O SOBRADO DO MEIO DA RUA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de outubro de 2017                                      Escritor Símbolo do Sertão A...

O SOBRADO DO MEIO DA RUA

O SOBRADO DO MEIO DA RUA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de outubro de 2017
                                     Escritor Símbolo do Sertão Alagoano                                    
Crônica 1.767

O chamado pelo povo, “sobrado do meio da rua”, em Santana do Ipanema, Alagoas, era muito elegante na sua arquitetura. Construído no tempo de vila para fins comerciais, funcionava com três lojas no térreo e um salão total que ocupava o primeiro andar. Nos anos sessenta, as três lojas eram ocupadas da seguinte maneira: Na cabeça mais baixa, o comerciante José Constantino e depois Manoel Constantino, negociando com armarinho. No meio, Arquimedes, com vendas de autopeças e, na cabeça mais alta, Abílio Pereira de Melo negociando com armarinho. A casa de José Constantino era chamada “A Triunfante”. A de Abílio Pereira, “Casa Atrativa”. As três lojas do sobrado tinham as portas voltadas para a Praça Manoel Rodrigues da Rocha, como fundos, estando sempre fechadas. Nos fundos do “sobrado do meio da rua”, acontecia nas festas da padroeira à soltura de balões e as armações da onda e do curre. O curre era o carrossel, a onda, mais rústica, era uma tábua grande e redonda segura por vergalhões num mastro central e que rodava perigosamente com dezenas de pessoas sentadas. Um sanfoneiro tocava perto do mastro central à luz de um candeeiro. Os foguetes eram soltos no Beco São Sebastião.
No primeiro andar do sobrado, funcionou de acordo com a época, colégio, teatro, cinema e até o Tribunal do Júri. Era grande atração os debates que aconteciam entre advogados e promotores durante os julgamentos. Ninguém queria perder a contenda entre o advogado Aderval Tenório e o promotor Dr. Fernando. Combates de estremecer o prédio.
Entre a parte considerada da frente e o prédio vizinho denominado “prédio do meio da rua”, formava-se o espaço onde funcionava a feira do fumo, aos sábados. As tardes carnavalescas também eram realizadas neste mesmo espaço quando uma orquestra tocava para todos. Ao mesmo tempo em que estava havendo a folia entre os dois casarões, estava também havendo Carnaval para jovens e crianças no salão do Tênis Clube Santanense. A Casa “Rainha do Norte”, loja de tecidos do empresário Tibúrcio Soares, ficava ao fundo e vendia tudo para Carnaval: confete, máscaras, lança-perfume e tudo o mais.
Primeiro foi demolido o prédio do meio da rua, depois o sobrado do meio da rua teve o mesmo destino. O vazio, antes ocupado pelos dois edifícios, fez um amplo silêncio de perda e de morte na tradição santanense.



OS SEGREDOS DE SANTANA DO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.766 ...

OS SEGREDOS DE SANTANA DO IPANEMA


OS SEGREDOS DE SANTANA DO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.766

RAVINA NO JOÃO GOMES.  Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).
Vez em quando vamos revelando os segredos da Geografia e da História de Santana do Ipanema. Eles estão no CPF do município, “Ipanema um Rio Macho”; na identidade municipal, “230, Monumento Iconográfico aos 230 anos de Santana do Ipanema”; e no seu DNA, “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”. Vamos revelar hoje um acidente geográfico que os professores não conhecem e nunca foram lá. Trata-se da “ravina” do riacho João Gomes, localizada a três km do centro da cidade, na Al-130. A ravina muitas vezes confunde-se com os nomes: canyon ou cânion ou canhão, vala, ribanceira, riba, voçoroca, desfiladeiro, abismo.
A ravina é formada pelo fluxo de água doce em rios intermitentes, sobre determinado tipo de terreno. O riacho João Gomes, tem percurso pequeno, nasce, escorre e tem a sua foz ou barra no rio Ipanema, tudo dentro do próprio município. Ao cortar a AL-130, forma sua ravina pequena, profunda e bela, escondida dos passantes. Contemplar a ravina de cima da ponte estreita é um perigo, iminente e real devido ao tráfego intenso da AL. Por outro lado, a vegetação exuberante das margens, impede a visão. Existem árvores com mais de vinte metros margeando.  A ravina está situada em área de reserva e o riacho deve ter levado milhares de anos para escavá-la na rocha viva e deixá-la como hoje é vista com cerca de 15 ou 20 metros de altura por 10 a 12 de largura. Caminhar pelo fundo do canhão dá um prazer imenso para os pesquisadores. Infelizmente os nossos professores da área, não são estimulados para as pesquisas de campo.

