano.
A praça central da cidade, encravada no comércio, defronte a Matriz da padroeira, foi pródiga nas constantes páginas de amor à santa pelos devotos do município e centenas de outros espalhados na região. Outrora marcada como a maior festa religiosa do interior alagoano, o novenário que havia perdido espaço com sua própria cria, a chamada “Festa da Juventude” ─ hoje independente, mas separada apenas por alguns dias ─ esvaziou-se. Ultimamente, porém, parece ter adquirido novo vigor num balanço contrário aos últimos anos entre as duas festas. A introdução do carro de boi no início dos festejos foi um dos responsáveis dessa nova força. Começou com apenas 300, em média, pulou para 600 no ano seguinte e há quem fale que havia mais de 2.000 desses veículos de madeira puxados por bois, neste ano da copa no Brasil. Acompanhando também à procissão, inúmeros cavaleiros vieram injetar vigor e brilho à charola de Santa Ana.
É certo que faltaram os balões de outrora, soltados por trás da casa comercial “A Triunfante”, no antigo “sobrado do meio-da-rua”; a banda de música de Penedo ou do Maestro Miguel Bulhões; as dezenas de mesas de jogos do centro ao Mercado de Carne; as gravações do parque, oferecidas por rapazes e moças aos seus admiradores na voz de Waldick Soriano, Moacir Franco, Agnaldo Timóteo; mas, a essência é a mesma na evolução das coisas.
Enquanto isso, o mês de julho vai se estirando para o seu final entre sol, frieza, chuva rala e uma seca verde que vai enganando.
A procissão de encerramento da festa de Senhora Santa Ana é, sem dúvida alguma, um dos mais belos espetáculos do sertão. O tempo promete uma ajuda extra. É quase a despedida de julho em grande estilo. VIVA SENHORA SANTA ANA!
* Foto extraída do livro inédito do autor: "227". Em breve no mercado.

MORCHE: VOVÔ JEJÊ-NAGÔ Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2014. Crônica Nº 1.226 Morche. Capa de trás, de livro. Tive o pr...

MORCHE: VOVÔ JEJÊ-NAGÔ



MORCHE: VOVÔ JEJÊ-NAGÔ
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.226
Morche. Capa de trás, de livro.
Tive o prazer de receber em minha residência, a visita do grande escultor santanense, hoje radicado em Blumenau, Santa Catarina, Marcel Ricardo de Almeida. Isso veio trazer a lembrança da época em que trabalhávamos no Encarte Jornal do Sertão, quando fui o redator do matutino, Marcel e Roberval Ribeiro, diagramadores. Trazendo notícia daquele estado do Sul, Marcel falou-me dos seus irmãos, hoje escritores Marcello Ricardo Almeida e Morche Ricardo Almeida, cuja família dedicou-se às letras e às artes, vencedores longe do Nordeste.
Vou debulhando trabalhos presenteados pelo escultor como “O Dente Cariado de Monalisa” e mais um ensaio do ex-companheiro de jornal (gerente de vendas) Marcello Ricardo. Do escritor Morche, vieram juntar-se à “Bruxa do Ribeirão”, da sua autoria, “A Pândega do Boi”, o programa oficial da 20ª Feira do Livro, realizado em Florianópolis, com a participação do escritor de Santana e mais um mini folheto que conta a origem do mundo visto através do povo africano. Este último trabalho, leva o título de “Vovô Jejê-Nagô e o mito afro-descendente dA ORIGEM DO MUNDO”. É que o amigo Morche é historiador e africanista em Blumenau e vive no ambiente da Educação e nos salões da Literatura.
“A Pândega do Boi” é um livro destinado a cinco contos, puxados pelo “Pândega” que trata da tão conhecida nacionalmente “farra do boi”.
Faz parte da literatura dos Almeida, também, a mãe dos escritores acima, Maria do Socorro Farias Ricardo, que resolveu enveredar pelas misteriosas e gratificantes veredas literárias, acompanhando os batedores.
O resultado é que a família produziu livros para todos os gostos, porém, o Marcel preferiu trabalhar na madeira. Suas obras são vendidas para vários países e, o escultor trabalha sob encomendas. Lembro-me que entrevistei Marcel e Maria do Socorro quando dispunha de um programa (Forró da Academia), na Rádio Cidade, em Santana do Ipanema.
Sucesso para todos os que fazem a família Almeida na pessoa do Morche e seu VOVÔ JEJÊ-NAGÔ.



BOI DA CARA PRETA Clerisvaldo B . Chagas , 22 de julho de 2014. Crônica Nº 1.225 (bumba-meu-boi.blogspot.com). Recentemente...

BOI DA CARA PRETA



BOI DA CARA PRETA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2014.
Crônica Nº 1.225

(bumba-meu-boi.blogspot.com).
Recentemente, em uma roda de amigos, foi abordado o tema: aplicações de hormônios em carne de frango e, outros assuntos semelhantes que fizeram acumular boa quantidade de escuros vasilhames sobre a mesa.
Contei que essa desconfiança em relação à carne é até bem antiga. Nos anos sessenta correu o boato no Brasil que o homem não deveria comer do boi de Minas Gerais, justamente por causa de certos tipos de injeções nos rebanhos, daquele estado. Em Santana do Ipanema, mesmo, compadre, lá no sertão de Alagoas, as mulheres andavam preocupadas e os marchantes eram interrogados constantemente sobre a origem das reses abatidas. As senhoras tinham um medo danado de que os respectivos maridos extinguissem o vigor sexual. E o pior: virassem coluna do meio.  
Para esquentar o boato, chegou um sujeito à cidade e foi morar na Rua Nova. Era um cinquentão, tinha a cara quadrada, cabelo de índio, fumava bastante e, parece-me que se relacionava com música. Logo chegou o Carnaval e o sujeito improvisou um bloco que ele mesmo comandava, tocando violão à frente e, a “bebaria” pulando atrás. Sempre pensei que a composição fosse dele, mas em recente pesquisa, descobri que os autores eram: Paquito/Romeu Gentil e José Gomes. Foi cantada por vários cantores, como marchinha de carnaval, inclusive pelo grande Jackson do Pandeiro:

“Olha o boi da cara preta…
Olha o boi da cara preta… (Menino)
Olha o boi da cara preta…
Olha o boi da cara preta…

Coitado do Valdemar…
Tá dando o que falar…
Comeu carne de boi e falou fino…
E deu pra se rebolar… (Que azar).”

Vocês imaginem como ficaram as interrogações no Mercado de Carne e no curral do abatedouro!
Cinquenta anos depois desses vexames, volta à tela o produto que transforma o macho em pirobo (ô). Montado no presente e espiando o passado, com licença:

Olha O BOI DA CARA PRETA, aí gente!