O riacho Camoxinga também forma uma ravina perto da foz, no local denominado Ponte do Urubu. Entretanto, é uma ravina escavada em terreno plano e arenoso, inclusive nas próprias areias trazidas através de milhares de anos pelo riacho e acumuladas em toda a área da Ponte do Urubu. Já está em nosso livro “Repensando a Geografia de Alagoas”. Esta semana estaremos oferecendo palestra, seminário e aulas vivas, sobre a nossa história e geografia para escolas, empresas e a quem se interessar, em termos profissionais. Trata-se da equipe FOCUS BINARIUS. Caso haja interesse, enviar email: (clerisvaldodaschagas@gmail.com).

TEATROS GREGOS E SANTANENSES Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.765 Sobr...

TEATROS GREGOS E SANTANENSES

TEATROS GREGOS E SANTANENSES
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.765

Sobrado do meio da rua. Santana do Ipanema.
“O teatro grego nasceu de uma festa religiosa e cívica em homenagem ao seu deus Dionísio, o mais jovem deles. O ponto alto dessa festa era o concurso de teatro. As peças eram representadas ao ar livre, em um mesmo dia. Eram encenadas várias peças. Os espetáculos começavam pela manhã e reuniam milhares de pessoas. Todos eram incentivados a comparecer aos espetáculos teatrais. Os pobres podiam assistir gratuitamente. Em Atenas, todas as atividades eram interrompidas em dia de espetáculo. Os autores teatrais gregos escreveram peças que continuam sendo montadas hoje no mundo inteiro. Os gregos foram os inventores de dois gêneros teatrais consagrados: a Comédia e a Tragédia. A tragédia grega tinha como tema a mudança drástica do destino das pessoas. Já a comédia recorria aos costumes e aos políticos”.
·         JÚNIOR, Alfredo Boulos. História, Sociedade e Cidadania. FTD, São Paulo, 2015. Págs. 236-237.

Em Santana do Ipanema, cidade polo do sertão alagoano, tivemos três teatros em sua história. O primeiro foi fundado pelo coletor federal e maestro, Manoel Vieira de Queirós, ainda nos tempos de vila. Recebeu o nome de “Sociedade Musical Dramática Santanense” e funcionou no primeiro andar do “sobrado do meio da rua”. O segundo teatro de Santana, no início da década de vinte, foi fundado por Valdemar Lima, José Limeira Filho e João Fialho. Funcionava no mesmo local do primeiro. O terceiro teatro da cidade foi fundado em 1952, pelo, então, universitário, Aderval Wanderley Tenório, denominado “Teatro de Amadores de Santana”. O “quarto teatro e último de Santana do Ipanema foi fundado por Clerisvaldo Braga das Chagas e Albertina Agra com o nome de “Teatro de Amadores Augusto Almeida”. Funcionava no auditório do Ginásio Santana com a cortina vinho do terceiro teatro. O vestígio encontra-se em foto com o nome na fachada (livro: “230 Monumento Iconográfico aos 230 anos de Santana do Ipanema” que será lançado em breve); e também no gradeado – visto por quem passa e presta atenção – nas duas janelas do auditório, feito pelo marceneiro Antônio d’Arca e pintado por Clerisvaldo Braga das Chagas.

Infelizmente todos tiveram vida efêmera. Os detalhes estão no livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema” cujo autor procura fontes alternativas para publicação do maior documentário jamais produzido no interior alagoano. (1771-2006).